Começaram Angela James e Jordan Martins, ela na guitarra acústica, ele na guitarra eléctrica, para meia dúzia de escolhas de um reportório folk que tem na voz de Angela um travo do Tennessee que desliza, maravilhosamente, para o country. Há um disco do ano transacto - "Now That I Have You" - mas ganharam primazia temas mais antigos como a dupla "Halo" ou "Drink and Try Not to Cry" com que se iniciou uma sessão marcadamente enraizada numa veia americana, ainda e sempre, tradicional e fresca.
Sem amplificação, as canções tingiram-se de uma coloração, mesmo assim, cativante e diversa, acentuada por uma subtil melancolia a que as agruras e incertezas do nosso mundo conduzem - aquele "E se esta se tornar a última canção que eu escrever?” que deixou para o fim aquando do início "What If" só pode ter sido um desafio de hábil humildade para que a demanda, nem sempre fácil, de nos dar a escutar a sua música continue a florescer naturalmente. Sem filtros, tal como nos olha na imagem de uma capa!
Oito meses depois, Daniel Knox voltou a sentar-se junto do piano preferido da baixa da cidade para nova dose de histórias e rábulas nocturnas. Bem disposto e em excelente forma, o momento foi aproveitado para a estreia de mais algumas canções já gravadas e ainda sem edição agendada mas, sobretudo, para uma insistência num reportório de imediato encanto, um género de música de câmara negra e vibrato gótico, que se alonga desde o vaudeville burlesco até despedaçadas baladas.
Na aparente decadência mas mágica vibração do género, sobressaiu o habitual ondulado da composição em que o pequeno piano se afigurou o velhinho parceiro instrumental que Knox sabe, como poucos, usar na perfeição para nos levar a imaginar cenários, a recordar a infância e juventude ou a comparar vivências, todas amarrotadas em folhas de papel deitadas para o chão. Depois, houve tempo para aquela mordacidade entre canções que tanto verteu sobre séries de televisão e filmes, turismo massivo ou dificuldades e vantagens na adaptação à Invicta e à estranheza dos seus costumes... Nada como uma boa francesinha entre amigos, meia hora depois, para que a vida, tal como o concerto, se eleve outra vez num saboroso optimismo. Para isso, mesmo em Agosto, não há nem haverá nunca dias maus!
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