Foi, assim, dada a oportunidade a Eric Slick, baterista oficial mas também compositor já com álbuns a solo editados, para apresentar canções que foi escrevendo, uma por dia, durante a tournée e para o que convidou os outros parceiros a juntar-se à pândega numa intitulada The Dayroom Band!
Para além de Slick em farda militar medieval, reconhecemos: o Liam Kazar, sim, o baixista também com discos excelentes, trajado qual George Harrison na capa do "Sgt Pepper" e em versão "maneki-neko" sem falhas; Macie Stewart, violinista e grande voz, disfarçada de camarão; Cyrus Gengras, guitarrista em trajes de atleta; um Shreck; uma princesa Fiona; e, também, um bebé crescido, mas ainda a gatinhar, de fraldas e laço na cabeça, o próprio Kevin Morby!
Os temas de um suposto projecto "Day Room 2", "stupid songs", na classificação do autor, formaram um conjunto divertido de pantominice sobre digressões, festivais, comida, flatulência ou o chefe Morby, tudo em registo de improvisação e modo baile de Carnaval de trinta minutos bastante aplaudido pela plateia surpreendida e, claro, interessada em juntar-se ao festão. Do momento irrepetível e único, ficaram fiéis depositários alguns sortudos que, no término do concerto principal, levaram para casa muitos dos adereços das personagens ocasionais atirados pelos próprios músicos para a plateia rendida. Sgt. Pompous And The Fancy Pants Club Band!
Mais séria e emblemática foi a programada primeira parte de Macie Stewart, a referida violinista e voz da banda principal e que tem uma carreira a solo em crescendo de afirmação com a edição do álbum "Mouth Full of Glass" o ano passado. Sentiu-se esse talentoso dom de cruzar instrumentos com a beleza da voz em originais consistentes mas ouviu-se, ainda, uma excelente versão de "Pretty Ballerina" dos The Left Banke e uma canção antiga da banda Marrow que formou com Liam Kazar. Foi ele, claro, que convidou para apresentar "Mother of Maladies" dos velhos tempos de parceria e que serviu, também, para marcar o final do convívio do último mês e meio.
Chegou, então, a vez de Kevin Morby e companhia fazerem história. Com "This is A Photograph" logo a abrir, não dando espaço a qualquer dúvida quanto ao nível de entrega que se adivinhava, o concerto teve um balanço de constância irredutível, misturando velharias clássicas como "No Halo", "Piss River" ou "Dorothy" (escrita em 2015 a pensar no Porto) com temas do recente projecto de inspiração memo-fotográfica, onde se repetiram e vincaram os elogios à cidade do Porto e de que uma electrizante "City Music" foi o píncaro da partilha.
À qualidade dos instrumentistas, à assinalável acústica da sala e perfeita lotação da plateia, sem exageros de apertos e temperatura, juntou-se sempre um Morby endiabrado e em excelente forma que nos atirou todas as pétalas das rosas brancas e vermelhas que não dispensa de espalhar pelo palco, uma comunhão que se cruzou um par de vezes na frente de palco de forma suada e ofegante que, como em Espinho há sete anos, um "Harlem River" final haveria de fazer explodir na intensidade. Que regresse sempre que quiser, os amigos portistas cá o esperam, como sempre, de braços abertos!
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