domingo, 1 de julho de 2012

DARKSIDE + MATTHEW HERBERT, Clubbing, Casa da Música, Porto, 30 de Junho de 2012

Poucas vezes nos últimos tempos a noite e madrugada da CDM terão valido tanto a pena. Dois nomes, Nicolas Jaar e Matthew Herbert, como atracção principal e a electrónica inteligente como fio condutor. A sala Suggia, contudo, continua a não ser o melhor palco para a dança implícita ao termo clubbing e só mesmo no final da actuação dos Darkside alguém começou por arriscar balançar-se na frente do palco, levando finalmente a que agitação se multiplicasse. Nicolas Jaar e o guitarrista Dave Harringnton, ou seja os tais Darkside, bem mereceram a distinção, mas metade da plateia permaneceu inexplicavelmente sentada! É que o duo arrasou na sua receita de atmosfera densa, polvilhada por guitarradas a preceito, um som sedutor que convidou ao movimento. Talvez muitos tivessem amuado porque não houve o "El Bandido"... 
Quanto a Matthew Herbert, esta foi, sem dúvida, mais uma passagem histórica pelo Porto. O projecto experimental "One Pig", o terceiro de uma série propositadamente idealizada para a reinvenção sonora do músico inglês, tem na vida animal e na sua manipulação pelo o próprio homem, ao jeito de negócio, um intencional motivo sócio-político. Em palco, o espectáculo ganhou, como sempre, contornos de perfomance artística, entre fardos de palha, batas brancas e o habitual cozinheiro, tudo em torno da vida de um porco de cativeiro, dos seus grunhidos e morte até, obviamente, à sua redução a um prato de comida. Como peça central há um género de ring ladeado por fios esticados por um dos músicos na maior parte do tempo para funcionarem como condutores/imitadores dos tais grunhidos que, mês a mês, permitem aos restantes elementos enredarem outros sons. A instalação/instrumento, por assim dizer, recebeu no seu interior, num momento apoteótico, a totalidade do colectivo no mês de Janeiro para a tradicional e dissimulada matança do porco. Depois, já com o cozinheiro fornecido de géneros em palco, que envolveu até o serrar de um osso porcino verdadeiro, o cozinhado foi-se sentindo no ar até ser distribuído com rápido sucesso pela plateia já depois do final. Do concerto, tal como supostamente do jantar/ceia, dir-se-ia que "estava óptimo", uma enorme, é irresistível, "porcaria"! 







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