foto. facebook do Theatro Circo |
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A primeira noite do festival bracarense talvez se possa resumir ao jeito da velha máxima "vi o filme mas gostei mais do livro" ou vice-versa. Vamos lá às supostas explicações... por partes.
Na primeira, a estreia da jovem Alice Phoebe Lou acabou por constituir uma boa surpresa e, no nosso caso, uma redescoberta de uma artista a que demos alguma atenção na escuta de "Orbit", álbum que acabamos por esquecer perdido entre muitos outros num mar imenso de gigabytes. Bem disposta, a menina e o trio de acompanhamento conseguiram verdadeiramente aquecer a plateia entre algumas recordações e muitas canções novas de um disco a sair em Janeiro no que sugere ser um leque de composição bem aberto a influências como as de Jeff Buckley ou Angel Olsen e até de uns surpreendentes Timber Timbre de que arriscaram, e muito, uma versão da fantástica pérola "Hot Dreams" de 2014. Tamanho "bebedouro" teve tanto de açucarado como de fresco, um conjunto segurado numa experiência de alguns anos de estrada e muitas canções tocadas em ruas e praças que tinha um auge anunciado em "She", fenómeno de popularidade (mais de quatro milhões de olhadelas!) deixado para o final. Ou seja, o concerto é, até ver, melhor que o disco!
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Quanto a Marlon Williams, o seu regresso ao Minho depois de Paredes de Coura suscitava, desde há muito, uma nuvem de suspiros. Corrida a cortina, foi sentado junto do teclado que a voz poderosa do neozelandêz emergiu da penumbra em "Love Is A Terrible Thing" (?), o que não só não acalmou os ânimos como acelerou as expectativa para o que, previsivelmente, se adivinhava ser um crescendo espectacular. Não foi, contudo, isso que notamos. Já acompanhado da respectiva banda, sentimos que o concerto se perdeu numa primeira meia hora entre canções sem muita garra e, nalguns casos, mal calibrado como foi o caso perturbante de "Carried Way", uma cover de Barry Gibb de arrepiar os nervos... auditivos! Mesmo o inevitável "What Chasing You", canção superior que merecia um tratamento mais cuidado, tinha sido como que atropelada numa rodagem de palco que só começou a acertar na rota certa com o vibrante "Vampire Again", esse sim um momento pleno de intensidade e panache que Williams não mais perdeu mesmo que a agora amiga Aldous Harding não tenha comparecido para o acompanhar no monumental "Nobody Gets What They Want". Abram alas para o amor que, finalmente, o serão haveria de alcançar uma entusiasta onda de partilha e prazer que atingiu o apogeu já no encore com a sensacional versão de "Portrait of A Man" de Screamin' Jay Hawkins. I'm the man, ora bem, mas mesmo assim gostamos muito mais do disco.
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