domingo, 4 de agosto de 2013

(RE)VISTO #55





















WHITE STRIPES
UNDER GREAT WHITE NORTHERN LIGHTS
de Emmett Malloy. EU; XLRecordings/Warner Bros, DVD, 2009
Estamos muito a norte do continente americano, paisagens áridas e até inóspitas de céus quase sempre carregados. Parece fazer sempre frio e as cidades ou pequenos aglomerados respiram uma calmaria lynchiana que o preto e branco da fotografia acentua. Este país é o Canadá, por acaso uma nação de bandeira apropriadamente branca e rubra, o escolhido para uma digressão incomum dos White Stripes em 2007. Os cenários nitidamente pensados e testados para esta operação documental são os de cidades de nomes quase desconhecidos para onde a banda agendou concertos em salas de pequena e média dimensão aquando do álbum “Icky Thump”. Desta vez, contudo, Jack e Meg apostaram em brindar o público com uma antecipação das actuações nocturnas fazendo pequenas aparições à luz do dia convocadas em cima da hora para uma diversidade de espaços de acesso livre. Salas de bilhar ou de bowling, jardins e até barcos em andamento, serviram para um toca e foge de versões ou tradicionais americanos em jeito acústico para gáudio de gerações sortudas dos oito aos oitenta. Quando entram por um lar de idosos de tez índia ou esquimó e se sentam entre eles para uma conversa com direito a canção recebem em troca muitas palmas e uma resposta adequada – uma pequena concertina tocada por uma das presentes e uma pronta dança num dos momentos mais tocantes do filme (vídeo abaixo). Impossível não reparar nos cuidados que já tínhamos comprovado em Algés precisamente em 2007: o tal branco e vermelho dos fios dos microfones, dos teclados e restantes instrumentos, das avionetas num aeroporto ou das malas de viagem, cores que a película assume de forma vistosa nas sequências nocturnas ao vivo e em alguns pormenores quase pintados quando capta a banda em viagem. As entrevistas, poucas, têm Jack como protagonista, sendo mesmo incómodo o silêncio de Meg, timidez quebrada a muito custo com algumas frases soltas e em surdina, uma alma nitidamente agitada e emotiva que solta lágrimas ao lado do ex-marido sentados ao piano na última cena do filme. O grupo fazia dez anos e, depois da festa comemorativa, esse momento confirma os White Stripes como uma banda de dois corpos e de alma única que, sejam quais forem as razões, se feriu de morte em “combate”… Não lhes peçam, por isso, regressos forçados e vejam sem falta este excelente retrato.                               
  



Sem comentários: