Pode a problemática da morte e do medo que está tão latente nos dias de hoje tornar-se numa fonte de inspiração para canções? Ao longo da história diremos que, quer de forma subtil quer sem nenhuns rodeios, sempre se cantou a perca próxima de um ente-querido, de um amigo ou de um ídolo à qual se juntou, involuntariamente, a tristeza e a melancolia. Os exemplos são muitos e diversos mas para os londrinos Tunng a oportunidade de tratar o assunto tabu transformou-se em aprendizagem séria e até pedagógica - a partir de oito podcasts, que podem ouvir no seu facebook, convidaram-se médicos, antropólogos, filósofos ou artistas para reflectir livremente de forma a captar os meandros da discussão como difícil projecto artístico.
Surge, assim, "Dead Club", um arrojado oitavo álbum de uma banda a que sempre estivemos atentos e despertos (vai já longe um saboroso serão natalício no gelado Sá da Bandeira...) comandados pelo talento de Mike Lindsay e que confirma o seu constante vanguardismo, inquietude e carisma (basta lembrar os Lump ao lado de Laura Marling). O resultado é dedicado a todos que estão sofrendo e de luto e, apesar de uma ténue escuridão, transforma-se numa agradável surpresa de meandros pop-sofisticado e airoso que espanta medos e até trás sorrisos. Bem precisamos!
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