sábado, 27 de julho de 2013
(RE)LIDO #50
NEVERLAND
THE UNREAL MICHAEL JACKSON STORY
de Simon Crump. Londres: Old Street Publishing, 2009
Ao longo da última década as notícias sobre a inacreditável vida de Michael Jackson fizeram as delícias da imprensa cor-de-rosa e não só. Um cocktail explosivo de excentricidades, bizarrias e inadequados comportamentos conduziram, na maioria das vezes, a que quase fosse esquecida a razão de ser tamanho êxito - a qualidade da voz, das canções, da maioria dos álbuns e até, vá lá, dos seus espectáculos. O estatuto de icone pop tinha uma faceta subversiva que se alimentava até à exaustão de todo este espectáculo e Jackson não soube nunca como se defender do viral e constante assédio, facilitando com as suas atitudes e incongruências a multiplicação do circo. Inspirado nele, Simon Crump escreveu um conjunto de historinhas soltas que, longe do estatuto de romance, tem por guião aqueles episódios e situações a que o rei da pop nos foi habituando: o rancho de Neverland, a Lisa Marie Presley, os animais, os fãs, as criancinhas ou os inesperados casamentos, em que assume papel principal um tal Lamar, antigo segurança de Elvis Presley, contratado anos depois para todo o serviço... O autor, que tinha já escrito um primeiro livro do género sobre o próprio Elvis com direito até a banda desenhada animada, não se fez rogado e, carregando na subversão, diverte-se a imaginar cenários em que Jackson tem, juntamente com um tal Uri, o papel de... palhaço! E, sendo assim, não há limites para linguagem, a repetição, o exagero e mesmo o obsceno. Crump não contava era com uma coincidência - o livro acabaria por sair pouco tempo depois da morte de Michael Jackson e por isso viveu, entre algumas polémicas, um êxito contido mas compreensível. Absurdo ou repelente, misterioso ou lunático, serão muitos os adjectivos para uma obra intrigante e divertida como esta mas que, penosamente, nos questiona também sobre a decadência de uma face previsível e, certamente, fragmentada de um mito.
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