Foto. "La Voz de Galicia" |
A simples compra de um bilhete para um concerto dos Wilco é, no nosso caso, um tremor. Pode ser a segunda, a terceira ou a quarta vez que os vamos ver em cima do palco que a expectativa e a ansiedade começam cedo acentuar-se de forma natural e só descansamos quando nos sentamos na cadeira da plateia. O espectáculo de ontem não fugiu à regra e, mesmo sem conhecer o espaço galego lotado há já alguns dias, só podia esperar-se mais uma apoteose de uma banda que ao longo dos últimos vinte anos tem imposto respeito entre os seus pares e brindado os fãs com discos descomunais. O último "Star Wars" que dá também nome à digressão, era assim o motivo ideal para a comemoração mas a setlist haveria de funcionar em jeito de best of, seja lá o que isso for entre a enorme dimensão do espólio sonoro da banda de Chicago. Sem aquecimentos, sem primeira parte, sem cenários e luzes exageradas, conta é a música que começou negra mas familiar entre novos e velhos clássicos como "Random Name Generator", "Art of Almost" e o monumental "Spiders (Kidsmoke)" mais à frente, todos a preparar o terreno que todos esperamos arrepiante e que dá pelo nome de "Impossible Germany". Há neste tema algo de transcendental na forma como o riff e melodia se encaixam na perfeição enquanto se aguarda que o guitarrista Nels Cline comece então a sua viagem inigualável de quatro minutos pelas cordas da guitarra, percurso e recurso que executa magistralmente de forma diferenciada, arriscada, soberba e arrebatadora de plateias que, como a de ontem e num impulso colectivo, saltou das cadeiras na primeira e mais intensa ovação da noite! Por termos ficado na segunda fila do lado onde Cline executou a sua perfomance, ontem foi também uma oportunidade para confirmar que, como ele, haverá muitos poucos que fazem da guitarra um tão fabuloso exercício de talento, ousadia e mestria. Notável ao ponto de Tweedy lhe fazer uma vénia e anunciar o seu nome, um exclusivo a que os outros colegas não tiveram direito! Aproximava-se o final mas o encore obrigatório traria uma boa surpresa - a banda juntou-se então na frente do palco para mais alguns temas em registo acústico, um momento de intimidade e proximidade reveladora da versatilidade e cumplicidade de seis músicos que fazem da sua profissão uma dádiva tão especial e sempre, mas mesmo sempre, comovente. Já suspiramos pelo próximo...
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