quarta-feira, 27 de novembro de 2024

KEVIN MORBY & ENSEMBLE DA ESCOLA PROFISSIONAL DE MÚSICA DE ESPINHO, Auditório de Espinho, 24 de Novembro de 2024

A relação de Kevin Morby com o nosso país é, manifestamente, uma benção. Desde há muito, Morby fez de Portugal fonte de inspiração e sucesso ao lado de companheiros de banda ou (quase) sozinho em palcos de Lisboa, Braga, Porto e Espinho, cidade onde há oito anos pegou fogo ao auditório da academia musical. Merecia, por isso, que fosse a Costa Verde a duplicar (Domingo e Segunda-feira) uma série de seis concertos, ao lado do Ensemble da Escola Profissional de Música, que percorreu o país de Faro até Viseu, permitindo uma abordagem inédita e cativante às suas canções. 

A versão orquestral nunca experimentada pelo artista e, por isso, sem precedentes comparativos, demonstrou ser uma agradável e estrelar variação que só um conjunto de cordas permite engrandecer numa harmonia plural e que até se pode, primeiro, estranhar, mas que depois se embrenhou, naturalmente e saltitante, na perfeição. 

A experiência sonora teve no ensemble da escola um contributo notável, certamente, motivador e compensador para os seus jovens músicos, confirmando que isto do rock ou do erudito quando se cruzam tanto nos levam, livres e bem alto, em viagens de planador ("Drunk and on a Star" ou "Five Easy Pieces") ou carrossel ("This Is A Photograph" ou "I Have Been to the Mountain").

Morby desfiou, a solo, uma outra série de clássicos ("Sundowner", "Piss River" ou "Beautiful Strangers"), mas torna-se obrigatório nomear a versão de "Texas When You Go" de John Callahan, momento já no encore de magia inesperada, quando o tema foi (bem) interrompido, perante a gargalhada geral, por género de suspiro de menino ou menina, talvez, entediado ou a acordar de um sono... Na mouche e a que Morby não resistiu na aprovação e inevitável riso! 

Ainda haveria tempo, todavia, para uma nova canção ("Natural Disaster"?) e para a imbatível "Harlem River", como sempre, poderosa e, ali, rejuvenescida numa motricidade tão límpida e distinta que só foi pena não se ter alongado ainda mais uns bons e extraordinários minutos. Não se pode ter tudo, mas o que nos foi dado a ouvir e sentir já foi muito, bom e de excelência! 

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