segunda-feira, 26 de novembro de 2018

HOLLY MIRANDA, Hard Club, Porto, 25 de Novembro de 2018













Durante a caminhada apressada pelas ruas desertas e ventosas da Invicta uma série de dúvidas pairavam entre os nossos pensamentos até chegar à porta do Ferreira Borges - quanta gente corajosa saiu de casa para um concerto de Holly Miranda? Quanta dela já a ouviu como deve ser? Quantas versões vai a menina cantar?
Dado o tiro de partida para a estreia na cidade, as incertezas prévias rapidamente se dissiparam perante uma sala quase cheia e plena de boa onda de ambos os lados da partilha e uma artista sorridente e pronta a cativar toda a atenção. Dona de uma voz de estremecer as paredes e logo após os dois primeiros originais, zás, uma cover de "I'm Your Man" de Leonard Cohen para nos pôr a respirar um pouco mais depressa e a marcar terreno quanto a um imaginário campeonato de versões inusitadas onde Miranda deve ir todos os anos à liga intercontinental! Para que conste, foram oito as maravilhosas reviengas ao piano ou à guitarra para além da do mestre canadiano e sem eleger Elvis apesar da t-shirt vestida, a saber: John Lennon, Nina Simone, Jeff Buckley, Morphine, Odetta, Gloria Gaynor e Ted Lucas com que finou uma hora e meia de recital nocturno em quase vinte canções. Todas com uma notável e aparente facilidade daquela voz se entrelaçar aos acordes de forma tão natural e de que é impossível não ter inveja da façanha, do talento, da capacidade de suster uma plateia e onde até os originais, caramba, são ainda mais potentes assim, crus, sem os arranjos instrumentais que tantas vezes ouvimos nos discos e de que ali, obviamente, nos esquecemos. Uma experiência premiada em todas as categorias muito por culpa de uma surpreendente sagacidade de nos colocar de olhos esbugalhados e ouvidos amaciados com uma simples voz, uma guitarra ou um belo de um piano. Holly grail!

        

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