sexta-feira, 30 de dezembro de 2016
HALF WAIF PARA LÁ DO MARÃO!
Não podíamos acabar o ano sem a notícia, por antecipação, de um concerto inédito por perto - dia 2 de Fevereiro próximo a cidade de Vila Real recebe a visita exclusiva do projecto de Brooklyn Half Waif no âmbito da digressão europeia e que só em Espanha tem seis datas anunciadas! A oportunidade servirá para a promoção do álbum "Probable Depths", o segundo e excelente longa duração editado no corrente ano, e também para a estreia de algumas canções novas que caberão num EP a sair por essa altura. Promete!
FAROL #124
O canal americano por cabo Adult Swim é, como sugerido, uma plataforma televisiva dirigida a um público adulto, desempoeirado e, acima de tudo, informado. A comédia, o drama, a paródia ou a música são conteúdos conexos usados de modo experimental e arrojado como convêm. A partir de Maio passado e repetindo o projecto de 2015, o canal passou a editar uma série de singles em formato digital que somou trinta e um convites a artistas de diversas tendências e sonoridades com adesões de gente diversa como Ryan Hemsworth, Jenny Hval, Protomartyr ou Run The Jewels, entre muitos outros. A valente compilação em que cada tema tem uma capa de design diferente, pode e deve ser destapada por um simples click...
OLHA QUE DOIS!
A afamada loja inglesa Rough Trade elegeu "Post Pop Depression" de Iggy Pop como o disco do ano e, como resposta, recebeu um convite do artista para uma descontraída visita à sua casa de Miami a que se juntou o amigo Thurston Moore para umas bebidas frescas (em copos dos Stooges!) e muita e saborosa conversa. Houve ainda tempo para uma jam só para desenferrujar... Imperdível!
quinta-feira, 29 de dezembro de 2016
PERFUMES (CAROS) DE GÉNIO!
A tendência de convidar artistas ditos alternativos para sonorizar spots ou campanhas de marcas consagradas da gama luxuosa acentuou-se nos últimos tempos sendo o exemplo da Burberry inglesa um caso paradigmático - depois de Benjamin Clementine o convite recaiu recentemente sobre Keaton Henson que, trajando um imponente casaco, aderiu à série acústica da marca com uma solitária rendição do tema "No Witness", tendo o seu clássico "La Naissance" servido de base sonora para campanha da marca lançada em Setembro passado. Na altura, o desfile de apresentação numa casa antiga do Soho londrino contou com a execução ao vivo pela London Simphony Orchestra do magnífico EP "Reliquary" composto em exclusivo pelo inglês Illa Eshkeri e que foi devidamente lançado via iTunes! Quem pode, pode...
Outro nome associado comercialmente a uma gama alta de produtos é o norte-americano Mike Hadreas que nos habituamos a admirar pelo nome de Perfume Genius. Primeiro foi a Prada a pagar os direitos e não só do clássico "Can't Help Falling In Love" de Elvis Presley de que Hadreas fez uma excelente cover para o spot, claro, do perfume "La Femme e L'Homme" e que continua ainda disponível para download gratuito! Agora é a japonesa Toyota a investir numa campanha de fim-de-ano para a qual utilizou um argumento a puxar ao "sentimento" e onde se faz ouvir "Normal Song", um dos pontos altos do seu segundo disco chamado "Put Your Back N 2 It". Só bom gosto...
Outro nome associado comercialmente a uma gama alta de produtos é o norte-americano Mike Hadreas que nos habituamos a admirar pelo nome de Perfume Genius. Primeiro foi a Prada a pagar os direitos e não só do clássico "Can't Help Falling In Love" de Elvis Presley de que Hadreas fez uma excelente cover para o spot, claro, do perfume "La Femme e L'Homme" e que continua ainda disponível para download gratuito! Agora é a japonesa Toyota a investir numa campanha de fim-de-ano para a qual utilizou um argumento a puxar ao "sentimento" e onde se faz ouvir "Normal Song", um dos pontos altos do seu segundo disco chamado "Put Your Back N 2 It". Só bom gosto...
segunda-feira, 26 de dezembro de 2016
sábado, 24 de dezembro de 2016
sexta-feira, 23 de dezembro de 2016
SINGLES #42
JOSÉ AFONSO - Natal dos Simples
Portugal: Orfeu, ATEP 6356, EP 45 RPM, 1969
A história desta canção de José Afonso foi já devidamente contada e recontada, um trilho que a revista Visão fez o favor de percorrer no primeiro mês de 2016, o tal onde se cantam as Janeiras. "Vamos Cantar As Janeiras"... este verso tantas vezes ensaiado em plena sala de aula da primária ficou-nos sempre na memória e a insistência na prática tinha um propósito: um coro colectivo de miúdos e miúdas de bata branca reunidos à volta de uma árvore de Natal no átrio frio da escola de soalho de madeira, muita timidez e, com sorte, um beijinho da professora e votos de "Bom Natal"! Longe do pensamento estavam preocupações sobre quem era o autor da canção, as suas conotações políticas ou outras subtilezas líricas já que, mesmo sem direito a qualquer presente ou sequer um docinho, o importante é que o período de férias estava à porta e as brincadeiras com os primos e amigos da rua já tardavam. O tema tornou-se um tradicional de época e logo em 1970 a própria Amália Rodrigues não resistiu a gravar uma versão mais ligeira e orquestrada que faria parte de um single e a que no lado B acrescentou "Balada do Sino", um outro original de Afonso incluído neste EP ao lado do tema título, de "O Cavaleiro e o Anjo" e "Saudadinha". Tirando este último, os temas estavam presentes no disco "Cantares de Andarilho" que marcou em 1968 a ligação a Arnaldo Trindade e à ORFEU e onde José Afonso, acompanhado simplesmente pela viola de Rui Pato, apostou na recuperação de formas mais tradicionais da música portuguesa. O single EP é hoje uma raridade ainda bem valorizada e é também conhecido como "José Afonso Óscar da Imprensa" já que na contracapa se faz alusão, bem impressa, a esse prémio que recebeu por parte da Casa da Imprensa em 1969 relativo ao melhor álbum com o referido "Cantares de Andarilho". A partir daqui o envolvimento político torna-se irreversível e à simplicidade de uma guitarra e voz passam a juntar-se outros instrumentos, outros cantores, uma maior sofisticação da composição e produção e uma cada vez mais fina malha de vigilância política. Para trás e para todo sempre a ecoar na nossa escola ficará o eterno
Pam-pararan-ri-ri
Pam-pararan-ri-ri
Pam, pam, pam, pam...
quinta-feira, 22 de dezembro de 2016
AGNES OBEL, MAGIA AO VIVO!
A lindíssima Agnes Obel passou em Setembro por Paris para a apresentação do terceiro álbum "Citizen of Glass" e o momento foi devidamente registado pelo canal Arte no cenário imponente do Collège des Bernardins, um edifício do Século XIII pertinho do Sena e com uma programação cultural assinalável. Perfeita magia!
quarta-feira, 21 de dezembro de 2016
3x20 ESPECIAL 2016
20 CANÇÕES X 20 ÁLBUNS X 20 CONCERTOS
+ 10 Low + 10 High 2016
Do nosso 2016 elegemos isto... e já não é pouco!
20 Canções:
1. THE DIVINE COMEDY - To the Rescue »
2. DRUGDEALER - Suddenly »
3. CASS McCOMBS - Opposite House »
4. KEVIN MORBY - Drunk and on a Star »
5. THE LAST SHADOW PUPPETS - Aviation »
6. JULIANNA BARWICK - Beached »
7. WHITNEY - No Woman »
8. RYLEY WALKER - The Roundabout »
9. BIG THIEF - Interstate »
10. LAURA GIBSON - Not Harmless »
11. ANGEL OLSEN - Those Were the Days »
12. DAVID BOWIE - Dollar Days »
13. CAR SEAT HEADREST - Drunk/Killer Whales »
14. METRONOMY - Night Owl »
15. ANDY SHAUF - Eyes of Them All »
16. HOPE SANDOVAL & THE WARM INVENTIONS - Let Me Go There (feat. Kurt Vile) »
17. THE STROKES - Oblivious »
18. PETER BRODERICK - Sometimes »
19. BAT FOR LASHES - Sunday Love »
20. FOXYGEN - Follow the Leader »
20 Álbuns:
1. KEVIN MORBY - Singing Saw
2. DAVID BOWIE - Blackstar
3. BIG THIEF - Masterpiece
4. RYLEY WALKER - Golden Sings That Have Been Sung
5. JULIANNA BARWICK - Will
6. ANGEL OLSEN - My Woman
7. CASS McCOMBS - Mangy Love
8. LAURA GIBSON - Empire Builder
9. RADIOHEAD - A Moon Shaped Pool
10. WHITNEY - Light Upon the Lake
11. THE DIVINE COMEDY - Foreverland
12. ANDY SHAUF - The Party
13. JESU/SUN KILL MOON - Jesu/Sun Kill Moon
14. DRUGDEALER - The End of Comedy
15. BADBADNOTGOOD - IV
16. DEVENDRA BANHART - Ape In Pink Marble
17. CASE/LANG/VEIRS - Case/Lang/Veirs
18. ALEX CAMERON - Jumping the Shark
19. WEYES BLOOD - Front Row Seat To Earth
20. LEONARD COHEN - You Want It Darker
20 Concertos:
1. BRIAN WILSON, Primavera Sound, Porto, 10 de Junho »»
2. CAR SEAT HEADREST, Primavera Sound, Porto, 11 de Junho »»
3. KEVIN MORBY, Auditório de Espinho, 25 de Novembro »»
4. WILCO, Palácio de la Opera, A Coruña, 29 de Junho »»
5. PETER BRODERICK, Casa da Música, Porto, 3 de Novembro »»
6. SCOTT MATTHEWS, Casa da Criatividade, São João da Madeira, 28 de Outubro »»
7. ALEX CAMERON, Café Au Lait, Porto, 20 de Outubro »»
8. CATE LE BON, Primavera Sound, Porto, 11 de Junho »»
9. WEYES BLOOD, CCVila For, Guimarães, 3 de Dezembro »»
10. LAURA GIBSON, CAV, Coimbra, 16 de Setembro »»
11. PJ HARVEY, Primavera Sound, Porto, 10 de Junho »»
12. ORCHESTRA OF SPHERES, Teatro Rivoli, Porto, 3 de Junho »»
13. ALEX ZHANG HUNTAI, DAVID MARANHA, GABRIEL FERRANDINI, Serralves em Festa, Porto, 5 de Junho »»
14. JULIANNA BARWICK, GNRation, Braga, 28 de Novembro »»
15. HEATHER WOODS BRODERICK, Convento de São Francisco, Coimbra, 18 de Novembro »»
16. CASS McCOMBS, Primavera Sound, Porto, 10 de Junho »»
17. KRISTIN McCLEMENT, O Meu Mercedes..., Porto, 4 de Abril »»
18. WILD NOTHING, Primavera Sound, Porto, 9 de Junho »»
19. HANNA HEPPERSON, Maus Hábitos, Porto, 13 de Outubro »»
20. JACCO GARDNER, CCVila Flor, Guimarães, 23 de Janeiro »»
10 Low:
. a imprevisibilidade explosiva de uma Trumpalhada;
. a fatal arrogância tuga de um ministro da cultura ;
. a confusão brasileira a cheirar a golpe num país adiado;
. o cartaz fraquinho, fraquinho de Paredes de Coura;
. um incómodo Nobel literário;
. a lenta e tardia saída inglesa da UE;
. a confusão anárquica do trânsito na baixa do Porto;
. a degradante prisão de um fugitivo em directo televisivo;
. a quase extinção da crítica musical no "Ipsilon/Público";
. George Martin, Prince, Sharon, Cohen, Bowie... Peace!
10 High:
. o minuto 109, o chuto do Éder, o delírio colectivo, o melão francês;
. um presidente da república em modo pop eficaz;
. a conversa e os autógrafos com os seis Wilco, finalmente;
. o novo homem ONU, um português de consensos... esperemos;
. a polémica José Cid vs Bragança de que já ninguém se lembra;
. a menina Cate Le Bon no Parque da Cidade... uau!
. ter os famosos Miró depositados, mas à vista, na cidade;
. a boa onda colectiva embalada pelas canções de Brian Wilson;
. o regresso do bom vinil à radio pela mão de Joaquim Paulo/Antena3;
. a chegada serena dos 50 entre amigos e família!
terça-feira, 20 de dezembro de 2016
PRIMAVERA SOUND PORTO: OS NOMES!
Vejam o filme rodado na Invicta e descubram os nomes para o próximo Primavera Sound Porto! Algumas boas surpresas e, como sempre, algumas desilusões. Check!
segunda-feira, 19 de dezembro de 2016
sexta-feira, 16 de dezembro de 2016
JULIA HOLTER, PRIMEIRA SESSÃO!
A reputada casa inglesa Domino Records tem para o novo ano uma grande aposta - uma série de discos reunidos sob o nome de "Documents" onde alguns artistas do seu catálogo são registados em actuações ao vivo de grande qualidade e fidelidade mas sem a presença de público. A inspiração provem das clássicas BBC Sessions e os takes são resultado de um ou dois dias num estúdio londrino tal como acontece com o primeiro volume a editar no final de Março. A escolhida foi Julia Holter que em Agosto passado juntou a banda no lindíssimo Rak Studios para uma colecção de, pelo menos, dez canções sob o título de "In The Same Room", nome de um original saído no álbum "Ekstasis" de 2012. Aqui fica um primeiro e inebriante avanço...
MERCADO 48, DOIS ANINHOS!
O Mercado 48 na Rua da Conceição está a comemorar o segundo aniversário e depois do Chico Ferrão no passado sábado, chegou a nossa vez de tirar o pó aos discos entre compras únicas e lindas e um copito para aquecer. Haverá ainda a oportunidade de apreciar as novas ilustrações da amiga Cristina Costa, o que é sem dúvida um privilégio. Apareçam, é já amanhã!
JOSH ROUSE SEM PROBLEMAS!
O regresso já por aqui anunciado de Josh Rouse aos EP's inclui a fabulosa versão de "Trouble", original de Lindsey Buckingham dos Fletwood Mac editado em 1981, que Rouse tinha somente incluído num single de vinil saído a meias com os The Autumn Defense em 2014. Um clássico nada problemático de um verdadeiro clássico!
quarta-feira, 14 de dezembro de 2016
RE(LIDO) #79
LÍRICAS COME ON & ANAS
de Rui Reininho. Lisboa; Editora Palavra, 2006
Agora que os GNR perfazem a bonita idade de 35 anos já comemorados ao longo dos últimos meses com concertos seleccionados, agora que está prometida mais uma incursão apoteótica para o Coliseu do Porto marcada para Fevereiro, agora que até já regressamos em Março passado a um dos seus concertos de apresentação do mítico álbum "Psicopátria", agora que há já uma biografia oficial a que ainda não deitamos o olho, estava na hora de tirar da prateleira este livrinho! Comprado ao desbarato numa daquelas tendas livreiras instaladas junto ao metro ou comboio, a edição reúne as líricas que Rui Reininho foi inventando para as canções dos GNR desde o "Independança" de 1982 até "O Lado dos Cisnes" de 2002, uma colectânea notável de ironia, sarcasmo, humor e amor de um "poeta da canção" sem igual no que à pop portuguesa diz respeito. Impressas em papel couché que imita os antigos cadernos antigos de 30 linhas, foi ainda com surpresa e muito prazer que relemos as letras de muitas das canções que fomos durante largos anos trauteando em dezenas de espectáculos do grupo e que, instantaneamente, cantarolamos baixinho enquanto mudamos de página. Descobrimos, entretanto, muitas outras líricas de cançonetas mais recentes e que, por termos "desligado" dos discos desde "Valsa dos Detectives" em 1989, acabamos por só agora dar mais atenção - gostamos particularmente de um "Digital Gaia" em que quase nos reconhecemos... A veia poética e literária de Reininho é, por isso, uma torrente assinalável de modernidade e que, para o bem e para o mal, marcou uma certa "portugalidade" pop-rock que deixou marcas em várias gerações, principalmente aquela como a nossa que viu a banda passar dos pequenos palcos (o da noite na discoteca "Dacasca" ali para os lados de Esmoriz ficou-nos sempre na memória) para os estádios esgotados. Um percurso de proximidade, da Rua do Heroísmo até à Granja ou Leça, que esta obra ajuda a recordar de forma agradável e a que se junta uma segunda parte chamada "Retrato incompleto da vida do poeta enquanto estrela pop, a partir de recortes escolhidos mais ou menos ao acaso" em que se dá conta de uma série de fotografias, recortes de imprensa ou entrevistas de um artista ainda e sempre imprevisível e incontornável. Um verdadeiro camone...
domingo, 11 de dezembro de 2016
domingo, 4 de dezembro de 2016
WEYES BLOOD, CC Vila Flor, Guimarães, 03 de Dezembro de 2016
Demorou algum tempo a encontrar o caminho certo para um concerto de Weyes Blood! As anteriores visitas a Braga e Vila Real escorregaram-nos "entre os dedos" e desta vez não podíamos falhar a oportunidade dourada de uma data em nome próprio logo agora que há um magnífico disco para apresentar - "Front Row Seat to Earth" de 2016 - em suporte banda. A jovem Natalie Mering reúne todos os condimentos para um estrelato justo e merecido - grandes canções, líricas imagéticas e atraentes, uma voz cristalina e doce, uma sóbria e sábia presença em palco, todo um conjunto que arrasta uma dose certa de mistério e magia. Tudo isto foi rapidamente confirmado no pequeno auditório do espaço nobre de Guimarães, uma noite de final de tournée intensa e cansativa e, coindidência, de audiência sentada mais que pronta para o recital. O reportório desfiado quase seguiu o alinhamento do mais recente álbum, havendo ainda tempo para a recordação de alguns (já) clássicos como "Hang On" ou "Bad Magic", ficando para os encores em registo a solo e de guitarra em punho mais dois monumentos obrigatórios: "In the Beginning" e o arrepiante "Cardamom" a que se juntou uma extraordinária versão de "A Certain Kind", canção que Robert Wyatt escreveu para a estreia dos Soft Machine em 1968. Uma fascinante viagem sonora que prova o talento de uma artista sedutora que urge descobrir e divulgar sem rodeios. Cá a esperamos na primeira fila, possivelmente sentada e relvada, do principal festival da Invicta na Primavera...
Fotografias: Nuno Mendes / Luzimentos
sexta-feira, 2 de dezembro de 2016
(RE)VISTO #66
GIMME DANGER
de Jim Jarmusch. EUA, 2016.
porto/post/doc, Teatro Rivoli, 30 de Novembro de 2016
A admiração de Jim Jarmusch por Iggy Pop e pela sua figura revolucionária do pré-punk americano conduziu-o na aventura de realizar um filme sobre o assunto. Já o tinha feito com Neil Young em 1997 com "The Year of The Horse" sem grandes deslumbramento mas com enorme competência e, por isso, mais valia não arriscar demasiado. Concentrando a narrativa no período mais febril da banda iniciado em 1969 com o primeiro disco homónimo e o derradeiro "Raw Power" de 1973 e com esse monumento chamado "Fun House" de 1970 pelo meio, Jarmusch põe literalmente Iggy Pop a falar em nome próprio sobre os altos e baixos de um trajecto intenso, rápido, demasiado rápido, dos The Stooges, uns estarolas sem freio, sem medo e no fio da navalha do rock. Um perigo instalado numa época de "paz & amor" a precisar de rompimento, agressividade e assalto a um mundo da música demasiado comodista - banda nova, bons concertos, contrato imediato, vender muitos discos e... lucro! Iggy Pop, personagem que sempre nos sugeriu inexplicavelmente alguma antipatia, cedo tentou não se amarrar a este status quo dito capitalista e a ousadia teve obviamente consequências que são relatadas naturalmente e até de forma humorística em testemunhos diversos dos próprios músicos. Contudo, o documento mesmo socorrendo-se de variadas imagens de filmes antigos, banda desenhada e punch-lines que nos fazem sorrir, acaba por no final soprar uma baforada de tristeza em que o mundo do rock é pródigo e que alia o exagero à droga e, consequentemente, à morte. Mesmo que o resultado seja, mais uma vez, de uma enorme competência, só o facto de termos o privilégio, nos tempos que correm, de assistir à projecção de tamanha aventura numa sala de cinema composta, interessada e atenta é a melhor homenagem que se pode fazer a uma banda essencial que adubou sem fertilizantes (ok, houveram alguns...) muitas das boas raízes da música moderna.
quarta-feira, 30 de novembro de 2016
JENNY O. DE VOLTA AO TRABALHO
Já lá vão três anos desde que a menina Jeniffer Anne Ognibene de seu nome completo gravou um grande álbum na companhia do mago Jonathan Wilson a que chamou simplesmente "Automechanic". Ficou o mundo a conhecê-la por Jenny O. e esse trabalho tinha, pelo menos, uma viciante canção que andou meses a tocar nas nossas playlist - "Lazy Jane" ainda hoje causa o mesmo efeito de surpresa! Na altura, vasculhando mais um pouco, descobrimos "Home", um EP anterior registado a medo no cantinho lá de casa de Long Island e rodado com amigos pelos bares de Nova Iorque. Surge agora a suposta continuação - responde pelo título de "Work" e mesmo que o formato EP de vinil só esteja pronto em 2017, os cinco temas inéditos estão já há algum tempo prontinhos para deleite enquanto há já um outro disco longo pronto e gravado com o mesmo Jonathan Wilson, o que é, sem dúvida, um bom sinal.
Melhor ainda é saber que Jenny O. irá passar muito perto para apresentações ao vivo (Ourense, 16 de Dezembro, Café Pop Torgal), abrindo para as quatro datas de Robert Ellis em Espanha durante o próximo mês, eventos com direito a cartaz/poster simplesmente espectacular!
Melhor ainda é saber que Jenny O. irá passar muito perto para apresentações ao vivo (Ourense, 16 de Dezembro, Café Pop Torgal), abrindo para as quatro datas de Robert Ellis em Espanha durante o próximo mês, eventos com direito a cartaz/poster simplesmente espectacular!
terça-feira, 29 de novembro de 2016
JULIANNA BARWICK, GNRation, Braga, 28 de Novembro de 2016
A notável perfomance de Julianna Barwick na sala escura do espaço bracarense deveria servir, pelo menos, para confirmar que a música não é nem nunca foi um fenómeno exclusivamente sonoro. As camadas sucessivas de loops, vozes ou outras texturas levaram-nos, de olhos fechados, para longe dali ou, abrindo-os, para bem perto e imaginando como deve ser difícil, parecendo fácil, a Barwick alcançar tamanha beleza sensorial. Serviu ainda para constatar que "Will" é um dos grandes discos de 2016, uma aventura artística arriscada mas que ao vivo se transforma numa hipnose colectiva de felicidade que nos deixou perfeitamente rendidos e a sonhar... acordados!
LONEY DEAR, REGRESSO EM FORÇA!
Desde muito cedo, ou seja, 2007, caímos na rede lançada pela música do sueco Emil Svanängen que responde quase sempre pelo nome de Loney Dear. Canções pop atraentes, bem feitas que o trouxeram nesse ano até à tenda do Festival Sudoeste (bons tempos!) para rodar o álbum "Loney, Noir" reeditado pela recomendável Sup-Pop já que o disco tinha já saído em nome próprio dois anos antes. Seguiram-se ainda mais dois trabalhos longos, muitas boas recomendações e imprensa mas a atenção merecida nunca haveria de acontecer e o pobre o Emil, carpindo tristezas e incertezas, hibernou sem deixar rasto a partir de 2011. O retiro, felizmente, parece ter terminado! Animado pela excelente recepção à cover de Emmylou Harris que apresentou no espectáculo do Polar Music Prize do ano passado com a aprovação presencial da própria artista, está agora prometido um novo álbum de nome "#7" na casa sueca Whoa Dad, havendo já fortes sinais do seu conteúdo: "Shivering Green" em video caseiro, "Hulls" como primeiro avanço e com direito a video-oficial, "Sum & Violent" dois em um registado pela La Blogothèque em Setembro passado por terras francesas, "Hambug" como um fabuloso exercício de "human studie" segundo o próprio e "December Lilies", uma prendinha lindíssima para aquecer a época que se aproxima... Pois que seja bem-vindo!
segunda-feira, 28 de novembro de 2016
FUTILIDADES!
Já aquando do cancelamento dos concertos de Charles Bradley em Portugal ocorrido no início de Outubro manifestamos o nosso desagrado quanto à notícia do "Jornal de Notícias" que fazia alusão errada a mais que um espectáculo em Lisboa, esquecendo-se que havia também datas marcadas para o Porto e Coimbra. Pois, não contentes com a falta de rigor, no dia em que supostamente esse concerto devia acontecer na Invicta não fosse o cancelamento por força maior, o mesmo jornal volta à carga destacando o suposto evento na secção adequada - "útil & fútil". Sem emenda! Respect, please.
domingo, 27 de novembro de 2016
MEG BAIRD + KEVIN MORBY, Auditório de Espinho, 25 de Novembro de 2016
A noite de sexta-feira em Espinho prometia. A expectativa elevada para apresentação de um dos grandes discos do ano tinha, afinal, uma primeira parte de luxo a convidar à calma. Meg Baird, dona também ela de um álbum de nota elevada editado em 2015 e senhora de um curriculum intocável com os Espers ou, mais recentemente, com o projecto psicadélico Heron Oblivion onde se assume como baterista (!), deu ao serão um toque de classe assinalável. Em alguns dos temas soou ainda a guitarra de Charlie Saufley, parceiro nos tais Heron Oblivion e colaborador bem presente na gravação de "Don't Weight Down the Light", o tal disco maravilha do ano passado. Pena que tivessem sido poucas as canções eleitas desse trabalho (contamos três), optando-se por outros mais rebuscados e longos como um tema tradicional que pareceu algo enfadonho. Mesmo assim, uma excelente oportunidade para confirmar ao vivo uma talentosa artista e um aquecimento à altura do que se iria seguir...
O regresso ao Porto ou arredores de Kevin Morby prometia consagração. Sem contemplações, ela aconteceu naturalmente junto de um público conhecedor e fã de longa data, uma admiração recíproca que levou Morby a ter na Invicta uma fonte de inspiração da sua música e um local de acolhimento. O momento para esse reconhecimento e partilha adivinhava-se como perfeito: sala cheia, aconchegante, som e luz sem reparos e um alinhamento a dar primazia a "Singing Saw", um dos grandes discos do corrente e que muitos de nós trauteamos, já nesta altura, de fio a pavio (ok, faltou o "Drunk and on a Star" mas houve o novíssimo "Beautiful Strangers"). Acresce a coincidência do final da tournée com uma banda em notório domínio dos momentos, dos arranjos, dos tiques que cunharam muitas das canções de forma irrepreensível e soberba, quer nos muitos aguardados novos temas quer nos muitos que escolheu do reportório mais antigo. A este propósito, fica desde já aqui a confissão - da fila da frente, os dez minutos de "Harlem River", tema título do álbum de estreia de 2013 e o terceiro do alinhamento, constituíram um dos melhores abanões sonoros a que tivemos a felicidade de assistir durante o corrente ano e que sozinho poderia e deveria elevar Kevin Morby a um patamar muito alto no actual panorama do chamado folk-rock alternativo. Como prevemos, uma nova estrela no firmamento ameaçava sair do eclipse e, sendo assim, o concerto de sexta-feira serviu para a tornar, de forma merecida, definitivamente mais brilhante!
O regresso ao Porto ou arredores de Kevin Morby prometia consagração. Sem contemplações, ela aconteceu naturalmente junto de um público conhecedor e fã de longa data, uma admiração recíproca que levou Morby a ter na Invicta uma fonte de inspiração da sua música e um local de acolhimento. O momento para esse reconhecimento e partilha adivinhava-se como perfeito: sala cheia, aconchegante, som e luz sem reparos e um alinhamento a dar primazia a "Singing Saw", um dos grandes discos do corrente e que muitos de nós trauteamos, já nesta altura, de fio a pavio (ok, faltou o "Drunk and on a Star" mas houve o novíssimo "Beautiful Strangers"). Acresce a coincidência do final da tournée com uma banda em notório domínio dos momentos, dos arranjos, dos tiques que cunharam muitas das canções de forma irrepreensível e soberba, quer nos muitos aguardados novos temas quer nos muitos que escolheu do reportório mais antigo. A este propósito, fica desde já aqui a confissão - da fila da frente, os dez minutos de "Harlem River", tema título do álbum de estreia de 2013 e o terceiro do alinhamento, constituíram um dos melhores abanões sonoros a que tivemos a felicidade de assistir durante o corrente ano e que sozinho poderia e deveria elevar Kevin Morby a um patamar muito alto no actual panorama do chamado folk-rock alternativo. Como prevemos, uma nova estrela no firmamento ameaçava sair do eclipse e, sendo assim, o concerto de sexta-feira serviu para a tornar, de forma merecida, definitivamente mais brilhante!
sexta-feira, 25 de novembro de 2016
HOWE GELB, Auditório de Espinho, 24 de Novembro de 2016
quinta-feira, 24 de novembro de 2016
KEVIN MORBY COM MEG BAIRD!
Ao milagroso concerto de amanhã de Kevin Morby no Auditório de Espinho junta-se um outro milagre: Meg Baird fará a primeira parte, o que é certamente uma dádiva resultante do alinhamento do Mexefest de Lisboa para o fim-de-semana. Eia!
SÃO DUETOS, MUITOS!
Há certamente em Matthew E. White uma faceta de produtor e colaborador que tem um enorme poder de atracção! Depois de Justin Vernon, Sharon Van Etten ou mais recentemente Natalie Prass, surge agora o anúncio de mais uma parceria indisfarçável e até devidamente documentada como se comprova abaixo. É um álbum inteiro de duetos com a menina inglesa Flo Morrissey registado no seu estúdio da Virgínia em duas semanas e onde cabem dez clássicos sem idade sob o título de "Gentlewoman, Rubyman". Há originais, entre outros, de Leonard Cohen, George Harrison, Gainsbourg, James Blake, Frank Ocean, Bee Gees e Little Wings com Feist. Esta lindíssima parceria de nome "Look What The Light Did Know", que foi divulgada aquando da edição em 2010 do DVD de Feist com o mesmo nome, é a primeira aposta. Tudo boa gente, tudo de alto nível!
WILCO NO MUSEU!
A recente passagem da digressão dos Wilco pelo centro da Europa levou a malta atenta da La Blogothèque até Utrech na Holanda para o registo de mais um grande momento antes ou depois da actuação no Festival Le Guess Who?, evento em que a banda de Chicago foi responsável pela curadoria de um dos três dias de concertos. Aproveitando uma sala de restauro do incrível Museum Speelklok - museu para miúdos e graúdos dedicado exclusivamente a instrumentos musicais antigos e brinquedos que tocam sozinhos - aqui fica a acústica rendição de "Normal American Kids" e "If I Ever Was a Child", temas incluídos no último álbum "Schmilco"... e muita vontade de visitar o museu!
CASS MCCOMBS, CORRER COM A HIPOCRISIA!
O novo video para o tema "Run Sister" de Cass McCombs conta uma história infelizmente verídica que envolve o desaparecimento ou assassinato de mais de 4000 jovens mulheres, muitas delas indígenas, numa estrada de British Columbia no Canadá! Ainda sem explicações e com o "fechar de olhos" hipócrita dos responsáveis, a atleta Tracey Léost decidiu percorre quase 200 quilómetros dessa via para alertar a comunidade para o problema, o que inspirou McCombs para compor o tema e, mais tarde, ser o foco central do video que agora é lançado. Uma história triste, quase inverossímil e que precisa de urgente combate nem que seja pela música...
terça-feira, 22 de novembro de 2016
segunda-feira, 21 de novembro de 2016
domingo, 20 de novembro de 2016
HEATHER WOODS BRODERICK, Convento de São Francisco, Coimbra, 18 de Novembro de 2016
A lindíssima Heather Woods Broderick tem emprestado ao longo dos últimos anos muito do seu talento para acompanhar em digressão os Efterklang, Alela Diane ou Sharon Van Etten e, por isso, os discos em nome próprio resumem-se a dois simples álbuns. Poucos e raros mas de uma qualidade extrema que requerem, sem dúvida, suspiradas apresentações ao vivo como as que aconteceram em 2010 em Coimbra e Braga aquando da edição de "From The Ground" e que agora, com a saída o ano passado de "Glider", se tornaram obrigatórias repetir. Na intimidade da sala pequena do novo espaço coimbrão, foi precisamente uma sequência de canções desses trabalhos que percorreu o serão, embora o tema de abertura ("Slow Dazzle") e uma outra canção nos pareçam ainda inéditos. Calma, afável e simpática, Heather teve desta vez a companhia de um baterista para a ajudar a reproduzir alguns dos temas o que, em alguns casos, nem sempre resultou na perfeição. O som da sala, como se comprova pela gravação abaixo, é certo que não esteve muito apurado sem que, contudo, pudesse beliscar a grandeza de pérolas como "A Call For Distance", "The Colors" ou o indispensável "Wyoming". No regresso para o encore surgiu a habitual pergunta "Bill Withers, who knows Bill Withers?" no sentido de apresentar uma cover do músico norte-americano ("Hope She’ll Be Happier" costuma ser o eleito) mas um aparente fanico do amplificador da guitarra levou-a pela segunda vez ao piano para um improviso em jeito de recordação dos tempos de aprendizagem musical para logo se lançar, entre agradecimentos, na beleza imensa de "From the Ground", um clássico embalador de uma noite rara e primorosa!
sábado, 19 de novembro de 2016
SHARON JONES (1956-2016)
Sem que se pretenda que este blog pareça um obituário contínuo, foi como imensa tristeza que soubemos hoje da morte de Sharon Jones. A americana, corajosa, bem lutou para o evitar mas o destino... Vamos sempre recordá-la de sorriso aberto, com uma irrequieta postura em palco e uma inegualável energia a que se juntava uma voz de outro mundo que a família Dap-Kings sabia magistralmente adornar. Quer no Porto em 2011 quer em Vigo em 2014 foram momentos únicos de diversão, partilha e muita vibração que só o funk e o soul conseguem alcançar e dos quais, instantaneamente, se multiplicam as saudades... muitas. Peace!
quinta-feira, 17 de novembro de 2016
JEFF BUCKLEY, COLHEITA 1966!
Se fosse vivo, Jeff Buckley faria 50 anos no dia de hoje o que confirma 1966 como um ano de colheita mais que vintage! A comemoração passa pela disponibilização online da sua larga colecção de discos de vinil, uma parceria da Sony Legacy Recordings e da sua mãe e tutora Mary Guilbert. Uma perdição... e, sim, ele tinha o "Pink Moon"! Paralelamente, há ainda um lançamento digital de "You & I" em versão melhorada, disco de versões e demos lançado no início deste ano. Seja como for e ao fim de quase oitenta e três milhões de visualizações e perto de quinhentos mil comentários, ainda e sempre "Hallelujah". Parabéns!
quarta-feira, 16 de novembro de 2016
JOSH ROUSE, SOL DE INVERNO!
Ao fim de oito anos, Josh Rouse está de regresso a uma série de discos a que foi chamando "Bedroom Classics". O quarto volume foi registado em Espanha, reduto do americano desde 2006 e inclui cinco temas inéditos com direito até um 10" de vinil que devem ser perfeitos para estes dias amenos e solarengos. Ouça-se só esta maravilha chamada "A Winter's Day".
domingo, 13 de novembro de 2016
FAROL #123
O disco regresso de Agnes Obel anda a fazer-nos companhia desde a semana passada e escusado será dizer que "Citizen of Glass" vai encantando o tempo de algum desencanto. Para lhe fazer companhia e recordar pérolas mais antigas da dinamarquesa é só dar um salto aos site oficial, preencher o e-mail e eles aí estão - três clássicos ao vivo de uma imensidão notável no iTunes Festival de 2013! É por aqui...
sexta-feira, 11 de novembro de 2016
LEONARD COHEN (1934-2016)
Num ano verdadeiramente tenebroso para o mundo da música, a morte de Leonard Cohen parece que se adivinhava... Andamos anos à procura do "nosso" Cohen, tentamos sempre saber mais, fomos ouvi-lo em peregrinação há muito prometida com receio que essa fosse a última oportunidade mas certo é que ele continuou a compor, a editar grandes discos (o último "You Want It Darker" é um clássico anunciado) e a apresentar-se ao vivo como um artista qualquer. Não era. Era simplesmente o mestre da melancolia, da sedução e do amor e que será impossível substituir por muitos boas que sejam as versões das suas canções. Peace!
quinta-feira, 10 de novembro de 2016
SINGLES #41
PATTI SMITH - People Have the Power/Wild Leaves
Inglaterra; Arista Records, 109 877, 45 RPM, 1988
A tragicomédia aparente das eleições americanas fez-nos resgatar, numa das muitas caixas de rodelas pequenas, uma canção ainda e sempre poderosa. Em Junho de 1988, Patti Smith regressava com este single ao fim de nove anos de silêncio, tema surgido de uma colaboração com o seu marido Fred "Sonic" Smith e, nessa altura, consentiu pela primeira vez que um video alusivo fosse então produzido, cabendo a responsabilidade da direcção a Meiret Avis, um irlandês a dar os passos iniciais no mundo dos chamados telediscos. Chamou ainda o amigo Robert Mapplethorpe para a fotografar, séria, de tranças e blusão de couro onde prendeu um simples pin com as iniciais "PHTP". Mas foi, acima de tudo, a lírica que transformou o tema numa arma intemporal de protesto e coragem quando canta, entre outros, "People have the power to dream, to rule" a que acrescenta quase sempre em versões ao vivo - como comprovamos duplamente e de braços no ar no Primavera Sound da Invicta em 2015 - "to vote, to occupy, to strike... Don't forget it: use your voice!". Ao ver ontem as lágrimas de alguns dos apoiantes democráticos recordamos o oposto, as lágrimas de alegria de há oito anos atrás aquando da primeira eleição de Obama, sinais de esperança numa América mais solidária e unida. Mas, para o bem e para mal, os regimes democráticos são o que são e o voto do povo é que conta - a realidade americana que parece que conhecemos através das redes sociais, dos talkshows e programas de humor é bem diferente e nitidamente mais profunda nos seus ódios penetrantes e silenciosos. Sendo assim, talvez esteja na altura certa de começar a fazer cumprir a quase "profecia" que Patti Smith cantou bem alto há vinte e oito anos atrás:
And the people have the power
To redeem the work of fools
From the meek the graces shower
It's decreed the people rule
terça-feira, 8 de novembro de 2016
TORO Y MOI, PERDÃO, CHAZ BUNDICK + 2
Em nome próprio, ou seja, Chaz Bundick aka Toro Y Moi estará de regresso aos discos em Março de 2017 na companhia do duo Mattson 2, banda dos gémeos Jared e Jonathan Mattson e par de virtuosos instrumentistas do sul da California habituados a explorações sonoras em volta do jazz psicadélico, da pop e alguma world music. Do disco "Star Stuff" está já disponível o incrível tema título para saborear abaixo.
segunda-feira, 7 de novembro de 2016
sábado, 5 de novembro de 2016
(RE)LIDO #78
IS TINY DANCER REALLY ELTON'S LITTLE JOHN?
Music's Most Enduring Mysteries, Myths, And Rumors Revelead
de Gavin Edwards. Nova Iorque; Three Rivers Press, 2006
O saudoso jornal "Blitz", que por sinal faria amanhã trinta e dois anos, para além da mítica secção "Pregões & Declarações", tinha na rubrica "Dona Rosa" uma das suas referências populares onde alguém respondia semanalmente a perguntas dos leitores sobre bandas, artistas, canções ou discos. Esse alguém era principalmente o jornalista Luís Pinheiro de Almeida e onde, sem certezas, o Jorge Mourinha fazia também uma perninha. A demanda exigia, certamente, pesquisa e troca de informações telefónicas intensas em tempos onde a Internet nem sequer era ainda um sonho...
O livro que agora aqui trazemos é como uma versão internacional da velhinha "Dona Rosa" da autoria de um tal Gavin Edwards que assegurou por largos anos na revista "Rolling Stone" uma coluna semelhante. Habituado a conviver de perto com inúmeras das vedetas e cromos da música, principalmente em entrevistas programadas e backstages anárquicos, a informação recolhida e a experiência adquirida permitiram-lhe, aparentemente, questionar directamente os envolvidos ou colocar-se em contacto com entourages dos visados na procura de respostas. Estamos então perante um livro infalível e rigoroso? Longe disso. O tom é bastante ligeiro e até exageradamente informal, tornando a obra num repositório de dados curiosos divididos nos habituais capítulos em que a música é pródiga - nomes de bandas, sexo, drogas & rock, nomes de canções, mortes míticas, etc., etc., catorze capítulos curtos sem ser incisivos. Há repetições, (re)descobertas e novidades que poucas vezes nos surpreenderam mas onde destacamos dois "assuntos" - a de que o "Dark Side Of The Moon" dos Pink Floyd foi escrito para uma suposta banda sonora do filme "Feiticeiro do Oz", experiência que qualquer dia vamos ter que realizar - isto é, por o disco a tocar durante a projecção dos primeiros quarenta e cinco minutos da película - e a revelação que o Joe Strummer correu não uma, nem duas, mas três maratonas sem efectuar qualquer treino, sempre no final da gravação de um dos álbuns dos The Clash! A história, mal contada, pode e deve ser lida por aqui. Uma inspiração para a corrida de amanhã onde a indecisão - "Should I Stay or Shoud I Go" - já está há muito ultrapassada. Quanto à pergunta que dá título à obra e atendendo à subtileza do desenho da capa, a resposta do livro é não...
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