sábado, 15 de março de 2025

BILL FRISELL TRIO, TAGV, Coimbra, 12 de Março de 2025

O nome de Bill Frissell deve estar creditado em centenas de discos onde emprestou a sua elogiada guitarra a uma infindável diversidade de aproximações e mergulhos no jazz moderno. Neles, sobressai sempre um género de linguagem eléctrica de rendilhados criativos que assumem um mundo muito próprio, o que no caso do disco-covid "Valentine" de 2020 (Blue Note), ao lado de do contrabaixista Thomas Morgan e do baterista Rydy Royston, funciona com uma estudo metodológico da guitarra em vários segmentos da música americana, do folk ao blues, do rock ao obrigatório jazz. 

O serão em Coimbra foi, por isso, uma revisitação criativa a esse leque alargado de possibilidades de diálogo a três, permeando destaques aos instrumentos dos seus parceiros em momentos acertados, o que não deixou de permitir apreciar a forma como Frisell toca a sua Telecaster, ora assumindo uma contenção e subtileza nada fáceis ora crescendo para nuances mais efectivas, tal como se deu a ouvir na versão de "You Only Live Twice” de Barry. 

A respiração que se sentiu entre notas e trechos, longe de virtuosismos exagerados, desconstruindo as melodias em renovadas abordagens, encerra ao vivo desafios para ouvintes e espectadores que a plateia, mais que adulta, absorveu na perfeição - saber ouvir, saber escutar ou saber esperar, permitiram uma outra dimensão e que se traduziu por, simplesmente, saber descobrir. A viagem foi, por isso, de recompensa suspirada e aplaudida de pé, ou não fossem estes momentos, em tempos de imediatismos, de uma raridade e magia incontornáveis.

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