quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019
FAROL #131
Imperdível a oferta de William Tyler, uma eclética variação à guitarra que vai de Dvorak aos Fleetwood Mac! Para desembrulhar aqui.
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019
OUR NATIVE DAUGHTERS, O BANJO É UMA ARMA!
O banjo, instrumento de cordas criado por escravos mexicanos há mais de cento e cinquenta anos, teve na tradição norte-americana um território de adopção e expansão imediato quer na corrente folk quer, acima de tudo, no chamo bluegrass. É dele que o colectivo Our Native Daughters se serve para compor canções de alerta e combate ao racismo, à escravatura, ao abuso sexual ou à supremacia de género num disco recente com o selo da prestigiada Smithsonian Folkways Recordings. Os treze temas estão baseados em histórias verdadeiras de tragédia, resiliência e sofrimento que servem de aviso e advertência necessariamente crescentes e que soam a hinos de esperança urgentes atendendo aos tempos que se vivem pelos E.U.A. e não só...
Ao comando do quarteto inusitado de tocadoras de banjo está Rhiannon Giddens, artista de curriculum maior através do grupo Carolina Chocolate Drops já nomeado e vencedor de Grammy a que se juntam Leyla McCalla, Allison Russell e Amythyst Kiah. A audição de "Songs of Our Native Daughters" conduz-nos, de imediato, a uma admirável sensação de força e resistência que só a música permite alastrar e que tem, por exemplo, nas The Como Mamas um paralelo intencional na vertente soul gospel. Poderoso, encantatório e precioso, trata-se de um registo necessário e de crucial escuta que não devem deixar para amanhã!
BIG THIEF, TERCEIRA APARIÇÃO!
De malas aviadas da Saddle Creek para a 4AD, os incríveis Big Thief anunciam um novo álbum, o terceiro, já para Maio com a misteriosa sigla "U.F.O.F", nome da primeira e, desde já, brilhante faixa de avanço. Registado nos estúdios Bear Creek de Washington com a ajuda do engenheiro Dom Monks e produzido por Andrew Sarlo, prometidas estão doze inéditos de sonoridade inconfundível inspirados, segundo Adrianne Lenker, na premissa "fazer amizades com o desconhecido...". Tamanho desígnio terá uma aparição pelo Parque da Cidade a 8 de Junho, último dia do Primavera Sound Porto. Finalmente!
terça-feira, 26 de fevereiro de 2019
MOUNTAIN MAN, RELEVO A DENVER!
A magia do trio feminino Mountain Man que nos habituamos a venerar desde a inesquecível parceria com Feist no palco do Coliseu há muitos anos atrás, tem no álbum de regresso "Magic Ship" editado o ano passado um raro e singular testemunho de beleza e harmonia folk. Três vozes amigas que se elevam e fundem com uma eficácia garantida sempre que precisamos de acalmar, reflectir e olhar em frente...
Surge agora uma surpresa - um single com duas versões de John Denver com direito a rodela pequena de vinil lá para Junho. As canções escolhidas foram "Take Me Home, Country Road" e "Around And Around", por sinal uma cover já antiga mas que só agora terá edição oficial em disco e onde o amor a Denver levou até Alexandra Sauser-Moning a posar para capa com óculos e corte de cabelo à maneira!
Surge agora uma surpresa - um single com duas versões de John Denver com direito a rodela pequena de vinil lá para Junho. As canções escolhidas foram "Take Me Home, Country Road" e "Around And Around", por sinal uma cover já antiga mas que só agora terá edição oficial em disco e onde o amor a Denver levou até Alexandra Sauser-Moning a posar para capa com óculos e corte de cabelo à maneira!
PIANO DAY, TOCA A MEXER!
Instituído por Nils Frahm, o Piano Day que se comemora a 29 de Março têm passado despercebido e esquecido pelo Porto. Está mal. Apesar de haver já uma programação mundial com um índice de crescimento assinalável e de pelo Theatro Circo de Braga haver um primeiro sinal de animação, não são para já conhecidas quaisquer iniciativas pela Invicta ou pelas redondezas que façam justiça à pertinência do evento. Vamos lá, toca a mexer... nas teclas!
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019
MARK HOLLIS (1955-2019)
Os Talk Talk foram no âmbito do dito movimento neo-romântico dos anos oitenta uma banda diferenciadora. A visão e inquietude do seu líder Mark Hollis, hoje falecido em circunstâncias desconhecidas, cedo permitiu diferenciar os caminhos fáceis da simples pop em algo de teor mais experimental e, acima de tudo, visionário. Claro que os êxitos dos Talk Talk incluídos no disco de estreia "It's My Life" são ainda hoje excelentes exemplos de canções estruturadas e consistentes (quem não se lembra de "Talk Talk" ou "Life's What You Make It") mas o seu álbum homónimo saído no final da década de noventa já depois do desmembramento da banda constitui um disco monumental de minimal rendilhado pop que guardamos e guardaremos como um tesouro único de um talentoso músico. Peace!
THE TALLEST MAN ON EARTH, Centro Cultural Vila Flor, Guimarães, 24 de Fevereiro de 2019
Fotografia do site Espalha-Factos |
A investida apressada até Guimarães para ver o homem mais alto do mundo serviu para a confirmação de um dupla realidade - afinal o sueco Kristian Matsson, ou seja, The Tallest Man On Earth, é apenas, brincando, um jovem de média estatura mas cujo epifenómeno artístico que o leva a esgotar grandes auditórios com um mês de antecipação não tem uma explicação única e lógica.
Dado como o rei do folk escandinavo, etiqueta questionável e desnecessária, Matsson é acima de tudo um entertainer dono de algumas boas canções mas longe de um deslumbramento consistente. Notam-se muitos anos de estrada e palcos quer nas poses e passos de dança mais que estudados, nas intensas trocas de guitarra e, principalmente, na abordagem e interacção com o público feita de forma a elevar a simpatia, o sorriso e a aparente bonomia. Talvez o notado silêncio e o respeito dos leves aplausos das primeiras canções fossem só isso mesmo, ou seja, uma reacção preventiva de um público ainda e, durante muito tempo, à espera de ser convencido pela amplificação no limite das cordas das guitarras e pelo timbre de uma voz vincada e facilmente associada ao nasalado de Dylan.
A noite deu primazia ao último álbum "Dark Bird Is Home" com os temas esperados a ficarem logicamente para o final, uma apoteose previsível e onde todos acabamos a bater palmas a alguém que se diz querer ser o rei de Espanha! O pico mais alto do serão seria, contudo, uma pitada inesperada do "Winner Takes It All" dos ABBA sentado ao piano, instrumento onde deveria insistir mais proficuamente e no qual conseguiu das maiores ovações, feito mesmo assim repetido quando já no encore trouxe até ao palco uma guitarra portuguesa para a interpretação obrigatória do nosso "Sagres".
Resumindo, um concerto bipolar de variação enfadonha e empolgante que confirmou o inquestionável profissionalismo de um artista sabido e traquejado mas cuja a afamada e dita carismática presença em palco nos sugeriu alguma sobranceria e muita, muita... ronha!
domingo, 24 de fevereiro de 2019
THESE NEW PURITANS EM ANTECIPAÇÃO!
O regresso desejado dos These New Puritans acontece a 22 de Março com a edição de "Inside The Rose", novo álbum do qual já por aqui apresentamos duas extraordinárias canções. Há poucos dias a banda passou por Maida Valle, estúdio londrino da BBC onde registaram uma sessão para o programa de Marc Riley com quatro temas potentes a fazer suspirar por um concerto ao vivo. Como é tradição, houve tempo para uma versão e escutem só o que eles fizeram a "Don't Speak", sim, essa mesmo, dos No Doubt!
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019
CACILHAS, DELICIOSO!
Entre a montanha de novo música que costuma avolumar-se no início de qualquer ano, é de bom tom não esquecer a edição de Cacilhas, um projecto repartido entre o teclista português Shela e Casper Clausen, vocalista e mentor dos Liima ou Efterklang (a propósito, vai haver novidades lá para Setembro) e conhecido também por Captain Casablanca tal como se apresentou a solo numa noite agitada pelo Café Au Lait em 2017... Trata-se de um EP com versão limitada em vinil de audição reconfortante saído no final de Janeiro na Lovers & Lollypops e
onde repousam quatro temas registados na margem sul do Tejo, supostamente entre a piscatória Cacilhas e Olho de Boi no concelho de Almada. O bonito desenho de capa pertence a Carlos Gaspar. Uma delícia!
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019
JOAN BAEZ, GRACIAS A LA VIDA!
Em 2018, o anúncio de uma última digressão ao vivo de Joan Baez recebeu o apropriado nome de "The Fare Thee Well", título de canção mítica incluída no disco de estreia de 1960 e que todos conhecemos por "Ten Thousand Miles". A despedida vai já longa e teve no primeiro dia do mês uma passagem aplaudida por Lisboa a que se seguiram (mais) três noites no L'Olympia, mítica sala parisiense onde em Junho passado tinham já decorrido dez concertos da mesma tour. É esse registo histórico e sublime que o canal Arte agora disponibiliza em condições de excelência e que nos desperta, desde logo, muitas saudades de um serão pelo Coliseu do Porto há uns anos atrás...
MOLLY BURCH, UMA PÉROLA NO PORTO!
Depois do concerto falhado por Coimbra em Setembro de 2017 e de mais um excelente álbum no ano seguinte onde está uma das grandes canções de 2018, chegará finalmente em Julho (dia 2, terça-feira) a oportunidade para confirmar e desfrutar do embalo de Molly Burch pelo Porto. O encontro está marcado para o Pérola Negra, sim, esse mesmo, o antigo clube de streaptease agora transformado em recinto de dança tardia e local de concertos...
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019
THE MOUNTAIN GOATS, SÚPLICA!
O génio de John Darnielle e os seus The Mountain Goats é uma certeza vertida em mais de seiscentas canções escritas, perdidas, escondidas ou partilhadas em, pelo menos, dezaseis discos oficiais. Aproxima-se mais um com saída marcada para final de Abril na Merge Records e, desta vez, a inspiração recaiu na sorte e azar dos jogos de fantasia como "Dungeon & Dragons" o que parece ter conduzido os temas para caminhos de alguma opera-rock de tonalidade negra...
Já por aqui lamentamos a ausência da banda por palcos portugueses, o que se afigura estranho tendo em conta os quase vinte cinco anos de actividade. Mas o lapso tem data marcada de supressão: 24 de Novembro próximo em Lisboa há concerto marcado em formato duo onde Darnielle se fará acompanhar por Matt Douglas, multi-instrumentista que vai do clarinete ao saxofone, guitarra e até piano, uma estreia suspirada que só é pena não se alongar a um recinto nortenho. Suplicamos, por isso, a uma qualquer iluminação milagrosa que permita a conversão plena. Seja como for, será que é desta que faremos a viagem até Ourense nem que seja só para ouvir o "Get Lonely"?
terça-feira, 19 de fevereiro de 2019
ALDOUS HARDING, NOVO!
Certo é que o tema "The Barrel" não desilude mas vamos ter que aprender a gostar ainda mais sabendo que ele emite, de antemão, comparações com uma qualquer das fabulosas faixas do anterior disco "The Party". Recorda-se que Harding faz parte das três embaixadas femininas que aportam ao Parque da Cidade portuense durante três dias seguidos do mês de Junho.
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019
DUETOS IMPROVÁVEIS #214
KEVIN MORBY & WAXAHATCHEE
It Ain't Me Babe" (Bob Dylan)
Ao vivo na Ópera House de Sidney, Austrália
2 de Dezembro de 2018
It Ain't Me Babe" (Bob Dylan)
Ao vivo na Ópera House de Sidney, Austrália
2 de Dezembro de 2018
HAND HABITS, INTELIGÊNCIA EMOCIONAL!
Passaram dois anos sobre "Wildy Idle (Humble Before The Void)", disco libertador de Meg Duffy sob a capa de Hand Habits e que a casa Woodsist Records do amigo e protector Kevin Morby se prontificou de imediato a lançar. A aventura auto-produzida de inspiração caseira confirmava o talento e sobriedade na composição de canções folk muito próprias mas de larga margem de crescimento e sedução garantida. Sendo assim, não é de estranhar que uma colheita ainda maior acabe por surgir já no primeiro dia de Março, data de lançamento de "placeholder" na Saddle Creek de Nebraska e para o qual decidiu fazer um upgrade profissional com direito, desta vez, a um estúdio tecnicamente dotado e um grupo forte de apurados instrumentistas.
As três primeiras e conhecidas canções espalham de imediato um brilhantismo de subtil beleza e que, como confessado, são fruto de experiências reais e emocionais que uma inteligência molda em forma de histórias sonoras. Tudo isto nos leva suspirar por um oportunidade ao vivo para testar o efeito e que aumenta ainda de intensidade só de pensar que na mesma casa de discos americana repousam outras preciosidades e afinidades como os Big Thief e AdriAnne Lenker...
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019
DEVENDRA BANHART, FRAGMENTOS DE BELEZA!
DRUGDEALER, A RETOMA DO NEGÓCIO!
Em 2016 o surpreendente álbum "The End of Comedy" do colectivo Drugdealer liderado pelo carismático Michael Collins foi uma companhia pop de irresistível adesão. Na aventura participavam nomes como Ariel Pink ou Weyes Blood e o sucesso da jornada levou a um reforço dos colaboradores e accionistas do projecto para um segundo disco a editar em breve como o nome de "Raw Honey". Entre muitos, são notórias as presenças de MacDeMarco na produção e alguns dos arranjos (ouça-se, por exemplo, o primeiro e fantástico single "Fools") dos riffs de James MacIntosh, guitarrista dos TOPS e repete-se o convite a Natalie Mering/Weyes Blood para cantar um dos temas, o sedoso "Honey". Agora é só esperar até Abril para que a dependência volte a crescer nas medidas certas mas que tem já neste primeiro single uma dose sedativa... só aquele sax a abrir, tchhh!
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019
FAROL #130
O muito elogiado e protegido desta casa Jonathan Wilson partilhou através da sempre eficaz plataforma The Lagniappe Sessions uma série de cinco temas gratuitos à guitarra! São versões de tradicionais americanos e até inéditos em jeito de prendinha cor-de-rosa para ouvir baixinho antes, durante e depois do namoro... Relembra-se que o músico norte-americano é um dos nomes confirmados para o Festival Paredes de Coura deste ano.
RACHEL YAMAGATA, O PORTO AINDA MAIS BONITO!
A exótica norte-americana Rachel Yamagata aproxima-se do Porto a 9 de Maio, mês que parece particularmente fértil em vozes femininas. O concerto, ainda sem local definido, marca a estreia na cidade (esteve, salvo o erro, em Lisboa em 2017) e a digressão ruma nos dias seguintes para Vigo e depois Madrid onde integrará a edição deste ano do, lá está, Festival Voces Femeninas.
Com uma discografia bem preenchida, começamos a gostar das suas canções de voz rouca e sensual já lá vão muitos anos, principalmente "Even If I Don't" que, nem a propósito, tem fôlego e imagens coloridas ao jeito do dia de hoje, o de São Valentim. A pop começou depois a derivar em demasia para temas delicodoces tão ao gosto dos fãs asiáticos, região onde esgota salas em catadupa. O melhor será mesmo assim e por todas as razões, ir lá dar uma espreita... seja lá onde for!
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019
terça-feira, 12 de fevereiro de 2019
JULIA HOLTER, REGRESSO AO BERÇO!
O regresso de Julia Holter a Portugal, uma aposta nossa falhada para o Primavera Sound portuense, acontece no final de Maio para três concertos. Guimarães (CC Vila Flor, dia 27, segunda-feira), Guarda (Teatro Municipal da Guarda, dia 28) e Lisboa (Capitólio, dia 29) são os locais escolhidos para os recitais que se esperam de imensidão sensorial atendendo à qualidade dos álbuns até hoje gravados, nomeadamente o último "Aviary", peça de produção intrincada como se comprova abaixo e que terá apresentação merecida em formato de banda. No caso de Guimarães, trata-se de um regresso ao local de estreia assinalável por terras lusas que aconteceu em 2012 no pequeno auditório do mesmo Vila Flor.
THE DELINES, É IMPERIOSO OUVIR!
Podem chamar-lhe o que quiserem - de retro-soul a country-feeling ou até soft-americana - que a música dos The Delines não dá direito a polémicas ou a dúvidas. Isto é veludo de qualidade extrema que massaja os nosso sentidos de forma prolongada e que tem no novo álbum, o segundo, editado em Janeiro a receita irresistível de sedução. A obra-prima tem o nome de "The Imperial" e brota da subtileza do senhor Willy Vlautin, o frontman dos também recomendáveis Richmond Fontaine mas habituado na escrita de diversos romances elogiados pelos Estados Unidos e onde se inspira para as líricas das canções.
Mas depois há a senhora com maiúsculas Amy Boone, uma notável voz a fazer lembrar timbres de Rickee Lee Jones ou Chryssie Hynde e que para finalizar o registo do mais recente trabalho teve recuperação longa após um atropelamento que lhe partiu ambas as pernas mas que não lhe retirou qualquer mérito vocal. Façam lá o favor de os ouvir - podem redescobrir o primeiro disco de 2014 na sessão da KEXP abaixo - e, sem nostalgias desmesuradas e mesmo correndo o risco de vos chamarem phony, vão acabar por repetir a dose vezes e vezes sem fim....
Mas depois há a senhora com maiúsculas Amy Boone, uma notável voz a fazer lembrar timbres de Rickee Lee Jones ou Chryssie Hynde e que para finalizar o registo do mais recente trabalho teve recuperação longa após um atropelamento que lhe partiu ambas as pernas mas que não lhe retirou qualquer mérito vocal. Façam lá o favor de os ouvir - podem redescobrir o primeiro disco de 2014 na sessão da KEXP abaixo - e, sem nostalgias desmesuradas e mesmo correndo o risco de vos chamarem phony, vão acabar por repetir a dose vezes e vezes sem fim....
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019
DAMIEN JURADO, APROXIMA-SE UMA TEMPESTADE|
Mesmo que da sublime passagem ao vivo de Damien Jurado por Braga em Outubro passado tivesse transparecido uma pequena dose de pessimismo e incerteza, o certo é que a parceria com o cúmplice guitarrista Josh Gordon terá já em Abril a forma de um novo álbum, assim mesmo, simplesmente à guitarra! Jurado abraça agora uma nova editora - a Mama Bird Recording Co. com sede em Portland, Oregon - que fará sair "In The Shape Of A Storm", nome de canção antiga ainda sem disco que no silêncio do Theatro Circo constituiu um momento de memorável assombro e que ganha agora outra importância como agregador dos dez originais que se adivinham intensos e de nuvens negras ameaçadoras (ouça-se abaixo o primeiro relâmpago "South" mas já de radiação antiga).
Segue-se, ainda este mês, o início de uma digressão pelos E.U.A. na qual em alguns locais na Primavera terá a companhia da jovial Anna St. Louis que viajará, entretanto, a solo pela Europa e com data já marcada para Coimbra (4 de Maio). Esperamos, obviamente, que o mesmo acabe por acontecer com Jurado na segunda metade do ano.
domingo, 10 de fevereiro de 2019
ROZI PLAIN, É TEMPO DE (A)GRADECER!
Ele há dias assim. Como o de hoje, começam tenebrosos de chuva e vento para depois se mostrarem mais airosos e de bonitas nuvens onde até a brisa fresca a bater-nos na cara acaba por ser uma benção. Juntar-lhes as duas novas canções da britânica Rozi Plain sentados num esplanada à beira-mar como que transforma e suspende o cenário para uma dimensão apaziguadora que só peca por ligeira já que essas elegantes pérolas são, para já, as únicas conhecidas do novo álbum "What a Boost" a sair em Abril.
A face desafiadora de Plain, menina traquejada em discos folk rock sempre com a ajuda de uma verdadeira e irrequieta trupe de amizades, esconde uma carreira de mais uma década onde a natureza, as viagens e a partilha foram o combustível artístico indispensável para continuar a acreditar nas suas mais que evidentes capacidades. Gravado com a ajuda de Chris Cohen (Cass McCombs, Weyes Blood) ou Sam Amidon entre muitos outros parceiros e cúmplices de digressões e deambulações, o álbum sugere ser o ponto certeiro para que o azimute de um maior e merecido acolhimento acabe finalmente por acontecer de forma natural e estendida. Escusado será dizer que ficaremos atentos e alerta quer ao grande disco que se adivinha quer a qualquer visita ao vivo que milagrosamente se aproxime do burgo...
sábado, 9 de fevereiro de 2019
FOXYGEN, ACREDITEM!
A filosofia de vida de uma banda como os Foxygen devia constituir um caso sério de estudo de ufologia avançada sobre objectos sonoros nem sempre identificados com o carimbo X-Files... Dados como finados mas logo ressurgidos e plenos de seiva como testemunhamos pelo Parque da Cidade em 2015, aproxima-se afinal mais um álbum de originais já em Abril com o nome "Seeing Other People" o que confirma a máxima que a própria editora JagJaguwar apregoa de forma nada subtil - a cada álbum a banda morre, a cada álbum a banda renasce.
Pela pinta da capa, de desenho inspirado noutros clássicos invólucros de Bruce Springsteen ou Soft Cell, transparece a sensação que se trata, como convêm, de mais uma dose de ironia pop que o próprio Sam France se deu ao trabalho de explicar aos fãs em dissimulada nota prévia. Assim, pelo (des)percebido, trata-se de um trabalho adulto e contemporâneo que lança a eterna dúvida sobre se será o último ou se a banda se vai separar argumentando que a banda... não é uma banda! Diz-se adeus às drogas, aos desvarios, aos exageros e, helas, à juventude. Balelas. Mandem sempre grandes canções como o primeiro e a propósito single "Livin' a Lie" que nós por cá, tal como o Fox(ygen) Moulder, vamos continuar acreditar!
sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019
terça-feira, 5 de fevereiro de 2019
LULUC, AMOR PRIMEIRO!
Em 2014 quando descobrimos os Luluc através de uma anterior participação numa homenagem a Nick Drake, o segundo disco do duo australiano estava, então, a fazer o seu efeito sedutor. Sabíamos que antes da mudança para território americano o duo tinha registado na Austrália em 2008 uma estreia elogiada e de travo irresistível mas cuja indisponibilidade impedia a confirmação plena da sua fama. Os poucos videos disponíveis (vide abaixo) eram a reduzida forma de nos fazer crescer água na boca sobre essa raridade mas que tem agora os dias contados.
A sempre atenta Sub-Pop, casa mãe dos dois discos seguintes, decidiu agora reimprimir "Dear Hamlyn", uma dádiva que ficará disponível já em Março em formato digital e, pela primeira vez, em vinil, mantendo a capa e a sequência original. As onze canções resultam de tempos difíceis posteriores ao falecimento do pai da vocalista Zoe Randell e a sua qualidade não escapou à atenção da crítica especializada. Alguns dos temas foram depois usados em séries televisivas como "Anatomia de Grey" e o segredo de tanta beleza e amor não mais parou de crescer... e florescer!
A sempre atenta Sub-Pop, casa mãe dos dois discos seguintes, decidiu agora reimprimir "Dear Hamlyn", uma dádiva que ficará disponível já em Março em formato digital e, pela primeira vez, em vinil, mantendo a capa e a sequência original. As onze canções resultam de tempos difíceis posteriores ao falecimento do pai da vocalista Zoe Randell e a sua qualidade não escapou à atenção da crítica especializada. Alguns dos temas foram depois usados em séries televisivas como "Anatomia de Grey" e o segredo de tanta beleza e amor não mais parou de crescer... e florescer!
segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019
SUSANNA, NOSSA SENHORA!
A irreverência da norueguesa Susanna Wallumrod foi sempre uma imagem de marca coerente. Nestes mais de quinze anos de carreira, a inquietude artística tanto pode verter sobre versões de inesperada patine como colaborações com Jenny Haval, abordagens sofisticadas ao jazz moderno ou até à tradição clássica.
Surge agora mais um sinal desse arrojo ao lado do grupo The Brotherhood of Our Lady, quarteto de músicos femininas de bandas de proximidade que deve o seu nome ao mesmo grupo religioso que apoiou o pintor Hieronymus Bosch em pleno século XV e cuja arte serviu de inspiração na gravação de "Garden of Earthly Delights", disco a sair na própria editora muito em breve.
Para santuário sonoro do registo foi escolhido o estúdio Ocean Sound na costa da Noruega, um misterioso edifício de madeira situado num limite terreno mesmo antes de começar o imenso mar. O trabalho serve-se da dicotomia entre a salvação e maldição que Bosch representou de forma tão extravagante e marcante para, em quinze canções, colorir toda uma diversidade de enigmas e fantasmas do imaginário quase surreal do artista holandês. Aqui ficam as duas primeiras peças...
Surge agora mais um sinal desse arrojo ao lado do grupo The Brotherhood of Our Lady, quarteto de músicos femininas de bandas de proximidade que deve o seu nome ao mesmo grupo religioso que apoiou o pintor Hieronymus Bosch em pleno século XV e cuja arte serviu de inspiração na gravação de "Garden of Earthly Delights", disco a sair na própria editora muito em breve.
Para santuário sonoro do registo foi escolhido o estúdio Ocean Sound na costa da Noruega, um misterioso edifício de madeira situado num limite terreno mesmo antes de começar o imenso mar. O trabalho serve-se da dicotomia entre a salvação e maldição que Bosch representou de forma tão extravagante e marcante para, em quinze canções, colorir toda uma diversidade de enigmas e fantasmas do imaginário quase surreal do artista holandês. Aqui ficam as duas primeiras peças...
domingo, 3 de fevereiro de 2019
SCOTT MATTHEWS, Teatro Vista Alegre, Ílhavo, 1 de Fevereiro de 2019
Se há pouco mais de dois anos por São João da Madeira a estreia portuguesa de Scott Matthews sugeriu ser uma aproximação arriscada quer na dimensão do espaço quer na versão de banda completa, a noite de sexta-feira teve tudo na medida certa. Ao lindo teatro, uma evolvente jóia de ternura, juntou-se uma moldura completa de admiradores de ouvidos apurados na famosa capacidade de Matthews, sozinho e à guitarra, nos arrebatar pelo doce deslizar da sua voz.
Podem ser temas novos ou antigos que a qualidade tem há muito um carimbo certificado de excepção onde as idades se misturam sem contemplações e de forma perfeita em pelo menos três das vertentes essenciais de um espectáculo ao vivo - a execução técnica das três guitarras e da incrível harmónica, as letras sonhadoras e imagéticas das histórias que dão origem às canções e cujos finais Matthews sabe prolongar ao êxtase como ninguém e a capacidade inata de nos entreter pelo sarcasmo humorístico a que corresponde uma notável presença em palco que tanto pode remeter para um inusitado Miles Davis, uma vénia merecida ao contra-baixista inglês Danny Thompson ou até uns inesperados The Strokes, uma confessada e surpreendente fonte de inspiração longínqua.
Para que a satisfação fosse ainda maior, mas que foi notória em ambos os lados da partilha quer no silêncio respeitador da plateia quer na boa disposição do artista, faltaram mais alguns clássicos como "Virgínia" ou "Dear Angel" mas, entre outros, o inevitável "Elusive" ou o novato mas trepidante "Something Real" fizeram o seu efeito devastador de nos estremecer e encolher, um género de domador de emoções em vias de extinção que deveria ter já um novo tratamento agendado...
Podem ser temas novos ou antigos que a qualidade tem há muito um carimbo certificado de excepção onde as idades se misturam sem contemplações e de forma perfeita em pelo menos três das vertentes essenciais de um espectáculo ao vivo - a execução técnica das três guitarras e da incrível harmónica, as letras sonhadoras e imagéticas das histórias que dão origem às canções e cujos finais Matthews sabe prolongar ao êxtase como ninguém e a capacidade inata de nos entreter pelo sarcasmo humorístico a que corresponde uma notável presença em palco que tanto pode remeter para um inusitado Miles Davis, uma vénia merecida ao contra-baixista inglês Danny Thompson ou até uns inesperados The Strokes, uma confessada e surpreendente fonte de inspiração longínqua.
Para que a satisfação fosse ainda maior, mas que foi notória em ambos os lados da partilha quer no silêncio respeitador da plateia quer na boa disposição do artista, faltaram mais alguns clássicos como "Virgínia" ou "Dear Angel" mas, entre outros, o inevitável "Elusive" ou o novato mas trepidante "Something Real" fizeram o seu efeito devastador de nos estremecer e encolher, um género de domador de emoções em vias de extinção que deveria ter já um novo tratamento agendado...
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019
PREFAB SPROUT, ANO DOURADO!
É com particular satisfação que voltamos aos Prefab Sprout e ao génio de Paddy MacAloon num ano que promete excelentes novidades. A anunciada reedição do esquecido "I Trawl the Megahertz" tem o dia de hoje como data oficial de lançamento e MacAloon, em jeito de bondoso Pai Natal, tem-se desdobrado nos últimos tempos em numerosas entrevistas via rádio e alguma imprensa internacional, do Irish Times ao Mondo Sonoro.
Nelas abrem-se finalmente as janelas até agora tapadas e deixa-se entrar a luz para novo disco da banda marcada para Setembro, um conjunto de temas caseiros já com título ("Femmes Mythologiques") sobre algumas mulheres como Eva, Helena de Tróia, Cleópatra ou a Rainha de Sabá que terão o envolvimento do produtor Trevor Horn e a que se podem juntar mais um par de temas compostos para próximo filme de Spike Lee e um outro que abordará o eterno mistério do assassinato de Kennedy ("Pandora 63"?).
Os problemas de saúde, pelo confessado, são agora desportivamente assumidos - brinca e chama a ele próprio "Mr. Health Disaster" - e tanto a doença de Menière que afecta a audição e o equilíbrio como a perca de visão por uma deficiência na retina leva-o a confirmar a completa impossibilidade de voltar a tocar ao vivo ou viajar constantemente. Mesmo condicionado, a força de vontade para a continuar a escrever canções parece florescente e até poderosa com a colaboração misteriosa de alguns aficionados e amigos de longa data.
Por tudo isto, a intemporal e fascinante beleza das canções dos Prefab Sprout que ainda há dias redescobrimos em pleno acondicionamento e recarga de um iPod a pedido de uma amiga através de uma colectânea antiga vasculhada nos confins de um disco externo ("38 Carat Collection"), o prognóstico é que nos próximos tempos emergirá um revival merecido sobre a banda que se confirma, por exemplo, na versão de "Wild Horses" que Natalie Prass recentemente apresentou ao vivo e que se pode ouvir abaixo. Da nossa parte, escolhemos esta "Bonny", nome de mulher bonita e de canção exemplar.
Nota: nesta deambulação já nos tínhamos esquecido que o artista passou por Lisboa em 1989 onde conheceu... o Rato Mickey!
(para ler aqui)
LUCY DACUS, A VIDA É ROSA!
O mais que provado talento da jovem Lucy Dacus manifestada no grande disco do ano passado "Historian" e recentemente partilhado no projecto Boygenius, tem agora mais uma propagação surpresa - as versões. Ao longo de 2019 estão prometidas várias dessas covers e também alguns originais que deixarão de ganhar pó depois de dois anos de pousio e que tem como excelente tiro de partida o clássico "La Vie En Rose" de Piaff. Segue-se mais uma boa mão cheia de docinhos agendados para dias festivos, a saber, Dia dos Namorados, Dia da Independência Americana, Halloween, Natal, Ano Novo e até no dia de aniversário de Bruce Springsteen! A colecção repousará num EP a editar pela Matador Records com o título de "2019". Dacus toca no Parque da Cidade no dia 8 de Junho, último dia do festival primaveril portuense.
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