Para abrir o convénio informal, subiu ao palco, ainda com lusco-fusco, o norte-americano Tré Burt para meia hora de folk que têm em John Prine ou Dylan influências indisfarçáveis e não estranhou a inclusão, ainda, de uma versão de Townes van Zandt entre a mão cheia de originais apresentados e bem recebidos. Em jeito de menu da festa, para entrada não esteve nada mal.
O prato principal era, contudo, outro e de maior sabor. A expectativa da maioria dos presentes, notoriamente uma geração de cinquentões de assumida fidelidade e repetente na degustação, cedo se confirmou validada pela aplaudida sequência das canções e que o mestre Jeff Tweedy foi agradecendo, cortês como sempre, tirando o chapéu. Não houve lugar a apresentações dos companheiros nem lérias banais ou conversas de circunstância, com excepção a uma merecida referência à conquista feminina do dia do futebol espanhol ou uma pronta, directa e eficaz interpelação a um aficionado mais bebido (?) que colocou em perigo as filas fronteiras durante "Box Full of Letters".
A festa fez-se, pois, de uma comunhão pacífica em vinte e três canções, um alinhamento bem maior que o da véspera mas onde, curiosamente, "Spiders (Kismode)" não foi tocado. Repetiu-se o delírio com o obrigatório "Impossible Germany", onde Nels Cline fez figura de mágico possuído da guitarra, uma brutalidade, ainda e sempre, de eriçar os cabelos e confundir os ouvidos e se deixaram para o único encore algumas antiguidades surpreendentes como "Red-Eyed and Blue" e "I Got You (At the End of the Century)", peças a roçar os trinta anos de envelhecimento vintage. Um excelente encontro de amigos e de uma rara proximidade a que só faltou uma rodagem final dos músicos entre os convidados para um brinde efusivo e uma troca de abraços. O melhor é mesmo marcar a data do próximo convívio ibérico. Pode ser no mesmo sítio, vale?
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