segunda-feira, 14 de maio de 2018

ANGEL OLSEN, Centro Cultural Vila Flor, Guimarães, 13 de Maio de 2018
















Não é fácil escrever sobre o concerto de ontem de Angel Olsen, como não será sobre os de hoje e amanhã pela capital. A vida não é fácil, não está fácil e esse peso sentiu-se desde o início com a sua postura calma e algo sobranceira como que a sentir o espaço, o público e o discurso: nada de êxitos ou sequer o seu pedido (p.f. risquem "Shut Up Kiss Me") mas sim canções antigas, muito antigas, outras novas ainda sem nome a precisar de teste mas de filmagem interdita, justificando a razão do último registo "Phases", disco que reúne uma série de obscuridades e preciosidades a precisar de luz, muita luz. A fase é pois de pousio activo, de motivação e até, parece, de algum refreio no relativo sucesso de "My Woman" que nos foi apresentado com banda completa no Primavera Sound do ano passado. Não sabemos e até desconfiamos que a actual digressão a solo funcionará como um pré-teste às suas capacidades de renovação artística e inspiração que foi disfarçando entre goles de vinho tinto com apartes e histórias propositadamente inacabadas, lançando farpas que pareciam sérias sobre a vida, a maternidade ou a auto-estima medida em acrescidos centímetros diários (ups) e que mais não foram que inconsequentes prefácios do mais importante - as canções! Essas, desfiladas pelo toque sublime numa guitarra Gibson bem preta encostada a um vestido curto bem preto, continuam submersas numa patine tocante a que a plateia se foi silenciosamente enroscando, toldada pela voz, pelas diferentes vozes e tons, que só Olsen sabe entoar de maneira a nos enfeitiçar em lume brando até ao inevitável "White Fire", nome de pérola e excitante em forma de canção... everything is tragic, it all just falls apart

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