quarta-feira, 6 de abril de 2016

(RE)VISTO #65





















COBAIN - MONTAGE OF HECK
de Brett Morgen; Portugal, Universal/HBO, DVD, 2015
Em Abril do ano passado chegava a alguns cinemas portugueses o muito aguardado documentário sobre Kurt Cobain, um projecto demorado e de conivência familiar para vasculhar numa imensidão de material inédito como manuscritos, filmes, fotografias e até proto-canções. O resultado, se bem que esforçado, acaba numa desilusão. A intimidade anunciada - "o documentário rock mais íntimo de sempre" diz a revista Rolling Stone -  por exagerada conduz-nos a uma incómoda e confrangedora posição voyeurista que chega a assustar. Há méritos, claro, na montagem de uma trama de que já sabemos o epílogo, tudo muito bem feito, tudo muito bem produzido com a ajuda da filha Frances Cobain, ela mesma uma personagem central do filme. E é precisamente aqui, aquando do seu nascimento, que as imagens de decadência doentia de Cobain e Love nos conduzem a um quase abandono que, de certeza, teria sido certo se eventualmente estivéssemos numa sala de cinema sem hipótese de carregar no botão de avanço rápido... Fica a sensação que a ambição desmesurada converteu o projecto numa enorme montanha oca e da qual só queremos descer em passo rápido para voltar a respirar normalmente esquecendo uma dor que continua sem explicação. Ufa!
              

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