quarta-feira, 31 de julho de 2013
TYLER, O CRIADOR
Se já havia boas razões para não perder os concertos de Damien Jurado de início de Setembro em Lisboa ou na Galiza, torna-se agora um sacrilégio não comparecer! É que na primeira parte estará William Tyler, criativo guitarrista de Nashville que tem no disco deste ano "Impossible Truth" uma máquina multiplicadora de sonhos prontinha a surpreender. Exemplo disso é este "A Portrait of Sarah" para o qual foi realizada uma pequena curta-metragem de homenagem ao filme "Two-Lane Blacktop" de 1971, um road-movie onde apareciam, entre outros, o Dennis Wilson dos Beach Boys ou o James Taylor como motorista, protagonismo que o próprio Tyler assumiu reencarnar. Boa!
terça-feira, 30 de julho de 2013
ERLEND OYE, O ITALIANO!
O inconfundível Erlend Oye, agora a viver em Itália, gravou com os parceiros dos Whitest Boy Alive uma canção chamada "La Prima Estate" onde canta em italiano uma história inspirada no dia de graduação da amiga Lucia. Viva o verão! A vida é bela!
TEMPOS MODERNOS
Só agora topamos que "Funtimes In Babylon", uma das melhores canções do álbum "Fear Fun" de Father John Misty, teve direito a video dirigido por Grant James e pelo próprio Josh Tillman. Tempos de caos e óbvio sarcasmo em estilo VHS. Topamos ainda que o homem tem até direito a um perfume...
segunda-feira, 29 de julho de 2013
DAVID LYNCH E A MÚSICA
A propósito do último álbum "The Big Dream" por aqui deixamos um pequeno filme que esclarece como David Lynch descobriu a arte da música, ele próprio um non-musician, como humildemente confessa...
EU & O SPRINGSTEEN!
Estreou na semana passada em mais de 200 cinemas de 50 países (em Portugal passou, claro, ao largo...) o filme documento "Springsteen & I". Realizado por Baillie Walsh e com produção executiva de Ridley Scott, a película apresenta uma visão íntima do Boss a partir de testemunhos, fotografias e filmagens inéditas submetidas e disponibilizadas pelos próprios fãs. Em alguns locais a exibição contou ainda com passagem de alguns minutos do concerto de Julho de 2012 no Hyde Park londrino onde Paul McCartney deu uma perninha, material certamente a incluir na versão de DVD.
domingo, 28 de julho de 2013
sábado, 27 de julho de 2013
(RE)LIDO #50
NEVERLAND
THE UNREAL MICHAEL JACKSON STORY
de Simon Crump. Londres: Old Street Publishing, 2009
Ao longo da última década as notícias sobre a inacreditável vida de Michael Jackson fizeram as delícias da imprensa cor-de-rosa e não só. Um cocktail explosivo de excentricidades, bizarrias e inadequados comportamentos conduziram, na maioria das vezes, a que quase fosse esquecida a razão de ser tamanho êxito - a qualidade da voz, das canções, da maioria dos álbuns e até, vá lá, dos seus espectáculos. O estatuto de icone pop tinha uma faceta subversiva que se alimentava até à exaustão de todo este espectáculo e Jackson não soube nunca como se defender do viral e constante assédio, facilitando com as suas atitudes e incongruências a multiplicação do circo. Inspirado nele, Simon Crump escreveu um conjunto de historinhas soltas que, longe do estatuto de romance, tem por guião aqueles episódios e situações a que o rei da pop nos foi habituando: o rancho de Neverland, a Lisa Marie Presley, os animais, os fãs, as criancinhas ou os inesperados casamentos, em que assume papel principal um tal Lamar, antigo segurança de Elvis Presley, contratado anos depois para todo o serviço... O autor, que tinha já escrito um primeiro livro do género sobre o próprio Elvis com direito até a banda desenhada animada, não se fez rogado e, carregando na subversão, diverte-se a imaginar cenários em que Jackson tem, juntamente com um tal Uri, o papel de... palhaço! E, sendo assim, não há limites para linguagem, a repetição, o exagero e mesmo o obsceno. Crump não contava era com uma coincidência - o livro acabaria por sair pouco tempo depois da morte de Michael Jackson e por isso viveu, entre algumas polémicas, um êxito contido mas compreensível. Absurdo ou repelente, misterioso ou lunático, serão muitos os adjectivos para uma obra intrigante e divertida como esta mas que, penosamente, nos questiona também sobre a decadência de uma face previsível e, certamente, fragmentada de um mito.
sexta-feira, 26 de julho de 2013
THESE NEW PURITANS NA BBC
O magnífico "Field of Reeds" dos These New Puritans, um dos álbuns do ano e que tem uma atraente edição em vinil duplo com um dos lados gravado com um desenho, teve apresentação no início do mês pelos estúdios de Maida Vale da BBC para o programa de Zane Lowe. A sessão teve a contribuição, agora obrigatória, de Elisa Rodrigues que esteve também com o trio na gravação do disco e em algumas apresentações ao vivo, como aconteceu em Madrid no final de Junho. Esperamos, sinceramente, que a digressão dos TNP acabe por chegar a uma sala por perto.
quinta-feira, 25 de julho de 2013
FESTIVAL SAN SIMON CANCELADO
Por motivos óbvios, atendendo à tragédia ferroviária de ontem perto de Santiago de Compostela, o atractivo Festival San Simon que deveria decorrer na ilha com o mesmo nome ao largo de Vigo no próximo fim-de-semana foi cancelado, procedendo-se a partir de hoje à devolução do dinheiro dos bilhetes. A organização tem por hábito não anunciar os nomes que por lá passam e, sendo assim, fica no segredo o alinhamento previsto para este ano. Contudo, algumas das bandas e artistas coincidem quase sempre com o cartaz do Milhões de Festa que decorre no mesmo período. A decisão está, no entanto, a causar acesa polémica. Seja como for, um abraço de solidariedade!
WILLIS EARL BEAL, O ENCANTADOR
Como ficou bem expresso nestas páginas, a passagem de Willis Earl Beal por Paredes de Coura em Agosto passado foi um momento que, de tão inesperado, nos causa ainda hoje alguns arrepios. Sozinho em palco, como em quase a toda sua vida, Beal gravou o fundo instrumental das canções do primeiro disco para um Revox e depois juntou-lhe imaculadamente a sua voz quente e magnífica. É ela que se destaca novamente em dois pedaços já conhecidos de um segundo disco de originais com saída marcada para Setembro pela XL Recordings, editora que decidiu, e bem, dar uma verdadeira oportunidade a tão grande artista. O álbum chama-se "Nobody Knows" e tem na capa o desenho que habitualmente o Beal passeia orgulhosamente nas suas t-shirts por esse mundo fora. A digressão europeia "The Church of Nobody Tour" que começa no mesmo mês não tem ainda datas portuguesas, o que seria uma pena atendendo ao fascínio que o nosso recanto lhe causou. Deixem-se encantar!
quarta-feira, 24 de julho de 2013
(RE)VISTO #54
PORTISHEAD - ROSELAND NEW YORK
directed by Dick Carruthers
EU; Lemon Films/Go Beat, DVD, 1998/2001
Passam hoje dezasseis anos sobre o primeiro concerto dos Portishead na cidade de Nova Iorque. Nesse dia 24 de Julho de 1997 o palco do Roseland Balroom foi o escolhido para um espectáculo na companhia da New York Philamonic, embora ainda hoje seja duvidoso que o colectivo clássico tenha efectivamente participado na experiência. No booklet do DVD não há, aliás, uma única referência ao nome da orquestra! Aí se experimentaram arranjos e novos efeitos sonoros a muitas das canções dos dois discos da banda, duas peças brilhantes que haveriam de cintilar ao vivo, para todo o sempre, pela Zambujeira no ano seguinte. Inicialmente, alguns destes temas fizeram parte de um CD com o mesmo nome recebido pelos fãs com alguma reserva e a que logo se seguiu a edição em VHS que recordamos ter visto em casa de primos numa noite de fim-de-ano e até em posteriores emissões televisivas. Causava estranheza a disposição da sala, o público sentado no chão ou em pé rodeando os músicos, os microfones e o corropio das câmaras, mas não mais esquecemos a Beth Gibbons de cigarro na mão escondendo um nervosismo notório e a destreza do samplador à custa de dois pratos e respectivos vinis. Quando ao fim de todos estes anos as imagens voltaram a passar-nos pelos olhos com uma qualidade redobrada, não haverá razões para não perceber que os riscos assumidos valeram mesmo a pena, sendo este um daqueles momentos vitais a que uma boa enciclopédia da música terá que fazer referência elogiosa e classificar como "clássico obrigatório". A apoteose está, quanto a nós, nos verdadeiros violinos ao longo do emocionante "Roads" (minuto 58:15 abaixo) a que se somam uma série de extras ou bónus que, para além dos videos oficias para cinco das canções da banda, apresenta uma notável trilogia de pequenos filmes com destaque para "To Kill a Dead Man", uma enredada curta a preto e branco protagonizada pelos próprios. Um grande exemplo, de uma grande banda!
(RE)LIDO #49
PERDIDOS NA AMÉRICA
de Joey Goebel.Lisboa: Edições ASA, 2009
"Cinco pessoas que o inconformismo une numa amizade improvável e naquela que será a banda de rock mais estranha do mundo."
O livro de bela capa em relevo e com este pequeno teaser impresso na contra-capa prometia. Sem sequer conhecer o autor, acabamos por não resistir a libertá-lo do monte ao desbarato e a atirá-lo para a cesta do hipermercado entre iogurtes magros e barritas energéticas... "Deve dar para descomprimir" pensamos na altura, mais um para empilhar ao pó em cima do guarda-vestidos à espera de uma oportunidade que acabou por chegar na passada cinzenta tarde de domingo. E então? Então, it rocks! Da tal banda chamada The Anomalies, título da obra no original americano, fazem parte, vejam bem, uma miúda de oito anos de pais ausentes e transviados, a sua babysitter de oitenta, um iraquiano emigrado à procura do perdão de um ianque que alvejou na Guerra do Golfo, uma filha boazona de um padre libertário e um idealista insistente com doze irmãos traficantes de droga! O autor, que é também compositor de canções e frontman de uns tais Dr. Layer (cujo primeiro álbum prestes a sair receberá o título de "Como Fail With Me"...) e que até já passou por uma fase punk com os seus Mullets, encarrega-se de qualificar o seu esforço como "comédia literária", sendo esta a primeira de assinalável êxito pela Europa, continente onde já fez tours literárias, não por simples livrarias ou bibliotecas, mas, claro, por clubes de rock! O guião é o de sempre - ensaiar muito para o primeiro concerto e sonhar com o êxito planetário - mas até à afirmação do seu power-pop new wave heavy metal punk rock (sic) vão-se entremeando situações bizarras, diálogos estranhos e divertidos, um misto ficcional que poderia decorrer simultaneamente em episódios ácidos de "Erva" ou "Californication". A brincar com a música, atacam-se frontalmente alguns dos tabus eternos da sociedade americana como a homossexualidade, o negócio da droga, a guerra, o desemprego ou a religião em anárquicas histórias de vida que, por isso mesmo, davam um belo filme ou uma negra série de fim de noite. Para já, é simplesmente um belo livro.
NOVO DISCO DOS FANFARLO
terça-feira, 23 de julho de 2013
(RE)VISTO #53
PEARL JAM - TWENTY
de Cameron Crowe. EU; Monkeywrench Inc./Sony Music, DVD, 2011
Sabemos bem o qual era a euforia que a banda de Seattle espalhava por esse mundo fora há mais de quinze anos. Letras na ponta da língua, energia contagiante e, no caso português, uma estreia apoteótica e caótica no demolido Pavilhão de Cascais em 1996, donde saímos rendidos, suados e, sinceramente, satisfeitos (por falar nisso, o concerto está todinho no youtube). O limite dos Pearl Jam parecia nessa época longe de prever, mas notava-se sempre por parte da banda o despoletar de uma série de travões preventivos em jogadas de auto-defesa na tentativa de acalmar uma ascensão rápida mas, notoriamente, perigosa. Perceber a explosão do fenómeno não será difícil de explicar (só o terceiro de originais "Vitalogy" editado em 1994 vendeu 5 milhões de cópias) numa época de pleno auge do chamado grunge e glorificação da MTV. Mais difícil seria, no entanto, documentar com eficácia tamanho fenómeno sem resvalar para a trivialidade e maneirismo chato. O que Cameron Crowe desenvolve ao longo dos 120 minutos deste filme comemorativo tem, pelo menos, uma virtude - está cá tudo: a formação, os primeiros concertos, as rivalidades, o Eddie Vedder trapezista (que em Cascais quase que acabava mal...), o chamamento da MTV, a moda grunge, o afrontamento à Ticketmaster, a relação e amor e ódio com os Nirvana ou o abanão do acidente de Roskilde onde morreram nove fãs. Quando regressaram em 2000 a Portugal para um concerto no Pavilhão Atlântico fomos a correr comprar o bilhete, mas a sua posterior transferência para o relvado do Restelo foi como uma facada na confiança que ainda tínhamos na banda e sentimo-nos quase traídos. Serve, assim, o documentário para nos esclarecer melhor os últimos dez anos de altos e baixos, período em que acabamos por ouvir na mesma todos os discos editados mas com uma distância emocional bem diferente. Percebe-se pelo filme que o perigo de implosão dos Pearl Jam é, no fundo, sempre real mas uma rara amizade e amor à música fazem da banda um caso único de imprevisibilidade e inquietude. Por falar nisso, anuncia-se para Outubro mais um disco de originais a que certamente não vamos passar ao lado. Que venham mais vinte anos... ou discos!
WARPAINT BORRAM A PINTURA
O cancelamento do concerto de Cass McCombs previsto para 4 de Maio na Casa das Artes de VNFamalicão foi compensado, na altura, pelo anúncio do regresso das Warpaint a palcos portugueses em Novembro próximo (Aula Magna dia 12 e Hard Club no dia 13). Pois bem, sabe-se agora que estas datas foram canceladas por "motivos de agenda", embora não haja notícia de semelhante resultado noutras cidades europeias! Estranho... O melhor será mesmo boicotar toda e qualquer notícia prévia. À cautela...
JUSTIN GOES WILCO
O incrível disco "Grownass Man" dos The Shounting Matches, mais uma encarnação de Justin Vernon/Bon Iver, é um dos nossos "refrescos" deste verão. Boa onda, bluesy q.b., com os Wilco sempre à espreita como neste "Gallup, Nm" de longo solo de guitarra no final a la Nels Cline...
segunda-feira, 22 de julho de 2013
(RE)LIDO #48
NICK DRAKE - THE PINK MOON FILES
de Jason Creed. Londres; Omnibus Press, 2011
A nossa reacção à descoberta mágica da música de Nick Drake, a partir da compilação "Way to Blue" editada em 1994, foi igual à de muitos outros para sempre "afectados" - tentar obter o máximo de informações, discos, sons, fotografias, filmes, etc. que nos pudessem conduzir a uma percepção justa sobre o porquê de tamanha qualidade. Na altura, a internet dava os primeiros passos e mostrava-se como a fonte ideal e quase única para o desbravar do mistério, uma demanda virtual, mesmo assim, bastante repetitiva e reduzida a um ou dois sites exclusivamente dedicados ao músico, um deles ainda hoje disponível mas não actualizado. Outra referência obrigatória desses tempos era o nome de Jason Creed, um jovem também ele recém convertido à genialidade de Drake e que, como nós, queria compreender, absorver e espalhar a sua música tão injustamente desconhecida. Fundou, para o efeito, um simples fanzine em papel a5 de 24 páginas a que deu o nome de "Pink Moon", título do terceiro e último álbum de Drake e também de uma mítica canção a que até o miúdo Jake Bugg não resiste. Com contribuições de uma multiplicidade de fãs sempre expectantes por novidades e revelações e depois de colocar anúncios em revistas e publicações musicais solicitando a compra ou permuta de artigos de imprensa, testemunhos, gravações, etc., cedo a publicação se tornou um êxito intercontinental. Entrevistou amigos, músicos, produtores e tantos outros que privaram directamente com o músico, procurando colaborações diversas e inusitadas para que a dimensão artística fosse amplamente percebida ou esclarecida. Em 2000 e ao fim de 19 números e mais de 10.000 exemplares vendidos, Creed perdeu, sem razão aparente, o entusiasmo e o fanzine foi adiando o regresso que nunca viria a acontecer. A importância da sua dedicação valeu-lhe, dez anos depois, o convite da Omibus Press para realizar uma compilação dos preciosos artigos e que decidiu dividir em temáticas abrangentes, tal como álbuns, actuações ao vivo, livros, gravações raras, tributos, filmes ou televisão, bem como um capítulo dedicado a Tanworth-in-Arden, recanto do coutryside inglês onde Nick Drake nasceu e faleceu e um outro, por sinal bem interessante, sobre a psicologia inerente ao seu fatal destino. Creed tornou-se, desta forma, um expert conceituado na temática a que biógrafos ou realizadores acabaram por recorrer firmes da sua válida contribuição - curiosa a sua participação no documentário "A Stranger Among Us" passeando por Glasturnbury de foto de Drake na mão perguntando "Do you know this man?".
Como certamente notam, temos lido, ouvido e visto muita coisa sobre Drake, de livros a programas de rádio, tv, documentários ou filmes e, mesmo assim, quando fechamos este livro acabamos a matutar no nível de informação aprendida, verdadeiros "ficheiros secretos" finalmente resolvidos e concluídos. Haverá, no entanto, uma imensidão de "enigmas" ainda por deslindar que, certamente, o tempo acabará por resolver e muitos outros que entretanto surgirão. Aqui ficam dois não incluídos neste "arquivo": será Nick Drake aquele personagem alto de negro e longo cabelo a passear-se por um "festival" e o que raio faz o lindo "From the Morning" num spot da At&T? Miudezas...
COSTELLO E OS THE ROOTS, FINALMENTE!
O muito aguardado disco "Wise Up Ghost" que junta o mestre Elvis Costello aos The Roots está prestes a rebentar e este é para já um primeiro e cativante adiantamento.
sábado, 20 de julho de 2013
(RE)VISTO #52
NICK CAVE & THE BAD SEEDS
THE ABBATOIR BLUES TOUR
EU. Mute Records, DVD, 2007
São já muitas as saudades da magnífica noite do último Primavera Sound portuense onde Nick Cave e os seus Bad Seeds não deram hipótese a qualquer concorrência para o primeiro lugar de um suposto pódio de melhores concertos. No calor intenso desse momento, recordamos os já longínquos espectáculos do artista pelo Porto em Coliseus lotados e muito suados, sufocantes apresentações ao vivo que julgávamos irrepetíveis. Estivemos anos sem voltar a tamanho caldeirão sonoro, damn, principalmente as digressões relativas a um disco de Cave que nos deixou, na altura e mais uma vez, rendidos. Já lá vão quase dez anos e "Abbatoir Blues/The Lyre of Orpheus" surgia como uma lição de mestre em dois andamentos, com canções de puro rock e uma elegância pop admirável. Em Fevereiro de 2003, Cave deu dois concertos quase a solo, sem os Bad Seeds, no CCB de Lisboa e só apresentaria o tal disco no mítico Paredes de Coura de 2005, mas, de férias pelas baleares, acabamos por não comparecer, damn it! A aquisição deste DVD foi, assim, uma tentativa de disfarçar essas perdas já distantes e a que só agora lhe demos uma verdadeira e gostosa oportunidade. São dois concertos em dois discos diferentes, ambos por Londres em salas históricas como a Brixton Academy e o Hammersith Apollo, espectáculos lineares sem sobressaltos ou euforias desmedidas e de realização sóbria e notável simplicidade. Valem as canções, muitas imerecidamente esquecidas como "Easy Money", "Nobody's Baby Now" ou "Get Ready For Love" e alguns clássicos obrigatórios como "The Ship Song" ou "Stagger Lee" com um Cave algo contido tendo em conta a fúria com que atacou as mesmas canções no Parque da Cidade. Há ainda alguns extras documentais sobre a gravação do disco por França e a realização de telediscos como é o caso do video para "Bring it On" com a colaboração do conterrâneo Chris Bailey, grande canção do álbum "Nocturama" de 2003 ou a inclusão de uma série de videos promocionais - notável o "Breathless" abaixo. Uma lição visual sobre um artista que Portugal se habituou a venerar e que tem neste registo mais uma prova da sua grandeza.
sexta-feira, 19 de julho de 2013
quinta-feira, 18 de julho de 2013
(RE)VISTO #51
TIM BUCKLEY - MY FLEETING HOUSE
EU: Manifesto, DVD, 2007
Enquanto aguardamos a oportunidade de deitar os olhos ao filme onde, supostamente, se reconstitui a mítica aparição de Jeff Buckley num concerto de homenagem ao seu pai, pareceu-nos preventiva uma confirmação inequívoca da famosa aura que Tim Buckley alcançava ao vivo. Não tivemos, obviamente, hipótese de o confirmar presencialmente, mas esta colectânea de perfomances em alguns programas de televisão em Inglaterra, E.U.A. e Holanda, datadas entre 1967 e 1974, não deixa lugar a dúvidas. Quando Tim de guitarra em punho se aproximava do microfone e, de olhos cerrados, soltava a sua voz para tão grandes canções, só pode haver uma comparação possível - o seu filho Jeff. Depois, nas entrevistas e testemunhos feitos a Larry Becket (co-autor de muitos dos temas), Lee Underworld (o seu guitarrista) e David Browne (que escreveu um livro sobre Tim e Jeff) que intercalam as actuações, confirmam-se um conjunto de atitudes e anseios perante a vida e a música que, de tão semelhantes, só se explicam pela hereditariedade. Sem limites para experiência, agarrando todas as formas de contínua aprendizagem, sem pudores e vénias perante uma sociedade, na época, em mutações mirabolantes, Tim demonstra nestas pequenas "janelas" para o mundo permitidas pelo fenómeno televisivo um desafio constante ao status quo em vigor. Improvisação, temas inéditos ou arranjos mirabolantes não são riscos ocasionais ou simples afrontamentos, mas a demonstração clara de um espírito aberto e sempre irrequieto confirmado por uma diversificada e inqualificável discografia, um "mundo" de sonoridades ainda e sempre à espera de ser descoberta. Entre as 14 gravações ao vivo perante as câmaras reunidas neste filme e que estão, aliás, disponíveis online, há muitos exemplos desta diversidade e intensidade cintilantes, veja-se e reveja-se este irresistível e memorável momento!
CARA ESTRANHA, PRIMEIRO O LIVRO
O curioso projecto "Strange Face", já devidamente apresentado por aqui, sobre uma quase perdida e desconhecida versão da canção "Cello Song" de Nick Drake, salva in extremis antes de ir literalmente para o balde do lixo, terá em Agosto uma edição em livro. Era intenção do seu autor e mentor Michael Burdett produzir um documentário sobre toda esta aventura, mas para já e certamente por dificuldades de financiamento, a edição em papel de algumas das histórias e fotografias captadas entre a centenas de sortudos que já ouviram o tal inédito é a única com data marcada.
terça-feira, 16 de julho de 2013
segunda-feira, 15 de julho de 2013
3X20 JULHO
. SIMIAN MOBILE DISCO - Supermoon (Bonus Track)
. BOARDS OF CANADA - Cold Earth
. MOUNT KIMBIE - Home Recording
. SNOWDEN - Keep Quiet
. HOT CHIP - Ends Of The Earth
. PONI HOAX - Down on Serpent Street
. !!! - Except Death
. VAMPIRE WEEKEND - Diane Young
. ELEANOR FRIEDBERGER - When I Knew
. QUEENS OF THE STONE AGE - I Sat By the Ocean
. IGGY & THE STOOGES - Gun
. DAVID BOWIE - The Stars (Are Out Tonight)
. THEE OH SEES - No Spell
. YEAH YEAH YEAHS - Slave
. SAVAGES - City´s Full
. TOY - Dead & Gone
. PAUL BANKS - Young Again
. THE NATIONAL - Graceless
. MATT POND - Go Where The Leaves Go
. SOFA SURFERS - Begin (The Shadow Line) feat. Mani Obeya & Jonny Sass
. THE RUBY SUNS - In Real Life
. UNKNOWN MORTAL ORCHESTRA - So Good At Being In Trouble
. SHOUT OUT LOUDS - Chasing The Sinking Sun
. DUCKTAILS - Assistant Director
. DJANGO DJANGO - Love's Dart
. DAUGHN GIBSON - Phantom Rider
. MIKAL CRONIN - Don't Let Me Go
. CAMERA OBSCURA - This Is Love (Feels Alright)
. COCOROSIE - End Of Time
. WOODPECKER WOOLIAMS - Gull
. LEVEK - With A Slow Burn
. WAVE MACHINES - Sitting In A Chair, Blinking
. THESE NEW PURITANS - Field of Reeds
. TAKEN BY TREES - Dreams
. LAURA MVULA - That's Alright
. SOLANGE - Losing You
. JESSIE WARE - Running
. LIANNE LA HAVAS - Everything Everything
. SAINT ETIENNE - Heading For The Fair
. LITTLE BOOTS - Motorway
. KYLIE MINOGUE - All the Lovers (Abbey Road session)
. JONATHAN JEREMIAH - Lazin' In The Sunshine
. THE BEACH BOYS - That's Why God Made The Radio
. THE GROWLERS - Pet Shop Eyes
. DEVENDRA BANHART - Für Hildegard von Bingen
. JOHNNY MARR - New Town Velocity
. WILD NOTHING - Through The Grass
. STILL CORNERS - I Can't Sleep
. THE DODOS - The Ocean
. JOSH ROUSE - The Happiness Waltz
. SHE & HIM - Shadow of Love
. SIMONE WHITE - What The Devil Brings
. JENNY O. - Opposite Island
. TORRES - Jealousy And I
. LAURA MARLING - Where Can I Go?
. RHYE - One of Those Summer Days
. IRON AND WINE - Sundown (Back in the Briars)
. MARK EITZEL - I Know The Bill Is Due
. XIU XIU - The Oldness
. PAUL BUCHANNAN - Have You Ever Been Lonely?
domingo, 14 de julho de 2013
(RE)VISTO #50
TALIHINA SKY: THE STORY OF KINGS OF LEON
de Stephen C. Mitchell e Casey McGrath
EU: RCA/Sony Music, DVD, 2011
Os Kings Of Leon são uma das últimas bandas rock que
nos fazem vibrar. Desde o primeiro disco, já lá vão dez anos, não resistimos à
sua contagiante energia traduzida em canções de pura raça. Não foi fácil, contudo,
que o sucesso ganhasse expressão planetária e, apesar de uma excelente recepção
por Inglaterra, os KOL tiveram que, entre polémicas diversas, esgravatar
afincadamente até que o reconhecimento lhes batesse definitivamente à porta. Basta
estar atento ao caso português para perceber esse trajecto, com uma presença quase incógnita no RockInRio de 2004 e um posterior apagamento até que o hit “Sex On Fire” se encarregou de os encarreirar nas playlists das rádios e nas
páginas de mexericos das revistas…
Neste excelente filme acabamos por perceber as razões da sua atribulada história, uma inacreditável realidade de raízes familiares com base em Talihina, pequena localidade de Oklahoma onde tudo começou e se desenvolveu com base nos Followill, clã de tradição religiosa integrada no movimento pentecostalista. Amordaçados a muitas das restrições impostas, os irmãos e primos Followill viram na tradição e gosto pela música que atravessava os seus progenitores e antepassados a janela para a libertação. Tamanha mudança teve, claro, consequências rápidas para o bem e para o mal e o documentário consegue fazer-nos perceber, sem desvios desnecessários, a intensa e decisiva influência de tamanhas vivências umbilicais – por exemplo, o divórcio dos pais, a perca de fé - na construção das canções, nas massacrantes digressões e consequentes tensões profissionais. A profusão de testemunhos, imagens e filmes antigos da família, principalmente recolhidas na reunião anual na casa mãe e suas redondezas, funcionam como argumento quase ficcional de uma narrativa caótica e sufocante ao estilo sex, drugs and rock & roll desde os primeiros concertos às grandes arenas e festivais. Os KOL estarão logo pela segunda vez por terras lusas, reinando na última noite do Optimus Alive e, apesar de não estarmos presentes, este é sem dúvida uma excelente alternativa de sofá de visionamento obrigatório para quem, como nós, súbditos, tem ainda pela banda um enorme respeito que queremos ver confirmado, sem muitas esperanças, no próximo álbum de originais que se aproxima.
Neste excelente filme acabamos por perceber as razões da sua atribulada história, uma inacreditável realidade de raízes familiares com base em Talihina, pequena localidade de Oklahoma onde tudo começou e se desenvolveu com base nos Followill, clã de tradição religiosa integrada no movimento pentecostalista. Amordaçados a muitas das restrições impostas, os irmãos e primos Followill viram na tradição e gosto pela música que atravessava os seus progenitores e antepassados a janela para a libertação. Tamanha mudança teve, claro, consequências rápidas para o bem e para o mal e o documentário consegue fazer-nos perceber, sem desvios desnecessários, a intensa e decisiva influência de tamanhas vivências umbilicais – por exemplo, o divórcio dos pais, a perca de fé - na construção das canções, nas massacrantes digressões e consequentes tensões profissionais. A profusão de testemunhos, imagens e filmes antigos da família, principalmente recolhidas na reunião anual na casa mãe e suas redondezas, funcionam como argumento quase ficcional de uma narrativa caótica e sufocante ao estilo sex, drugs and rock & roll desde os primeiros concertos às grandes arenas e festivais. Os KOL estarão logo pela segunda vez por terras lusas, reinando na última noite do Optimus Alive e, apesar de não estarmos presentes, este é sem dúvida uma excelente alternativa de sofá de visionamento obrigatório para quem, como nós, súbditos, tem ainda pela banda um enorme respeito que queremos ver confirmado, sem muitas esperanças, no próximo álbum de originais que se aproxima.
CANÇÃO PARA HOJE
Não sabemos efectivamente a que 14 de Julho se referem os Shout Out Louds no tema titulado com essa data no seu último álbum "Optica" - ao feriado francês ou a uma outra qualquer festa sueca... Certo é que a canção, o novo single, tem agora uma revigorante remistura a cargo do amigo Jens Lekman e isso é sempre motivo de comemoração.
sábado, 13 de julho de 2013
CHELSEA WOLFE NO PORTO
O próximo festival Amplifest tem para já uma noite imperdível - no âmbito da digressão europeia conjunta os Russian Circles e a maravilhosa Chelsea Wolfe apresentam-se no Hard Club no dia 20 de Outubro. Eia!
(RE)LIDO #47
BICYCLE DIARIES
de David Byrne. London: Faber & Faber, 2009
Uma bicicleta, uma simples bicicleta, serve desde os anos 80 para que David Byrne se desloque no seu dia-a-dia pela cidade de Nova Iorque, hábito que mantém até hoje. Sempre que partia em digressão, negócios ou turismo, Byrne sentia falta da companheira e, por isso, a solução foi comprar uma dobrável que coubesse numa mala, para mal dos empregados dos vários hotéis por esse mudo fora surpreendidos com o peso a carregar até ao quarto. Desta forma estava o músico e artista habilitado a partir à descoberta das cidades por onde ia passando, de Instambul a Sidney, de Manila a Buenos Aires, passando obrigatoriamente por Londres e a própria Grande Maça. As incursões em duas rodas pelas urbes são contadas neste livro como histórias informais e ao jeito de entretenimento sobre assuntos diversos, a maioria obviamente relativos à circulação em bicicleta nesses locais, os seus constrangimentos e condicionalismos a que se vão acrescentando considerações admiráveis e aleatórias sobre design, moda, arquitectura, ambiente, tradições, racismo ou regimes políticos. Não há um roteiro prévio a abordar em cada um deles, o que transforma o livro numa constante surpresa e montanha-russa. A música está presente de forma ténue em muitas destas andanças, mas Byrne acaba por não lhe dar muita importância (há já um livro mais recente da sua autoria onde ela ganha toda a primazia), acabando por ser a sua perspicácia abrangente e terra-a-terra que nos agarra, desde logo, ao relato. Uma visão pessoal, a dar aos pedais, do que é ou podia ser um mundo mais perfeito e salutar e que pode ser ouvido na primeira pessoa através do áudio-livro disponibilizado no seu site e, aqui sim, com direito a banda sonora. Na próxima visita ao Porto prevista para o início de Setembro na companhia da menina Ann Clarck/St. Vincent, há muitos passeios encantadores que o artista e a menina deviam quase obrigatoriamente conhecer e, por isso, aqui fica o desafio e a nossa disponibilidade para os guiar pela Invicta, cidade cada vez mais enxameada de ciclistas. E agora, duas voltinhas por Nova Iorque… e longa vida para a bina, sem tombos!
sexta-feira, 12 de julho de 2013
AFINAL, A MANTA É PARA ESTICAR!
Há dias ficou-nos a dúvida, expressa por aqui, quanto à realização este ano do Festival Manta em Guimarães. Tivemos, entretanto, acesso a uma inside information que o confirma para os dias 5 e 6 de Setembro próximos, ou seja, o evento foi adiado em relação à sua tradicional data de final de Julho fazendo-o não coincidir com o Milhões de Barcelos. Quanto a nomes ou bandas agendadas nada sabemos, mas podemos especular: o senhor Damien Jurado trocou a ordem dos dois concertos galegos previstos para os dias anteriores e fica, assim, mais pertinho da cidade berço... Seria perfeito!
quinta-feira, 11 de julho de 2013
(RE)VISTO #49
VIOLENT FEMMES - NO, LET'S START OVER
EU: Universal Music Group, DVD, 2006
Na primeira metade dos anos 80 houve uma série de bandas pelas quais suspiramos fundo ver ao vivo, embora tamanha aspiração fosse na altura muito difícil de concretizar. Ele era os New Order, os Smiths, os U2 (a vinda a Vilar de Mouros em 1982 não vale...) ou os Violent Femmes. A k7 do álbum homónimo rodava a toda a hora no pequeno rádio leitor, um estouro sonoro onde era difícil escolher uma canção preferida e que durou anos em top's radiofónicos, matinés dançantes ou concorridas festas de garagem. Ainda hoje, como muitos, sabemos de cor as letras das canções e todos os seus tiques instrumentais mas só muito mais tarde tivemos oportunidade de os comprovar ao vivo. Não temos ideia quando se deu a estreia de Gordan Gano e companhia por terras lusas, mas o que é facto é que houve um período que a banda quase podia ter alugado casa por cá! Nessa onda, foi numa noite de Dezembro de 1999 que num coliseu do Porto a abarrotar acabamos por concretizar a tal antiga aspiração a que se seguiu, pelo menos, mais uma noite de queima. Aliás, a banda deve ter um recorde de presenças nas festas estudantis difícil de bater, de Lisboa a Coimbra, do Porto a Braga. Contudo, do que recordamos, a sensação de alguma frustração percorreu ambos os espectáculos, não uma completa desilusão pois as canções que queríamos ouvir acabaram naturalmente por ser tocadas, mas... A esse travo de insatisfação correspondia uma nítida falta da frescura rock a que sempre associamos o grupo, embora o prazo de validade dos seus hinos se mantenha intacto. O concerto captado em 24 de Outubro de 1984 no Lyceum Theatre de Londres reproduzido neste DVD, confirma que os verdadeiros Violent Femmmes eram mesmo um caso sério de originalidade sonora, uma irresistível receita que demorou a entranhar-se mas quando o conseguiu fazer foi para todo sempre. Há neste documento provas mais que suficientes dessa intemporalidade, embora as imagens ao vivo sejam de vez em quando interrompidas por algumas sequências preparadas previamente onde se pretende contar histórias a partir das líricas, uma tradição de época compreensível mas a que hoje podemos chamar ridícula. Mesmo assim, este é um documento recomendável e, principalmente, saboroso.
quarta-feira, 10 de julho de 2013
É TÃO FÁCIL, KID!
No próximo dia 24 de Agosto o miúdo Archy Marshall, ou seja King Krule, faz 19 anos e como prenda verá nessa data o seu primeiro disco de longa duração "6 Feet Beneath the Moon" ser editado em Inglaterra pela XL Recordings. Esperam-se simples canções de guitarra e voz, uma aparente facilidade que resulta de um talento nato para escrever maravilhas como esta "Easy Easy"...
PREFAB SPROUT, NOVO-VELHO DISCO?
Surprise! Anda por aí um disco de canções inéditas dos Prefab Sprout e isso é uma benção. Chama-se, aparentemente, "The Devil Came A-Calling" e, teorias à parte sobre a sua origem e enquadramento (há quem adiante até tratar-se de uma imitação...), os temas são Paddy MacAloon no seu esplendor, um som vintage inconfundível que muito agradecemos. Pormenores e parte da história podem ser lidos por aqui.
terça-feira, 9 de julho de 2013
IS IT SEPTEMBER YET?
Esta é capa de "Dream River", novo disco de Bill Callahan com saída prevista na Drag City no próximo mês de Setembro. Oito canções inéditas sobre as quais se sabe ainda muito pouco e que foram registadas numa localidade texana chamada Cacophony! Vai haver intensa digressão pelos EUA e de que se espera extensão quase obrigatória ao velho continente. Tal como pergunta a editora "Is it september yet?". Recordemos, irmãos!
segunda-feira, 8 de julho de 2013
REVISTO #48
THE STONES IN THE PARK
Direcção de Jo Durden-Smith e Leslie Woodhead
Londres: Granada Ventures, DVD, 2006
Ao fim de 44 anos os The Rolling Stones voltaram ao Hyde Park de Londres no sábado passado para um concerto onde estiveram 65.000 pagantes, número nada comparável às 250.000 almas (há quem afiance o dobro) que a 5 de Julho de 1969 ali se concentraram num sábado soalheiro para assistir de borla ao regresso da banda aos palcos. Brian Jones tinha falecido dois dias antes e, por isso, percebe-se melhor o ajuntamento e as homenagens então preparadas, onde Jagger leu parte de um poema de Percy Bysshe Shelley e se largaram, entre controvérsias várias, milhares de borboletas. O recém recrutado Mick Taylor estreava-se de fininho num palco ao lado de Richards e Wilmann nas guitarras (sábado voltou para tocar em "Midnight Rambler") e o som, apesar de restaurado para esta edição, não disfarça alguma carga roufenha e até fora de tom, o que até será compreensível para uns Stones, na altura, parados há meses e, em momento delicado, a apresentar pela primeira vez algumas novas canções. Mesmo assim, a patine colorida deste filme gravado pelo canal inglês Granada/ITV, só emitido no país dois meses depois, acaba por lhe dar uma aureola de época perfeita, um excelente retrato sócio-cultural de uma Inglaterra em choque de costumes e modelos mas ainda assim a manter alguns pergaminhos ecológicos e ambientais - assinalável a preocupação dos organizadores com as árvores do parque à custa das muitas pessoas nelas empoleiradas e a visível campanha de recolha de lixo pós-concerto a troco de um álbum do grupo... Estranha-se, ou talvez não, o bizarro contrato com os Hells Angels para a segurança da coisa mas o filme é percorrido por uma inesperada "calmaria" da multidão e uns Stones em recolhimento, muito longe das posteriores euforias ao vivo. Um documento notável, incomum mesmo nos grandes planos e outros efeitos e, o que é raro, autêntico. Aqui fica um edit (parece que durou quase 20 minutos) do irrepetível afro "Sympathy For the Devil" com que se encerrou a celebração e, se repararem bem aos 9:35, vejam lá quem também não ficou em casa!
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