segunda-feira, 23 de julho de 2018

THE COMO MAMAS, Theatro Circo, Braga, 21 de Julho de 2018

O gospel salva? Para as The Como Mamas a crença é quase um forma de vida que pretendem continuamente cultivar como forte motivo religioso, o único, segundo elas, que alivia as dúvidas, as preocupações ou as agruras e que tem uma encarnação em Jesus, o filho de Deus. A subida exclusiva a um palco pelo norte do país de Angelia Taylor e das primas Della Daniels e Ester Mae Wilbourne, embora pudesse sugerir um simples ritual afigurava-se, obviamente, uma oportunidade de ouro para entender melhor as raízes da música negra de que tanto gostamos. Respondendo, então, a um "chamamento" de última hora, rumamos a Braga em modo apressado, pusemos o último álbum "Moving Upstairs" a rodar na viagem e quando nos sentamos na cadeira já o trio se perfilava para dar início à cerimónia, um conjunto de canções com o tal guião pré-definido e de que a Daptone Records de Nova Iorque cedo percebeu da urgência em registar devidamente. São já três esses discos e no mais recente, já referido, a editora arriscou juntar às vozes uma clássica base soul de guitarra e bateria que transformam os temas em poderosos hinos de resiliência e amor à família, à comunidade e à pequena cidade de Como no Mississippi americano e a que ali, ao vivo, é impossível ficar indiferente. Quando num desses momentos chegou a vez de Angelia Taylor cantar, sentada numa cadeira e depois na frente do palco, o blusiano "He's Mine" ("Something Like This" no video abaixo), percebemos em definitivo o poder e a força desta música em que a plateia em alvoroço e em aplausos em compasso prestava, sem saber, homenagem à própria Taylor, vítima recente de um tiro na própria casa em Como! Por todas as razões, tamanha vibração não tem preço e quando humildemente nos perguntaram quase no fim se já vimos o video de "Count Your Blessings", o único oficialmente lançado e que funciona como forma de contributo pelo número de visualizações para ajudar a pagar as contas, caramba, espalhem por favor a mensagem! O inevitável "Amazing Grace" no único encore ainda deve andar por estes dias a ecoar pelo teatro, oh lord...




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