WHITE STRIPES
UNDER GREAT WHITE NORTHERN LIGHTS
de Emmett Malloy. EU; XLRecordings/Warner Bros, DVD, 2009
Estamos
muito a norte do continente americano, paisagens áridas e até inóspitas de céus
quase sempre carregados. Parece fazer sempre frio e as cidades ou pequenos
aglomerados respiram uma calmaria lynchiana que o preto e branco da fotografia
acentua. Este país é o Canadá, por acaso uma nação de bandeira apropriadamente branca
e rubra, o escolhido para uma
digressão incomum dos White Stripes
em 2007. Os cenários nitidamente pensados e testados para esta operação
documental são os de cidades de nomes quase desconhecidos para onde a banda
agendou concertos em salas de pequena e média dimensão aquando do álbum “Icky
Thump”. Desta vez, contudo, Jack e Meg apostaram em brindar o público com uma
antecipação das actuações nocturnas fazendo pequenas aparições à luz do dia
convocadas em cima da hora para uma diversidade de espaços de acesso livre.
Salas de bilhar ou de bowling, jardins e até barcos em andamento, serviram para
um toca e foge de versões ou tradicionais americanos em jeito acústico para
gáudio de gerações sortudas dos oito aos oitenta. Quando entram por um lar de
idosos de tez índia ou esquimó e se sentam entre eles para uma conversa com
direito a canção recebem em troca muitas palmas e uma resposta adequada – uma
pequena concertina tocada por uma das presentes e uma pronta dança num dos
momentos mais tocantes do filme (vídeo abaixo). Impossível não reparar nos
cuidados que já tínhamos comprovado em Algés precisamente em 2007: o tal branco
e vermelho dos fios dos microfones, dos teclados e restantes instrumentos, das
avionetas num aeroporto ou das malas de viagem, cores que a película assume de forma vistosa nas sequências nocturnas ao vivo e em alguns pormenores quase pintados quando
capta a banda em viagem. As entrevistas, poucas, têm Jack como protagonista,
sendo mesmo incómodo o silêncio de Meg, timidez quebrada a muito custo com
algumas frases soltas e em surdina, uma alma nitidamente agitada e emotiva que
solta lágrimas ao lado do ex-marido sentados ao piano na última cena do filme. O grupo fazia dez anos e, depois da festa comemorativa, esse momento confirma
os White Stripes como uma banda de dois corpos e de alma única que, sejam quais
forem as razões, se feriu de morte em “combate”… Não lhes peçam, por isso,
regressos forçados e vejam sem falta este excelente retrato.
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