Na velha tradição inglesa, todas as oportunidades são boas para fazer a festa e reunir a família. Nos últimos anos a dos Fat White Family tem nitidamente crescido em número de adeptos e aficionados muito à custa de um terceto de álbuns irrequietos e de que "Serfs Up", saído há um atrás, é um culminar diverso e intenso de rock e portento. Um dos efeitos do notório redimensionamento da carreira foi chegar mais facilmente a novos públicos e, já agora, de os trazer até ao Porto num serão de terça-feira para uma casa não cheia mas bem preenchida por uma carrada de maduros conhecedores à espera de pôr a conversa em dia e, ainda e sempre, sedentos de animação.
E ela não demorou muito a aparecer tendo bastado para isso os dez primeiros minutos e os acordes iniciais de "I Am Mark E Smith", um hino poderoso de óbvio tributo aos The Fall, gurus artísticos de que o colectivo em palco descende milagrosamente mas a que acrescenta arrojo (não percam os videos das canções), matreirice ou excitação. Ao comando do clã e das comemorações esteve Lais Kaci Saoudi, um ser invertebrado pela bebida directa da garrafa de whiskey e disposto a fazer da reunião uma oportunidade para conquistar novos amigos não só pela hipertensão física enquanto agarra e grita para o microfone mas também pelo contacto directo e corpóreo em plena plateia para onde saltou amiúde, incitando empurrões e sururus moderados culminados aquando de "Bomb Disneyland" com que, aparentemente, dariam por finda a actuação.
Mas do público, ainda não satisfeito e que não lhes virou logo costas, surgiu uma insistência no regozijo que sabia não ter finado - "são muitos anos a virar frango" - plantando-se na frente do palco e insistindo nos assobios e gritos para um regresso não programado e, por isso, demorado. De volta e satisfeita, a família lá acertou na interpretação especial de "Tastes Good With the Money" para que a noite selasse, desde logo, um parentesco de estirpe comum - o gosto infindável e eterno pelo rock!
Sem comentários:
Enviar um comentário