As canções dos The Saxophones são, aparentemente, só isso mesmo, canções. Contudo, ouvindo o álbum de estreia intitulado, lá está, "Songs of..." percebemos de imediato que a sua audição requer uma abordagem cuidadosa e faseada quanto aos efeitos imprevisíveis de uma dependência musical saudável e emotiva. Passam, então, a funcionar como afectos reveladores de uma sintonia artística de fragilidade assinalável, uma construção instrumental e lírica simples mas, como sempre, nada fácil de transmitir ao vivo. A escolha de um local perfeito para essa apresentação não é, assim, uma questão menor - basta equacionar as hipóteses de um pequeno auditório de lugares sentados ou de uma sala mais pequena e informal com direito a bebidas como a do clube portuense - mas a condicionante principal residirá sempre na atitude de público que lá vai estar.
É sempre bom o aparecimento de uma nova produtora de concertos na cidade com sangue na guelra que aposta em colmatar exageros centralistas e o entusiasmo desta primeira grande apresentação foi notório desde o início quer na boa disposição latente quer nas ovações estridentes no final de cada canção que banda tão magistralmente foi desfilando. Pena que alguns, suspeitamos de uns pela coincidência das t-shirts envergadas, lá tivessem caído de pára-quedas numa descontraída postura de quem sai uma sexta-feira à noite para uns copos nas galerias da baixa, tagarelando em contínuo ou fazendo transmissões ao vivo comentadas via telemóvel em momentos de delicada fruição, atitudes que, atendendo à geração mais que adulta em causa, têm tanto de descabido como de incompreensível.
Mesmo assim e perante tamanho entusiasmo, o trio em cima do palco respondeu com enorme bondade e reconhecida simpatia surpreendido pela dimensão da plateia e tão calorosa recepção, uma relação de amizade que tem tudo para se transformar num romance de longa duração cujo capítulo inicial teve, na noite chuvosa de ontem, uma primeira troca de olhares comprometedores e apaixonados. Esperam-se, pois, "desenvolvimentos"...
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