ERLEND OYE, C. C. Vila Flor, Guimarães, 19 de Maio de 2018
Descontando as oportunidades que, ao longo dos anos, não deixamos passar para uma qualquer festa com os Kings of Convenience, tradição que vêm já da estreia por cá em 2006, esta era a primeira vez em que a primazia era dada a Erlend Oye, o cromo decisivo para o êxito de qualquer um dos folguedos anteriores. Não era fácil, contudo, perceber previamente a estratégia, alinhamento ou programa a aplicar perante uma plateia ávida de animação e cheia de saudades das canções do duo norueguês. Anunciava-se um concerto acústico, a solo e as primeiras investidas, como sempre, soaram calmas, sérias e retiradas do manancial de faixas novas ou já editadas a solo ou com os Whitest Boy Alive, entre Bergen, Londres, a cidade do México ou Chile, o Rio de Janeiro ou Berlin e onde uma só, e quase irreconhecível, "Power of Not Knowing" dos Kings foi eleita. Mas a presença em palco de mais três microfones, um piano e mais algumas guitarras, deixava adivinhar uma qualquer surpresa que se deu com a entrada em palco da La Comitiva, um trio de amigos músicos da Sicília, ilha italiana que funciona como residência e refúgio de Erlend desde 2012. Estavam lançados os primeiros foguetes! Com um cavaquinho, um ukelele, uma guitarra ou duas e até um oboé (clarinete?), o serão começou a ganhar os contornos habituais de boa disposição com versões misturadas de antigos e novos temas - recordamos "Paradiso", "Upside Down", "Bad Guy Now" e até o fantástico "For The Time Being" dos Phonique numa versão obviamente acústica a que só faltou juntar o "Sudden Rush" - mas houve ainda algum refreio com a execução de diversos instrumentais em jeito de experiências sonoras em desenvolvimento e até o convite a um cantautora brasileira recentemente descoberta em Lisboa para a apresentação de dois bem recebidos originais, um outro hábito que Oye não dispensa e promove (em 2009 por Braga foi Javiera Mena, chilena conhecida também em viagem). Surgiu depois o inevitável desafio: a ocupação da frente do palco por voluntários que quisessem dispensar as cadeiras e o bailarico não mais parou, como podem confirmar no registo possível que aqui trazemos, e onde se incluíram um coro colectivo de parabéns a um dos elementos do staff e uma surpreendente versão de "Maneiras" de Zeca Pagodinho a culminar mais um excelente serão de saboroso pagode... de barriga cheia!
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