terça-feira, 9 de julho de 2024

NOUT, Matosinhos em Jazz, Jardim Basílio Teles, 7 de Julho de 2024

Do trio francês Nout repete-se, invariavelmente, o dito que a sua música é um género de missing link entre Sun Ra e os Nirvana, o que na ausência de outra classificação é capaz de fazer sentido... O tamanho do emaranhado de géneros é tão grande que talvez o jazz seja o reduto alargado e perfeito para receber, de braços abertos, este desrespeito benigno por convenções tradicionais. 

Uma flauta, uma harpa eléctrica e uma bateria foram, por isso, o rastilho sobreposto, ora suave, ora irrompido, que se deu a ouvir como primeira experiência arriscada de fim de tarde perante uma plateia, talvez, pouco habituada a estas modernices. Nada que tenha feito mossa, já que o público mais que adulto manteve-se atento, expectante e receptivo a um reforço energético surpreendente, que, por vezes, ouvido à distância, sugeria estarmos perante uma qualquer banda masculina de death metal

É, pois, notável que seja um trio feminino que manda, com classe, para as urtigas as lições e obrigações instrumentais, fazendo rodar por muitos festivais a sua originalidade, registada para a eternidade num recente álbum ao vivo e que contempla faixas tocadas o ano passado em plena Festa do Jazz lisboeta. Por isso, dêem as boas vindas a uma flauta cantora e electrónica, uma harpa distorcida e arranhada e uma bateria metaleira que as pedaleiras juntam, milagrosamente, numa torrente selvagem que do nout faz muito. Bravo!

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