Claro que a maioria presente, de geração acentuada na veneração ao The Modfather, gostaría de ter visto o alinhamento mais bem preenchido de temas dos The Jam e, sobretudo, dos The Style Council, mas só seis entre as quase trinta escolhas o permitiria. Escusado referir que esses foram os momentos mais intensos de um concerto alongado em demasia, salpicado intencionalmente por hinos como "My Ever Changing Moods", "Headstart for Hapiness", "Shout to The Top!" (o pináculo do serão) e a surpresa maravilha "It's a Very Deep Sea" com que começa "Confessions of a Pop Group" (1988), talvez o melhor álbum dos TSCouncil mas o mais desprezado.
Acompanhado de uma banda de seis músicos e onde se notou o uso de uma dupla bateria, a rodagem das canções foi exemplar embora o som de sala se tenha denotado sofrível na flutuação e dispersão para depois, aos poucos, se acertar sem deslumbre - no que parece ser um hábito estranho - sem espaço para nenhum "sozinho em palco", improvisação ou pedidos do público. Da máquina oleada, de profissionalismo vincado, não haverá como fazer reparos ou censuras atendendo ao enorme volume de escolhas possíveis para ensaio prévio, permitindo, contudo, perceber a qualidade de muitas das suas composições mais recentes e de que "On Sunset" ou "Village" foram eminentes.
A apoteose adivinhava-se para um segundo encore - "Town Called Malice" dos The Jam, uma jóia com mais de quarenta anos, conseguiu no seus dois minutos e meio de soul beat fazer levantar das cadeiras uma plateia paciente e à espera do impulso que, por si só, valeria a comparência a um convívio há muito aguardado de uma família com formação afectiva. Com um pai desta estirpe, vai ser difícil a extinção...
NOTA: ainda há dias por aqui alertamos para a aventura cada vez mais imprevista que é estar numa sala de concertos. Contamos, pelo menos, nove ou dez vezes, a dobrar, que tivemos que nos levantar para deixar passar aflitos para a casa de banho, reabastecimento de cerveja ou atendimento de telefonemas. Com regras mas com muitas excepções, o auditório galego foi um corrupio cruzado de entradas e saídas a meio de canções, discussões e conversas estridentes ou supostas proibições de bebidas a que se fecharam os olhos. Um recinto em pé tinha sido mais barato e, certamente, mais eficaz!