segunda-feira, 8 de março de 2010

ANE BRUN, Casa das Artes, V. N. Famalicão, 06 de Março de 2010


Não é a primeira vez, nem será de certeza a última, que Famalicão vive uma noite tão perfeita como a de sábado passado. Som e luz de sala irrepreensíveis, público calmo, respeitador, expectante e pronto a ser surpreendido e uma artista a medir-lhe o pulso, transbordando simpatia e, acima de tudo, talento. Ane Brun, na companhia da violoncelista Linnea Olsson, foi desenrolando, subtilmente, o seu novelo de canções, qual delas a mais bonita e, num abrir e fechar de olhos, já o concerto tinha mais de uma hora! Entre a maior parte dos temas, Brun foi-nos contando histórias de vida ou de sonhos, de amores ou separações, aproveitando para praticar o seu fluente castelhano aprendido numa antiga estadia em Barcelona, numa presença em palco verdadeiramente sábia. Confessou a surpresa pelo convite, aceite, que Peter Gabriel lhe endereçou para cantar nos próximos e exclusivos
concertos europeus de apresentação do disco de versões do ex-Genesis e, claro, ficamos todos a sonhar com uma viagem a Paris ou Londres. Contudo, de volta à terra, a sala foi-se rendendo à notável e harmoniosa simplicidade dos arranjos que uma guitarra e um violoncelo possibilitam e ao embalo contagiante duma voz tão quente. Na única interpretação ao piano, escolheu o recomendado “Another world” de Antony para recordar a luta colectiva por um mundo mais respeitador do ambiente, mas num ápice regressou à guitarra com “The Treehouse Song”, talvez o tema mais reconhecido pelo presentes. O encore, obrigatório, fez-se de duas versões, transformando o quase inaudível “Big in Japan” dos Alphaville e “It`s Allright (Baby`s Coming Back)” dos Eurythmics, em pérolas folk de fazer crescer água na boca. A meias com o público rendido tempo ainda para o encantador “Rubber & Soul”, um final à medida duma noite tão afectiva.

Antes de Ane Brun subir ao palco e ao jeito duma mini primeira parte, a violoncelista Linnea Olsson apresentou três temas da sua autoria a que devemos estar muito atentos num futuro muito próximo. Canções como “Ah”, "The ocean" ou “Dinosaur” são momentos pop assinaláveis que a artista gravou em CD caseiro simpaticamente vendidos no final no foyer do teatro.

1 comentário:

Anónimo disse...

Eu também estive lá e foi de facto um concerto fabuloso e deslumbrante! Foi um momento especial.
Excelente "review" do concerto.