segunda-feira, 12 de maio de 2008


THE NATIONAL
Aula Magna, Lisboa, 11 de Maio de 2008

Não deve ser fácil para uma banda dar início a um concerto esgotado num amplo e magnífico anfiteatro a rebentar de expectativa. Logo a abrir, sentiu- se este constrangimento, com o vocalista Matt Berninger a brincar com o facto de parecer estar nas Nações Unidas a impor sanções, tipo Colin Powell como foi referido, perante uma plateia sentada e expectante! Contudo, as únicas e eventuais penas, nunca foram obviamente sentidas. Pelo contrário, os argumentos apresentados transformaram o momento numa assembleia participada, sentida e consensual - os National são já um caso sério de popularidade merecida e reconhecimento international. Baseado em “Boxer”, disco imenso e talvez insuperável, o concerto de ontem, o primeiro em nome próprio numa sala portuguesa, provou a força e vitalidade de praticamente todos os temas que a maioria sabe (já) de cor. Com excepção do esquecido “Guest Room”, as canções de “Boxer” apresentadas, surgem ao vivo ainda mais consistentes, provocando reacções imediatas e incontornáveis. Perante um fulgurante começo onde soaram “Brainy”, “Mistaken for Strangers” ou “Squalor Victoria”, nas cadeiras e cadeirões da Aula Magna já não havia praticamente ninguém sentado pois o ritmo impunha balanço e dança. Em “Fake Impire” (faltou tal conjunto de metais prometido..), que “Apartment Story” (lindo!) tinha momentos antes ensaiado, uma espécie de coro colectivo preencheu o local, aproximando ainda mais público e músicos. A tensão positiva crescente era cada vez mais notória e talvez por isso, em “Mr. November” Berninger não resistiu, saltou para a plateia e por cima das cadeiras das primeiras filas, agarrado por uma massa humana em delírio mas respeitadora, gritou repetidamente “I'm Mr. November, I won't fuck us over”... Referência ainda para os muitos momentos arrepiadamente calmos como “Green Gloves” ou “Start A War”, pérolas de absorção instantânea inevitável. Ou seja e sem deslumbramentos balofos, mais um grande concerto na Aula Magna, o que é já usual, experiência que queremos ver repetida e se possível melhorada, em Julho próximo em Guimarães. Para aí, berço da Nationalidade e em cenário arrebatador, a fasquia está bem alta!

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