segunda-feira, 22 de março de 2010

LAETITIA SADIER, Passos Manuel, 20 de Março de 2010



A noite de Sábado no Passos Manuel podia (devia?) ter sido memorável. Os Stereolab não precisam de apresentações e, apesar de (quase) extintos, tinham em Laetitia Sadier a voz principal dum universo muito próprio. Mas o pequeno auditório portuense, apesar de confortável, pouco encheu nesta recepção a uma artista que, como confessado, sempre sonhou conhecer a cidade do Porto. Sozinha em palco com uma simples guitarra eléctrica, Laetitia pareceu algo nervosa, medindo as palavras entre temas e pondo a descoberto as canções que gravou para o álbum a solo a ser editado no verão. É óptimo perceber, desta forma crua, as canções que mais tarde nos vão soar robustas e preenchidas, numa atitude arriscada mas, por isso mesmo, salutar e descomprometida. Contudo, a reacção da maioria dos presentes traduziu-se, infelizmente, por algumas palmas de circunstância, sem grande entusiasmo ou convicção e houve até alguns abandonos ("Are you still there?" chegou a perguntar...). É certo que ninguém pediu o "French Disco", o "Super Electric", o "Ping Pong" ou o "Interlock", temas célebres dos Stereolab, mas notou-se que a noite podia ter sido muito diferente se algum do gelo tivesse derretido. Algumas das tentativas não sortiram muito efeito, como o pedido de tradução dum título em francês e só a versão, quase no final, da lindíssima "By the Sea" de Wendy & Bonnie, duo dos anos sessenta recuperado por gente como os High Llamas, conseguiu melhor sorte, mas, mesmo assim, sem que a plateia tivesse forçado posteriormente qualquer encore. Depois de oficialmente terminado o concerto viveu, então, o seu principal momento, quando Sadier voltou ao palco passados alguns minutos, para tocar, só para alguns, um tema (qual?) dedicado a uma aniversariante especial. Aí sim, já sem receios, tudo soou perfeito e CRIStalino!

2 comentários:

Hug The DJ disse...

Uma tocante versão de "AT LAST I AM FREE", dos Chic. Valeu!

:)

José Miguel Neves disse...

Valeu mesmo! Não conhecia... Estará, por acaso, nalgum disco perdido na imensidão anárquica dum computador instalado num barraco? ;-)
kiss