A noite primaveril de sexta-feira passada prometia muito mas a deslocação a Fafe envolvia, contudo, alguns daqueles receios que nos habituamos a ter quando as estreias são múltiplas: será que vai estar cheio, será que a sala aguenta, será que a artista vai corresponder, será que... e o som? Pois bem, meus amigos, o recital de Lisa Hannigan no delicioso teatro minhoto ("inside a delicious cake", como a própria bem notou) resultou num momento sublime de partilha, sintonia, boa disposição e, acima de tudo, na confirmação de um enorme talento para dar e vender. Quanto aos tais receios, eles acabaram logo que as luzes se apagaram para a magia a cappella de "Anahorish". Detentora de um songbook considerável que a levou até a esquecer a frase que inicia a lindíssima "Paper Bag" - falha colmatada pela sapiência de um fã atento e fiel - Hannigan apresentou-se com enorme simpatia e bondade, rodando canções de concha em concha e donde saíram, à vez, pérolas polidas por uma vincada limpidez e segurança da sua voz cristalina de fazer tremer os mais incautos. Fomos, somos uns sortudos!
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