sábado, 15 de julho de 2023

JONATHAN FERR, Matosinhos em Jazz, 9 de Julho de 2023

O quinteto do brasileiro Jonathan Ferr que subiu ao coreto do jardim matosinhense no domingo passado, em estreia pelo norte do país no âmbito da primeira digressão europeia do artista, afigurava-se um perfeito enigma. Ao fim de meia-hora, contudo, a conexão tinha resultado numa experiência "jazzista" eficaz e de teor clássico muito longe do tal urban jazz pelo que ficou conhecido e onde o rap ganha evidência. Fez-se notar uma boa onda agitada por uma keytar e um vocoder a la Hancock saborosos e que culminou com uma versão vibrante de "Samurai" (1982) de Djavan onde se notaram os dois Nord Electro (!) usados, quer por Ferr, quer por Karlos Rotsen, um outro teclista de nomeada. Tudo parecia apontar para um "show" imparável! 

A história triste que Ferr decidiu contar logo a seguir sobre a morte recente do pai Josué, uma fatalidade ocorrida já em plena digressão pelo velho continente, fê-lo sentar sozinho ao piano para um inédito ("Saudades"?) de tributo compreensível e à distância, uma curta homenagem que se estendeu a um outro instrumental e a uma variação de "Tupinambá Na Beira do Rio" que cortaram o ambiente festivo que parecia e merecia espalhar-se convenientemente. 

Também não ajudou a tentativa de captar a plateia para coros e participações coordenadas e colectivas que um concerto de jazz não requer nem precisa, retirando ao fulgor inicial muita da sua eficácia prometedora e impondo, involuntariamente, um enfado desnecessário e desequilibrador que só uma versão de "A Love Supreme" de John Coltarne viria, já no final, a repor no nível certo. Nem sempre, é certo, "o sol do meio dia se acende" na totalidade...  



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