Notou-se, desde logo, essa expectativa na deferência com que a plateia a aplaudiu no final de cada tema e no sossego com que desfrutou da feliz meia hora de aquecimento quer à guitarra quer ao piano, sendo este último recurso uma abordagem primordial e emotiva do último disco "Cyclamen" que, ao vivo, se afigurou de vibrante grandeza. Juntou-lhe, a preceito, algumas pérolas mais antigas como "The Stable" ou "Conemmara" e o resultado traduziu-se num êxito merecido e que esperemos não demore muito a repetir-se. Graham, nome de um bom vinho do Porto, Graham também nome de pop vintage...
De boa colheita, em boa colheita anda há anos a menina Natalie Mering aka Weyes Blood, uma já afamada marca de qualidade musical que não deixa, nunca, de surpreender no saboreio. Se com "Titanic Rising" de 2019 já se perfilhava um píncaro pop de incontornável sedução e que mereceu apoteose ao vivo numa abarrotada caixa negra bracarense, o posterior "And in the Darkness, Hearts Aglow" de 2022 desencadeou ainda maior multidão e ajuntamento. Percebe-se porquê.
Foi, pois, dessas duas safras inseparáveis que se fez o alinhamento de um serão festivo, entremeado de algum fanatismo exagerado, que confirmou Mering como uma notável performer na sua aura de anjo e fada madrinha cintilante que, com a sua voz e rodopios, elevou o espaço do clube a uma estratosfera de contínuo tremor, ora sombrio ora reluzente, num balanço com duração de duas rápidas horas e de acústica intocável.
A aterragem, planante, iniciou-se com "Lot's Gonna Change" e só pousou com "Wild Time", dois monumentais manifesto/canção dos nosso tempos de assombro negro sobre a natureza e, também, a humanidade. Haja, por isso e sempre, um coração luminoso como o de Mering que nos continue a encher de luz vital!
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