No palco do ténis a banda brasileira Anvil Fx agitava já a pequena plateia que não se resguardava do muito calor. A corrente vinda do palco foi de forte intensidade, um género de transe sintetizado e contínuo de electrónica de fim de noite ou início de madrugada nada habituada a luz solar e a multi-gerações. Para graúdos e infantis e sem restrições, o caudal dançante e agitador foi interposto por letras minimalistas e inflamadas de feição feminista, política ou contestatária, um agitprop de raiz na new wave, e até no punk, mas em dose industrial. Boa surpresa!
O mestre do benju balúchi Ustad Noor Bakhsh toca um velho benju elétrico que aparente ter caducado na idade mas que, executado por quem sabe, se apresenta mais que válido. O instrumento mistura a vibração de cordas por um género de teclado de máquina de escrever de sonoridade inebriante que, ligado a um amplificador, preencheu o imenso prado da quinta de Serralves de um exotismo irresistível. À canícula, mais que suportável para aqueles músicos aquela hora do dia, foi ganhando resistência um cada vez maior número de curiosos ouvintes interessados numa fruição enraizada lá para o Paquistão e Afeganistão mas que, e cada vez mais, não têm país ou nacionalidade. Ao contrário da última aparição na Casa da Música, marcada por um dia chuvoso de Novembro passado, o feitiço sonoro como que fez esquecer a solheira para nos elevar, ao longo de setenta minutos, a um cume ameno e fresco de uma qualquer montanha... sem nuvens. Inspirador!
O projecto de percussão CZN une as batidas de Valentina Magaletti e João Filipe Pais. São duas baterias e outros apetrechos criados de raiz que, em simultâneo, se enterlaçam em sonoridades hipnóticas, ora lentas ora rápidas, para criarem momentos dançantes ou de baloiço dinâmico que receberam forte aplauso de aprovação. Para descobrir e colorir...
Sem comentários:
Enviar um comentário