sábado, 30 de março de 2019
JAMES BLAKE, DOBRADINHA DO ANO!
Nunca duvidamos da capacidade indelével de James Blake criar grandes canções. Em qualquer um dos álbuns há uma ementa variada de receitas sonoras de elevado nível, uma fasquia que ao vivo tem, contudo, tendência a baixar um pouco. No último "Assume Form", disco que culmina dez anos de vida artística, paira uma perfumante ondulação sobre o amor e o compromisso que tem em duas das canções a dobradinha do ano - para ouvir juntinhas e sem reservas uma logo a seguir à outra, tal como no alinhamento original, ora aqui estão oito minutos de sonho....
sexta-feira, 29 de março de 2019
PIANO DAY, ERA HOJE!
Sem actividades programadas pelas redondezas, aqui fica um suspiro pelo Piano Day que se comemora agora!
quinta-feira, 28 de março de 2019
CATE LE BON É SEMPRE BOM!
Da artista galesa Cate Timothy aka Cate Le Bon só podemos esperar bondade e bom gosto. Pode ser na versão "morena" como a do disco anterior "Crab Day" e da memorável passagem pelo Parque da Cidade em 2016, pode ser na versão "duo" como a que a aproximou de Tim Presley dos White Fence em nome de uns tais DRINKS para o segundo álbum "Hippo Lite" do ano passado, pode ser na versão "loura" como a que anuncia um quinto discos de originais pela Mexican Summer no final de Maio, casa de Brooklyn onde convivem outras maravilhas como Jessica Pratt ou Connan Mockasin.
Confirmando a tendência actual, a melhor estratégia de inspiração parece ser mesmo o retiro espiritual como o que Cate experimentou sozinha ao longo de um ano inteiro no noroeste inglês, região conhecida pelos seus lagos rodeados por montanhas e onde, unicamente ao piano, compôs as dez canções de "Reward", um álbum que, mesmo assim, recebeu nas sessões de gravação contributos de Stella Mozgawa das Warpaint, do guitarrista Josh Klinghoffer dos Red Hot Chilli Peppers e ainda do amigo e conterrâneo cantautor H. Hawkline.
A habitual e reconhecível variedade sonora sobressai de imediato em "Daylight Matters", um primeiro e bom docinho de fazer crescer água na boca...
Confirmando a tendência actual, a melhor estratégia de inspiração parece ser mesmo o retiro espiritual como o que Cate experimentou sozinha ao longo de um ano inteiro no noroeste inglês, região conhecida pelos seus lagos rodeados por montanhas e onde, unicamente ao piano, compôs as dez canções de "Reward", um álbum que, mesmo assim, recebeu nas sessões de gravação contributos de Stella Mozgawa das Warpaint, do guitarrista Josh Klinghoffer dos Red Hot Chilli Peppers e ainda do amigo e conterrâneo cantautor H. Hawkline.
A habitual e reconhecível variedade sonora sobressai de imediato em "Daylight Matters", um primeiro e bom docinho de fazer crescer água na boca...
FRANKIE COSMOS, BREVES ASSOMBROS!
A menina Greta Kline, filha do actor Kevin Kline, cedo deu mostras de acreditar na ingenuidade das suas canções pop, um gosto que rapidamente se alastrou sob o rótulo de Frankie Cosmos em três álbuns já registados rodeada de amigos da mesma idade e com quem reparte alegremente palcos um pouco por todo o lado.
Chega agora o tempo de uma partilha inédita em forma de pequenas canções sentada simplesmente ao piano a que chamou "Haunted Items", colecção que a Sub-Pop tem feito sair semanalmente em formato digital. Sem alaridos, os pedacinhos são resultado de muito medo, algum compromisso e, sobretudo, um gosto muito particular pela música e consequentes amizades e a que foram consagradas algumas horas em estúdio para acabar de vez com os receios e assumir a plenitude da sua força. Tal energia poderá em breve ser testada ao vivo já que a digressão pela Europa que se aproxima terá o seu término dia 14 de Abril na ZDB lisboeta. Pena não haver uma data mais nortenha...
Chega agora o tempo de uma partilha inédita em forma de pequenas canções sentada simplesmente ao piano a que chamou "Haunted Items", colecção que a Sub-Pop tem feito sair semanalmente em formato digital. Sem alaridos, os pedacinhos são resultado de muito medo, algum compromisso e, sobretudo, um gosto muito particular pela música e consequentes amizades e a que foram consagradas algumas horas em estúdio para acabar de vez com os receios e assumir a plenitude da sua força. Tal energia poderá em breve ser testada ao vivo já que a digressão pela Europa que se aproxima terá o seu término dia 14 de Abril na ZDB lisboeta. Pena não haver uma data mais nortenha...
segunda-feira, 25 de março de 2019
HEATHER WOODS BRODERICK, CONVITE A NEGRO!
Num dia triste com o de hoje a notícia de um terceiro álbum de originais de Heather Woods Broderick sugere algum desanuviamento. Mas basta olhar a imagem da capa que acima se reproduz para perceber que os tempos para Heather comportam alguma seriedade e melancolia, um estado de alma de absorção e condensação marítima localizada na costa do Oregon junto do Pacífico Noroeste. Foi na areia de muitas das suas praias que passou em criança temporadas inteiras e foi para aí que se retirou vinda da agitada Brooklyn para se concentrar ao piano na composição pausada dos novos temas de "Invitation", a tal terceira insistência criativa a sair dia 19 de Abril.
O mote tem numa passagem literária de Thomas Moore do mesmo nome encontrada num diário escrito pela sua mãe uma inspiração inicial - o tal convite para vingar na vida ou escolher a morte lenta - mas foi sobretudo numa ocupação temporária na limpeza de casas (!) e longos passeios idílicos de paisagens magníficas que Heather construiu os novos temas espelhados pela infinita distracção de uma vida sem pausas e demasiados desafios - só nos últimos anos podemos contar colaborações efectivas em palco e estúdios com os Efterklang, Horse Feathers, Lisa Hannigan, Laura Gibson, Damien Jurado ou Sharon Van Etten - e onde os sacrifícios financeiros e emocionais acabam demasiadas vezes sem retorno.
São, por isso mesmo, tempos de exorcizar tragédias e triunfos pessoais num regresso ao local mágico de uma infância que nunca se perde, uma experiência que Heather sabe tranquilamente espalhar como ninguém em melodias levemente negras mas de um brilho que ofusca e cintila. Convite, obviamente, aceite!
SCOTT WALKER (1943-2019)
Isto das notícias tristes numa segunda-feira de manhã configura ser uma sina...
Bowie e agora Scott Walker parecem ter esperado o acabar de fim de semana para fazer saber que a sua partida não estragaria os nossos dias de descanso e paz. Caramba, sobre Walker é tão difícil verter qualquer comentário justo ou pertinente atendendo à obra composta e sonhada que não vale a pena o esforço. Quando tentamos saber mais a dúvida só veio maravilhosamente adensar-se e o melhor é mesmo ouvir sem conta a monumental canção abaixo enquanto, aos poucos, a garganta se vai apertando e o coração não pára de acelerar. Peace, walker brother!
sexta-feira, 22 de março de 2019
CALEXICO + IRON & WINE = BENDITA TRINDADE
Passaram quase quinze anos desde que os Calexico se juntaram a Sam Beam aka Iron & Wine para registar um pequeno disco chamado "In The Reins" (2005), sete canções de excelência mas onde repousa uma daquelas "borboletas" eternas baptizada de "Sixteen, Maybe Less" que não resistimos a recordar abaixo.
A colaboração tem agora data de reencontro formal marcada para 14 de Junho, dia em que a City Slang fará o lançamento europeu de "Years To Burn", um álbum que confirma o impacto e gosto que a parceria teve em ambos os lados e que, mesmo distanciada num longo período, manteve uma chama contínua traduzida numa amizade resistente.
Registado em Nashville em Dezembro passado, o disco teve em Beam o motor inicial, compondo previamente todas as canções à espera dos retoques e contribuições da parelha de Tucson mas Joye Burns teria ainda tempo para lhe acrescentar um tema da sua autoria. Meticuloso, o disco espelha o cuidado, bom gosto e subtileza que o trio aplica na composição - ouça-se "Father Mountain" - e onde uma aparente facilidade no entendimento é, simplesmente, sinónimo de uma talentosa e infalível capacidade de construir grandes canções. O feito poderá ser comprovado e aplaudido a 19 de Julho próximo, data em que o disco será apresentado ao vivo durante o SBBR no Meco (Sesimbra).
RE(VISTO) #73
FILHOS DE JOÃO
O ADMIRÁVEL MUNDO NOVO BAIANO
de Henrique Dantas, Brasil, 2009
RTP2, 20 de Março de 2019
Os Novos Baianos foram uma das referências maiores da música brasileira durante toda a década de setenta muito por culpa de uma postura irreverente onde o espírito de união funcionou, até determinada altura, como semente e luz de um movimento agora histórico.
Em tempos de ditadura militar mas onde o tropicalismo e o novo cinema foram lanças avançadas de uma contracultura de afronta, a banda começou pelo rock de forte influência norte-americana e inglesa mas um momento marcante haveria de alterar um rumo aparentemente traçado - a viver em comunidade, os jovens músicos receberam a visita de João Gilberto recentemente regressado dos E.U.A., uma presença que se tornou habitual e que gerou um influência decisiva na mudança de direcção da sonoridade onde a raiz brasileira, os seus instrumentos e conexões acabariam por vingar.
O documento, que ultrapassa largamente uma abordagem ao fenómeno musical, permite absorver o espírito de uma época onde o individualismo parecia condenado ao fracasso subjugado pelo interesse colectivo levado até ao limite e que teve no caso dos Novos Baianos uma curiosa extensão ao futebol, modalidade onde gastaram parte do dinheiro dos contratos na aquisição de bolas, equipamentos, viagens e tainadas!
Mesmo sem o testemunho da totalidade dos protagonista - Baby Consuelo, por exemplo, não deu autorização ao seu depoimento por não lhe ser paga uma verba pedida - submerge do filme uma onda descontraída e mesmo utópica que crescia na sociedade brasileira e em muitas outras onde o movimento hippie se enrolou demasiado num materialismo irresistível, condenando a banda a uma separação natural mas, mesmo assim, sofrida. Como é referido por Pepeu Gomes logo no início "Tínhamos muitas coisas ruins, mas prefiro me lembrar das boas". Nem que seja só por isso, vale bem a pena dar um pouco de atenção a um documento de interesse maior e que permite entender que estes "filhos" de João Gilberto eram realmente "bons pra caramba"...
(disponível na RTP Play durante dez dias)
quarta-feira, 20 de março de 2019
WEYES BLOOD, ESTÁ-LHE NO SANGUE!
Numa aproximação à terra lenta mas programada, vamos recebendo boas novas em forma de canções espantosas saídas da perseverança de Natalie Merig, menina que está ao comando da nave Weyes Blood desde 2011 e que tem uma nova missão prestes a ser concluída com êxito - "Titanic Rising" é o quarto álbum a sair na Sub-Pop Records no início de Abril, um diário de viagem pleno de mistérios, dúvidas e muitos, muitos encantos.
Vinda de uma galáxia notável e convenientemente nebulosa, basta ouvir a trilogia já conhecida que se apresenta abaixo e para a qual Mering teve ainda a coragem de registar em imagens os temas "Everyday" e "Movies", para confirmar a notoriedade de uma composição de melancolia certeira e lentidão balançante que nos agarra e seduz de forma imediata, um álbum que se afigura de grandeza assinalável e que confirma a artista no topo de uma jovem tríade encantada onde se juntam Julia Holter e Sharon Van Etten. É caso para dizer baixinho, está-lhe no sangue...
terça-feira, 19 de março de 2019
BILL RYDER-JONES, É DESTA!
Num mês de Junho que se adivinha, desde já, gostosamente infernal no que aos concertos ao vivo diz respeito, acresce finalmente a estreia de Bill Ryder-Jones prevista para dia 11 em Lisboa e que no dia seguinte se estende até ao Hard Club no Porto. Em versão solitária com a sua guitarra, a oportunidade servirá para despir devidamente os temas de "Yamn", grande álbum do ano passado, a que se deverão acrescentar recordações mais antigas e as indispensáveis e imprevisíveis versões...
segunda-feira, 18 de março de 2019
DENNIS WILSON, NADA É SAGRADO!
O mano Dennis Wilson que esteve na génese dos The Beach Boys onde assegurou a bateria gravou um maravilhoso e único álbum a solo em 1977 com o nome de "Pacific Ocean Blue", uma das tentações aqui da casa. Uma das canções que ficou de fora das sessões foi o instrumental "Holy Man" que, aquando da reedição luxuosa em 2008 comemorativa dos trinta anos, recebeu uma nova vida - Taylor Hawkins, o também baterista dos Foo Fighters, foi autorizado a escrever a letra para a canção supostamente inacabada e a que acrescentou a sua própria voz. Sem termos de comparação, o desplante gerou discórdia e algum desprezo entre os puristas mas o certo é que a poeira da polémica acabou por assentar. Até agora!
No âmbito do Record Store Day de Abril está prevista a edição em sete polegadas do tema que Hawkins gravou mas onde se juntam as contribuições de Brian May e Roger Taylor dos Queen, restos de uma banda que serve hoje para tudo e mais alguma coisa e cuja simples nomeação até assusta, brrrr... Já nada é sagrado!
sexta-feira, 15 de março de 2019
BIBIO, UMA FORÇA DA NATUREZA!
O nome de Stephan Wilkson que se esconde atrás de Bibio há muito que encontrou na eclética Warp Records a casa de eleição. Sonhador e inquieto, o músico não deixa passar muito tempo para experimentar ambientes e sonoridades de diferentes tonalidades como a que se apronta a editar dia 14 de Abril de nome "Ribbons". O countryside inglês e a natureza em estado bruto serviram, desta vez, de inspiração e aproximação a um tom mais acústico de feição folk ao estilo dos anos sessenta e setenta e onde os instrumentos de corda como mandolins ganham uma primazia vincada. Nas dezaseis faixas há, contudo, uns pozinhos de electrónica e outras condimentos que chegam ainda para prestar homenagem a algumas heroínas da soul como Dionne Warwick ou Dee Dee Sharp, uma intenção aparentemente incompatível mas que vamos tentar descobrir aquando da audição total que já tarda. Aqui fica o primeiro trilho natural com imagens seleccionadas pelo próprio.
quinta-feira, 14 de março de 2019
quarta-feira, 13 de março de 2019
ÓLAFUR ARNALDS, Casa da Música, 11 de Março de 2019
Razões porque gostamos do concerto de Ólafur Arnalds:
. a beleza de uma música de multi-raiz clássica ou moderna mas intemporal;
. a tal tecnologia Startus que permite que dois pianos toquem mesmo sozinhos;
. a complexidade de uma receita instrumental que sugere ao vivo tanta simplicidade;
. a emulsão das cordas e dos pianos, um jogo sonoro onde o músico se tornou imbatível;
. o "Re:meber" e o "Unfold" em sequência e, como no disco, inquietante;
. as subidas de tom, as batidas, a electrónica e, oh sacrilégio, a casa a arder com "ekki hugsa";
. a subtileza de "3326" e o solo de violino de outro mundo;
. as histórias contadas como a da ilha de Bali para nos pôr a sonhar e a reflectir;
. o encore a solo com "Lag fyrir ommu" e o começar e desfazer das cordas ao longe;
. o final do mesmo encore e um prolongar tenso de um silêncio irrespirável.
Razões porque não gostamos ainda mais do concerto de Ólafur Arnalds:
. o ofuscante jogo de luz que, demasiadas vezes, escondeu músicos, artista e instrumentos;
. a tecnologia com laivos de exagero o que retirou mérito à composição e às suas subtilezas;
. a insuficiente dose de batidas notória na ovação aquando da simples evocação dos Kiasmos;
. a frio, a solicitada interacção/participação inicial do público sem continuidade perceptível;
. a inexistência de uma primeira parte que permitisse a acomodação preparatória:
. o alinhamento de temas nem sempre empolgante ou consistente;
. o leve flutuar de uma exorbitante superfície melancólica;
. a simples vertente de pianista reduzida a dois ou três únicos momentos;
. o desconforto das cadeiras de autor do recinto que devia merecer queixa colectiva;
. não se pode ter tudo.
. a beleza de uma música de multi-raiz clássica ou moderna mas intemporal;
. a tal tecnologia Startus que permite que dois pianos toquem mesmo sozinhos;
. a complexidade de uma receita instrumental que sugere ao vivo tanta simplicidade;
. a emulsão das cordas e dos pianos, um jogo sonoro onde o músico se tornou imbatível;
. o "Re:meber" e o "Unfold" em sequência e, como no disco, inquietante;
. as subidas de tom, as batidas, a electrónica e, oh sacrilégio, a casa a arder com "ekki hugsa";
. a subtileza de "3326" e o solo de violino de outro mundo;
. as histórias contadas como a da ilha de Bali para nos pôr a sonhar e a reflectir;
. o encore a solo com "Lag fyrir ommu" e o começar e desfazer das cordas ao longe;
. o final do mesmo encore e um prolongar tenso de um silêncio irrespirável.
Razões porque não gostamos ainda mais do concerto de Ólafur Arnalds:
. o ofuscante jogo de luz que, demasiadas vezes, escondeu músicos, artista e instrumentos;
. a tecnologia com laivos de exagero o que retirou mérito à composição e às suas subtilezas;
. a insuficiente dose de batidas notória na ovação aquando da simples evocação dos Kiasmos;
. a frio, a solicitada interacção/participação inicial do público sem continuidade perceptível;
. a inexistência de uma primeira parte que permitisse a acomodação preparatória:
. o alinhamento de temas nem sempre empolgante ou consistente;
. o leve flutuar de uma exorbitante superfície melancólica;
. a simples vertente de pianista reduzida a dois ou três únicos momentos;
. o desconforto das cadeiras de autor do recinto que devia merecer queixa colectiva;
. não se pode ter tudo.
terça-feira, 12 de março de 2019
LAURA GIBSON, Auditório de Espinho, 9 de Março de 2019
Nos últimos anos temos tido a sorte de Laura Gibson não dispensar uma visita de cortesia. Foi assim há dois anos na data única por Coimbra em formato banda, um concerto vibrante de nível elevado que julgávamos imbatível e onde os intensos mas curtos momentos a solo alcançaram a fasquia mais alta. De regresso, sozinha, em data outra vez exclusiva, a menina que deixou crescer o cabelo e um certo dark-appeal toldado numa leve timidez revelou uma força ainda mais vincada no desfiar das canções, uma torrente que talvez se explique pelo concentrado de qualidade extrema do mais recente "Goners".
Exemplos? Diversos e marcantes como o tema título sentada ao piano longo e que lhe assentou na perfeição ou "Performers" à guitarra, uma pérola de tremura ainda mais comovente do que foi registado e que no escuro do auditório quase nos sufoca as emoções. Quando já perto do fim nos pede para a acompanhar em "The Rushing Dark" prevemos um sacrilégio mas o momento haveria de se mostrar de uma magia tocante a funcionar como comunhão solene de um serão que não se deve e não se pode esquecer e que teve no obrigatório "Louis" um epílogo obrigatório e, logo ali, saudoso. Hey, hey, look at me ...
Exemplos? Diversos e marcantes como o tema título sentada ao piano longo e que lhe assentou na perfeição ou "Performers" à guitarra, uma pérola de tremura ainda mais comovente do que foi registado e que no escuro do auditório quase nos sufoca as emoções. Quando já perto do fim nos pede para a acompanhar em "The Rushing Dark" prevemos um sacrilégio mas o momento haveria de se mostrar de uma magia tocante a funcionar como comunhão solene de um serão que não se deve e não se pode esquecer e que teve no obrigatório "Louis" um epílogo obrigatório e, logo ali, saudoso. Hey, hey, look at me ...
domingo, 10 de março de 2019
CHANTAL ACDA, Plano B, Porto, 7 de Março de 2019
A estreia em palcos portugueses de Chantal Acda pode parecer um evento igual a muitos outros mas, no nosso caso, ela acaba por ser um sinónimo feliz de persistência e amor à música. Nos últimos anos, um amigo destas lides sempre que encontrava um promotor de concertos não falhava na sugestão e insistência na urgência da vinda de Acda até às nossas bandas, uma recomendação repetida que nos parecia já uma mania inconsequente mas na qual ele, só mesmo ele, continuava a acreditar como possível...
Nesta demanda, a crença acabou por encontrar outros sonhadores determinados que arriscaram agendar uma ronda de três concertos da artista belga com ponto de partida na cidade do Porto, uma coincidência que é quase uma homenagem ao epicentro de tão fervorosa convicção. Em boa hora!
A notória intimidade e fragilidade dos temas eleitos para o recital foram retirados de uma carreira diversificada e vincada pelos discos mas, acima de tudo, pelos espectáculos ao vivo. A noite teve, neste capítulo, a ajuda e cumplicidade de Eric Thielemans na percussão com raiz no jazz, género onde Acda se movimenta e complementa sem qualquer dificuldade e que tem no jogo entre as batidas e o dedilhar da guitarra uma primorosa cenografia sonora para vincar as histórias e sentimentos trazidos pelas letras da canções.
O serão na pequena sala de concertos do bar da baixa revelou-se, assim, como que um encontro de amigos distantes que, não se conhecendo pessoalmente, há muito que sabiam que o desfrutar das faixas ao vivo seria a selagem perfeita de uma amizade, afinal, verdadeira e sentida. Felicitações, por tudo isso, aos músicos, aos promotores e ao crente-mor de nome Abel. Abraço e obrigado!
Nesta demanda, a crença acabou por encontrar outros sonhadores determinados que arriscaram agendar uma ronda de três concertos da artista belga com ponto de partida na cidade do Porto, uma coincidência que é quase uma homenagem ao epicentro de tão fervorosa convicção. Em boa hora!
A notória intimidade e fragilidade dos temas eleitos para o recital foram retirados de uma carreira diversificada e vincada pelos discos mas, acima de tudo, pelos espectáculos ao vivo. A noite teve, neste capítulo, a ajuda e cumplicidade de Eric Thielemans na percussão com raiz no jazz, género onde Acda se movimenta e complementa sem qualquer dificuldade e que tem no jogo entre as batidas e o dedilhar da guitarra uma primorosa cenografia sonora para vincar as histórias e sentimentos trazidos pelas letras da canções.
O serão na pequena sala de concertos do bar da baixa revelou-se, assim, como que um encontro de amigos distantes que, não se conhecendo pessoalmente, há muito que sabiam que o desfrutar das faixas ao vivo seria a selagem perfeita de uma amizade, afinal, verdadeira e sentida. Felicitações, por tudo isso, aos músicos, aos promotores e ao crente-mor de nome Abel. Abraço e obrigado!
quinta-feira, 7 de março de 2019
BEDOUINE, NOVA PÉROLA!
E assim, do nada, rola uma nova pérola de Azniv Korkeijan, ou seja, Bedouine, no que se adivinha ser o primeiro tema de um segundo álbum de originais na Spacebomb Records de Matthew E. White. O video para "When You're Gone" foi registado junto ao mar islandês e nos Capitol Studios de Los Angeles e faz efeito imediato ao olhar para a janela e a ouvir o zunido do vento...
HOWE GELB, E VÃO DUAS DÚZIAS!
O vigésimo quarto álbum de Mr. Howe Gelb, frontman dos Giant Sand, estará disponível já amanhã em versão digital e com disco de vinil dourado em pré-encomenda. Entre as quinze faixas inéditas há colaborações e ajudas diversas como a do guitarrista americano e amigo Gabriel Naim Amor, do espanhol Fernando Vacas, dos irlandeses The Lost Brothers, da actriz e cantora Anna Karina, das também cantoras Kira Skov e Pieta Brown e do multi-instrumentista holandês JB Meijers, diversidade geográfica que talvez explique o título do álbum - "Gathered". Nota ainda para o contributo da filha Talula Gelb no que parece ser uma cover de "Moon River" e uma parceria já audível com M. Ward na versão de "A Thousand Kisses Deep" de Cohen. É só classe.
quarta-feira, 6 de março de 2019
RICHARD HAWLEY, UM REGRESSO MAIS!
Mais se informa que o inglês Richard Hawley terá um álbum novo.
Mais se informa que se chamará "Further.
Mais se informa que terá onze novas canções.
Mais se informa que algumas delas demoraram uma dúzia de anos a terminar.
Mais se informa que dia 7 de Junho haverá edição em vinil alaranjado e picture disc.
Mais se informa que já podem ouvir "Off My Mind".
Over and further.
ANDREW BIRD, DO MELHOR!
Desde final de Janeiro que um anunciado novo álbum de Andrew Bird tinha um pronúncio conhecido - "Sisyphus" é o nome de canção mas também de personagem mítica da Grécia antiga famoso pela astúcia e exagero da argúcia o que, transportado para os novos "velhos" tempos americanos, seja, mais uma vez, uma alusão metafórica de contestação política. Já em Novembro aquando das eleições intercalares o músico não tinha escondido a sua revolta fazendo sair o tema "Bloodless" como afronta sonora à política da Casa Branca, tema que será entretanto incluído nesse novo disco chamado ironicamente "My Finest Work Yet"...
O trabalho decorreu em ambiente live no Barefoot Studios de Los Angeles como se pode comprovar pelas imagens que hoje surgiram como fundo de "Manifest", uma outra canção inédita de um álbum a sair no final do mês em edições diversas e apelativas e de capa contundente.
terça-feira, 5 de março de 2019
VAMPIRE WEEKEND, QUEM ESPERA... ESPERA!
O regresso dos Vampire Weekend aos discos já há muito deveria ter tido destaque merecido aqui na montra da casa... Seis anos de espera é muito tempo para nos esquecermos de uma das bandas que mais marcaram os ditos "anos 2000" e desde que Ezra Koening o anunciou em Agosto passado durante o festival Lollapalooza que ficamos vigilantes e na expectativa.
Mas o raio do disco parece ser um suposto tesouro repartido dentro de um labirinto. Sabe-se que nele já não participa o multi-instrumentista fundador Rostman Batmanglij mas afinal parece que ainda deu uma perninha, que foram gravadas dezoito canções que duram menos de uma hora mas que poderão ser muitas mais e que se chamará "Father of The Bride" mas poderá ser também "Fam: Obtain This Bread"!
Com selo da Sony Music, isso é certo, flutuam rumores de participações diversas, de Steve Lacy dos The Internet e David Longstreth dos Dirty Porjectors a Jenny Lewis, e, desde Janeiro, estavam prometidos dois novos temas a cada mês. Estavam... pois para já o que há são apenas duas grandes canções e um longo video em loop com parte de um riff de guitarra do novo tema "Harmony Hall". A ele junta-se o inédito "2021" e só esperamos que não seja um sinal de fumo quanto ao ano de saída do álbum. Longa se torna a espera.
Mas o raio do disco parece ser um suposto tesouro repartido dentro de um labirinto. Sabe-se que nele já não participa o multi-instrumentista fundador Rostman Batmanglij mas afinal parece que ainda deu uma perninha, que foram gravadas dezoito canções que duram menos de uma hora mas que poderão ser muitas mais e que se chamará "Father of The Bride" mas poderá ser também "Fam: Obtain This Bread"!
Com selo da Sony Music, isso é certo, flutuam rumores de participações diversas, de Steve Lacy dos The Internet e David Longstreth dos Dirty Porjectors a Jenny Lewis, e, desde Janeiro, estavam prometidos dois novos temas a cada mês. Estavam... pois para já o que há são apenas duas grandes canções e um longo video em loop com parte de um riff de guitarra do novo tema "Harmony Hall". A ele junta-se o inédito "2021" e só esperamos que não seja um sinal de fumo quanto ao ano de saída do álbum. Longa se torna a espera.
segunda-feira, 4 de março de 2019
JACCO GARDNER E MUITO MAIS NO LABORATÓRIO!
O edição deste ano do festival Westway LAB com sede no C. C. Vila Flor em Guimarães tem já programa aprovado. De 1 a 13 de Abril há oportunidades de aprendizagem e discussão à volta da nova música a que se juntam uma série de residências artísticas, showcases e, claro, concertos que começam oficialmente no dia 10, quarta, com a apresentação de Jacco Gardner tal como tínhamos por aqui sugerido em antecipação...
Destaque ainda para a representação do Canadá, país de onde chegarão, entre outros, Sarah McDougall e Megan Nash, cantautoras a que se deve dar atenção imediata e que se apresentarão noite dentro no dia 12, sexta-feira.
Curiosa ainda a vinda até à cidade berço do compositor Tashi Wada (dia 13, sábado) e o seu grupo onde se destaca a presença de Julia Holter e da percussionista Corey Fogel na execução do álbum "Nue", um conjunto de nuances sonoras plenas de vanguardismo e experimentação. Recorda-se que Holter voltará ao grande auditório do Vila Flor em nome próprio no dia 27 de Maio.
Consultar programação.
BENJAMIN CLEMENTINE, E VÃO SETE!
Dos sete concertos agendados por Benjamin Clementine para Junho em Portugal, o aconchego do Teatro Aveirense sugere ser o melhor local para o ouvir ao lado do seu quinteto de cordas. Bilheteira, rápido!
sábado, 2 de março de 2019
JOAN SHELLEY, O PROMETIDO É DE VINIL!
Uma das grandes versões de Nick Drake compilada pela revista Mojo o ano transacto pertencia à americana Joan Shelley que decidiu incluir "Time Has Told Me" num EP exclusivamente digital saído logo a seguir em casa própria com o título de "Rivers & Vessels". Juntou-lhe ainda duetos com Bonnie "Prince" Billy e os amigos Julia Purcell, Doug Paisley e Daniel Martin Moore bem como uma líndissima colagem da sua autoria para embrulhar, mesmo de forma virtual, tamanha dádiva. A venda online revertia e ainda reverte na totalidade para a organização ambiental Kentucky Waterways Alliance.
Na passagem memorável por Gaia em Setembro passado não esquecemos de levar uma impressão dessa bonita gravura para receber o autógrafo merecido da autora que se mostrou surpreendida pela lembrança, uma conversa amiga sobre Drake e não só que terminou com a nossa pergunta - vai haver vinil deste EP? A resposta, um misterioso "who knows?" a soar a promessa, faz agora mais sentido com a saída no próximo Record Store Day de uma edição limitada a mil cópias da versão em vinil que vamos querer muito para que a nossa colecção drakeana fique, obviamente, mais bonita!
STEALING SHEEP, A MENINA DANÇA?
O jovial trio inglês Stealing Sheep foi uma agradável surpresa no início de uma noite pela Praça D. João I já lá vão seis anos aquando de uma edição experimental e, por sinal, única de um rapidamente defunto Warm Up Paredes de Coura. Descontraído, saltitão e apelativo, o pop das meninas nascidas em Liverpool, cidade de comprovado pedigree musical, tem sido ao longo dos anos um bom antídoto a melancolias ou angústias e aproxima-se mais uma porção animada com a edição do álbum "Big Wows" a 19 de Abril na Heavenly Recordings. A receita tem, desta vez, umas pitadas suplementares de electrónica e alguma nostalgia eighties bem audíveis e visíveis nos videos até agora disponíveis, confirmando uma abordagem mais madura a um conceito que as Au Revoir Simone deixaram a meio do caminho... para a pista de dança!
LUBOMYR MELNYK, BRAGA POR UM CANUDO!
O ciclo "Respira!" que concentra pianistas no Theatro Circo de Braga regressa em Maio com um programa notável - dia 2, quinta-feira teremos Alfa Mist, dia 3, sexta-feira, a dose dupla de Lonnnie Holley e Ramy Khalife e no dia seguinte, sábado, destaca-se a insistência em Lubomyr Melnyk depois do cancelamento forçado na edição passada. Nessa noite Melnyk junta-se à também magistral escocesa Kathryn Joseph.
Esta data está, contudo, já mais que marcada pelo concerto de Anna St. Louis em Coimbra e a escolha está desde já feita. Pena!
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