Isto de festivais citadinos em dia de trabalho é uma consumição. Chegar cedo para nós era, no mínimo, ainda espreitar os Wild Nothing o que viria a acontecer já a banda "planava" em ambiente soalheiro e, não fora o vento, primaveril. Com este aperitivo gostoso caíram que nem ginjas algumas das malhas que a banda vem lançando nos seus discos ou não fossem "Summer Holiday" e "Nocturne", por exemplo, verdadeiras jóias pop. Para começar, não se podia pedir melhor receita!
Com as The Breeders em cima do palco e olhando para a imensa plateia deu para perceber a dimensão da enchente deste primeiro dia o que adivinhava muita "luta" para os melhores lugares. Mesmo assim, não foi muito agitada apresentação de "Last Splash" pelas irmãs Deal e companhia. Sorridentes, bem dispostas e de alinhamento óbvio, mostraram descontracção a roçar o desleixo mas os temas foram sempre bem recebidos com epicentros esperados em "Cannonball" e "Divine Hammer" e até direito a outras canções de outros discos já mesmo no fim. Sem deslumbramentos mas saboroso.
Os Dead Can Dance nunca nos fizeram mal nenhum. Nunca, sem explicação, lhes demos atenção embora haja uma geração um pouco mais nova que os idolatra, veneração notória em muitos semblantes e posturas. Bem experimentamos alguns dos temas iniciais e até os registamos em video, mas desistimos pouco tempo depois com a barriga a dar horas... Um sacrilégio, dirão alguns, um alívio diremos nós!
Não sabemos, claro, o calibre dos concertos que ainda faltam. Temos uma ideia de que há fortes hipóteses de acontecerem momentos grandes mas será muito difícil alcançar o nível de Nick Cave, o verdadeiro senhor! Endiabrado e provocante na companhia de uma banda de cúmplices que são os The Bad Seeds, o homem esteve imbatível na interacção com o público, principalmente o mais perto do palco, agitando as almas com um alinhamento soberbo, sabido e em crescendo, com novos clássicos do mais recente disco e clássicos de sempre sem idade. Momentos altos? Todos, mas aquele "I'm vibrating look at me know" até fez parar o vento gelado. Yes, sir!
Repetente no festival, Bradford Cox tem pelo Porto recordações e amores antigos e o à-vontade com que se apresentou noite alta com os amigos Deerhunter não fugiu da tradição, ou seja, indie rock de fileira cerrada mas de garras múltiplas. Dividindo as vozes principais com Lockett Pundt, mentor do Lotus Plaza, o concerto não desiludiu mas, muito sinceramente, também não deslumbrou. Mesmo assim, gostamos particularmente de um "Dream Captain" que fez mossa.
É a música de James Blake demasiado grande para pequenas plateias ou será o contrário? Como muitos, gostaríamos muito de o ver numa média sala, sem sobressaltos onde toda a subtileza da composição fizesse mais sentido mas não se pode ter tudo. E tê-lo a encerrar a noite, fria por sinal, acabou por ser compensador atendendo a que o "fenómeno" só tenderá a multiplicar-se. Culpa de muito brilhantismo agarrado a um subtil estilo de base electrónica, seja lá o que isso for, mas cujo resultado, como se provou ontem, tem já uma multidão de adeptos. O seu talento comprovado impossibilita imaginarmos até onde o poderá levar, mas, venha o que vier, a versão de "Limit To Your Love" de Feist continuará a ser intemporal e mesmo imbatível. Em grande!
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