Os Dry Cleaning, como sublinhado, tiveram o privilégio de abrir o palco principal do recinto mas os sortudos foram os muitos que os esperavam de braços abertos. Repetindo a dose de há um ano atrás na Invicta, os londrinos rapidamente agitaram a plateia naquela maravilhosa lengalenga hipnótica que Florence Shaw vai debitando, quase ingenuamente, e que a guitarra de Tom Dowse embala num corrupio eléctrico irresistível. Ficamos à espera da uma experiência em sala ou nocturna o que, adivinha-se, fará ainda mais mossa. Limpinho!
A pequena Lindsey Jordan aka Snail Mail já anda nisto do indie rock há quase uma década. O fenómeno, se é que ele existe, não transpareceu apesar de uma pequena legião de aficionados não se tenha rogado no apoio e incentivo. Insistimos na presença junto ao palco uma boa meia hora para teste activo quanto aos predicados das canções mas acabamos por desistir atendendo ao que se deu a ouvir e que, ao que parece, cabe num novo álbum de originais que talvez tenha chegado ao destinatário errado...
Aos velhinhos Yo La Tengo não falta chama. São quarenta anos de continuo fogaréu alimentado numa cumplicidade de que Ira Kaplan é o principal pirómano e que Georgia Hubley na bateria e James McNew no baixo só ajudam a prolongar. Adulta, segura, fascinante, foi essa corrente iluminada que o trio de Nova Iorque ligou desde a entrada em palco até à saída com o monumental e ofuscante "Pass the Hatchet, I Think I'm Goodkind", um arrebatamento metrónomo só alcance de alguns. Monumental!
Sobre o enigmático projecto Julie não sabemos grande coisa. Pelo que ouvimos, será preferível mantermo-nos na ignorância mas bastou aquela t-shirt "Zero" do baterista para logo se adivinhar o filão em desuso... cruzes!
A Frank Carter & The Rattlesnakes não falta muita coisa. Não falta apelão. Não falta manha. Não falta energia e acrobacia. Não falta vaidade. Falta, contudo, fazer do hard rock algo de empolgante que uma receita banal de trejeitos antigos acelera numa contínua insipidez apesar da agitação e festarola sabidas. Alguém se vai lembrar que eles passaram por aqui?
Os Squid, esses sim, deixaram marca. Desta vez e apesar do apelo da Jessie, ficamos até ao fim de um concerto vibrante e que já merecia palco grande e plateia maior. Mesmo assim, o recinto replecto assistiu a uma perfomance em crescendo de intensidade que motivou muito mosh e até a subida ao palco de um divertido intruso dançarino... Se isto é bom pós-punk, o melhor é inventar um novo género!
A classe de Jessie Ware que desde sempre se notou nos discos e canções, é ao vivo um trunfo de validade confirmada apesar do reduzido painel instrumental - uma bateria uma guitarra - e da aposta num quarteto de dançarinos e vocalistas. Esse apoio, assertivo e adestrado, mostrou-se de eficácia e eficiência reprodutoras de uma saborosa dança colectiva. Libertador!
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