sábado, 5 de outubro de 2013

(RE)LIDO #56





















A DESUMANIZAÇÃO
de Valter Hugo Mãe. Porto: Porto Editora, 2013
Depois de lermos no "JL" e no "Ípsilon" sobre a "deusa Bjork" os Sigur Rós e outros que tal, de vermos as magníficas fotografias islandesas comentadas na "Ler" a fazerem lembrar o deslumbrante filme "Heima", já para não falar na sisma com "bocas e rabos" confirmada na "Visão", descemos pela noitinha à livraria mais próxima, tiramos um exemplar dum género de expositor exclusivo (eia!) do livro, regressamos a casa depressinha e, com banda sonora nos ouvidos que julgávamos apropriada (os últimos do Múm e dos, claro, Sigur Rós), atacamos ferozmente a novidade. Menos airoso que últimos romances, a escrita sugeriu-nos um regresso aos tempos idos das minúsculas do "nosso reino", ambientes nortenhos e cinzentos de vidas desgraçadas e soturnas, nada, mas mesmo nada, felizes e, ainda assim, quase fantásticas. É na Islândia, mas podia ser em Caxinas profunda ou em Câmara de Lobos, que a gémea Halldora, agigantada pela morte da irmã mais velha, cedo nos inquieta a alma e os pensamentos em frases curtas e secas. A tal banda sonora escolhida era por esta altura um incómodo que demoramos a perceber não fazia sentido, de efeito irritante e, zás, retirados os auscultadores, num fôlego estávamos no fim da primeira parte. Respirar fundo e... é melhor parar. O resto fica para daqui a uns dias. Apagamos a luz. Sem sono e a matutar no raio da Halldora e no Einar, não demorou dez minutos para voltarmos para a segunda parte... até ao fim. Uma parte, por sinal, mais romanceada e luminosa, de frestas mais coloridas e uma personagem marcante, a magnífica Thurid, que toca um encantado orgão.
Um passo corajoso, mais um, de um Hugo Mãe ultra-dimensional e surpreendente e de quem ficamos à espera de uma, desde já, reclamada sequela que este "Saeglópur" em imagens, vai-se lá saber porquê, nos sugere!

      

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