segunda-feira, 6 de junho de 2016
NATURAL INFORMATION SOCIETY & GUESTS+SALLIM+ALEX MENDIZABAL+ANDRÉ GONÇALVES, Serralves em Festa, Porto, 4 de Junho de 2016
A edição soalheira do Serralves em Festa deste ano teve no campo musical uma diversidade contida mas, mesmo assim, bastante saborosa. A primeira prova dessa qualidade espraiou-se de forma cativante pelo Prado no final de tarde de Sábado quando o norte-americano Joshua Abrams e os seus Natural Information Society se apresentaram com alguns convidados portugueses (a saber, Angélica Salvi na harpa, Gustavo Costa e João Pais Filipe na bateria e Norberto Lobo na guitarra) numa "sessão" contínua trabalhada ao longo da semana. O resultado, entre o free jazz e algum rock improvisado, teve tanto de hipnótico como de libertador e onde se destacou o brandir das três cordas de um guimbri, instrumento marroquino que o próprio Abrams aprendeu a usar como pedra de toque da sua excelente música. O colectivo faria ainda uma apresentação semelhante (?) no dia seguinte só para alguns numa das salas de exposição do Museu de Serralves, que pelo que conseguimos testemunhar (uns curtos cinco minutos finais) fez também as delícias dos 80 sortudos!
Não deve ter sido fácil a estreia de Sallim no Porto. No ténis repleto, centrando as atenções, a lisboeta Francisca Salema de guitarra eléctrica em punho teve meia-hora para mostrar algumas das canções do seu álbum "Isula", um conjunto leve que balança numa simplicidade que só a juventude permite. Apesar de uma pequena mas notória "tremideira", Sallim conseguiu muitos aplausos e, acima de tudo, um reconhecimento sentido de um público transversal e atento que a acompanhou de princípio ao fim.
A biblioteca de Serralves, despida das mesas e das cadeiras mas onde os livros mantiveram a sua impecável disposição e verticalidade, foi o palco para um "concerto" verdadeiramente surpreendente. A façanha a cargo do espanhol Alex Mendizabel não seria "bonita" ou "fácil" como fez questão de avisar e vincar previamente de forma séria. Balões coloridos agarrados às paredes brancas serviriam de fio condutor único para uma experiência sonora intensa a requerer muita paciência e coragem! Manobrando cada um deles, abrindo ou fechando a torneira do ruído, do zumbido e seus derivados, Mendizabal conseguiu a proeza de nos manter atentos e em alerta durante os primeiros minutos e em que, tirando os poucos "desistentes", o uníssono do ruído "beat bit bite", título da perfomance, haveria de nos conduzir progressivamente a um estado de quase alienação e até prazer... Os livros, purificados, esses também agradeceram!
Bem tentamos outros eventos ou sessões, mas atendendo ao frenesim ou lotação, regressamos à biblioteca para trinta minutos de "música experimental" a cargo de André Gonçalves, uma composição contínua de efeito não imediato mas que a penumbra da sala e a excelente acústica tornariam aprazível e imersível.
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