quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

IRON & WINE, UM DISCO+UM FILME+UM DISCO





















Ao contrário de muitos colegas de profissão, Sam Beam aka Iron & Wine viveu no período da pandemia de COVID 19 uma oportunidade perdida para se entregar a novas canções. A amargura desses dias de preocupação com entes queridos, amigos e conhecidos teve outras recompensas que não novas composições sobre o caos ou a doença apesar das muitas tentativas, concentrado, que realizou e que o levaram sempre ao mesmo resultado - a desistência. Só ao fim de dois anos foi possível reaver o entusiasmo quando iniciou uma sessão em Memphis ao lado do amigo Matt Ross-Spang para uma série de versões de Lori McKenn e que se editaram, em boa hora, em 2022 no EP "Lori". 

Mais relaxado, lançou-se numa digressão a solo por território americano a que se seguiu uma outra ao lado de Andrew Bird e da sua banda, ambas de êxito revigorante e que, depois de terminadas, o fizeram acabar líricas de surpreendente veia nonsense e antigos ensaios rudimentares com vista a um novo álbum já com título - "Light Verse" sai na Sub-Pop Records no final de Abril e juntou em Los Angeles e em estúdios de Laurel Canyon uma série de músicos da cidade como o teclista Tyler Chester, o baixista Sebastian Steinberg, o guitarrista David Garza e ainda os bateristas Griffin Goldsmith, Beth Goodfellow e Kyle Crane. As cordas e respectivos arranjos são da autoria de Paul Cartwright e até Fiona Apple deu voz, em dueto, ao tema "All In Good Time". Da colheita, dá-se para já a ouvir este "You Never Know".

 

A longa carreira de mais vinte anos de Sam Beam, que fará cinquenta anos em Julho, deu entretanto direito ao documentário biográfico "Who Can See Forever" e que terá digressão em Março por salas americanas. Pensado como um filme ao vivo, o projecto foi progredindo para outras facetas do músico que o realizador Josh Sliffe registou em imagens ao longo de três anos na estrada e onde Beam se revela, através de entrevistas e sequências informais, numa enigmática personagem. 

O título do documento advêm da lírica de "The Trapaze Swinger", uma das canções obrigatórias de um songbook profícuo, e teve estreia em Dezembro último no Quad Cinema de Nova Iorque. Antes, em Novembro, a Sub Pop lançou, com o mesmo nome, uma banda-sonora de dezanove temas ao vivo referente ao filme e que, na sua maioria, dizem respeito aos concertos de duas noites no Haw River Ballroom de Saxapahaw, Carolina do Norte, e onde não faltaram clássicos como "Boy With a Coin", "Naked As We Came" ou "Thomas County Law", este último já com direito a pequeno video desbravador. 

Espera-se, com naturalidade, que mesmo antes de chegar ao streaming televisivo o filme tenha também estreia em salas europeias habituadas a festivais de cinema dito musical. Talvez... vá no Batalha!


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