Ao vivo, na escuridão colorida da esgotada sala minhoto, o que se esperava era isso mesmo - ouvir esses lamentos vincados pela sua voz densa e de adorno nas cordas salientes da acústica. Surpreendeu, logo a abrir, a versão de "Right, Wrong or Ready" de Karen Dalton, um género de introdução venerada para, logo de seguida, nos começar a agarrar com mais força aos originais - "No fun/party" foi, a esse nível, uma das cordas mais longas e subtis e de onde escorregou uma vulnerabilidade que se manteve latente, na sua sinceridade, até ao fim.
Mas outras cruezas como "Rat" ou o "Dickhead Blues", momentos altos do disco, tornaram-se também magistrais sequências melódicas e visuais que a plateia, de um respeito e silêncio religiosos, absorveu em nítido e contido deleite. Uma noite de viagens entre o amor e a perda, entre a compaixão e a repulsa que são, muitas das vezes, banais mas que na profundidade desta composição e voz se afiguraram de invulgar raridade e delicado arrepio. Obrigado, minha Kara!
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