Se em 2022 o disco "Your Mother Should Know" era só quase versões ao vivo dos The Beatles ao piano, a que acrescia um "Life On Mars" de Bowie, Brad Mehldau prepara agora um regresso semelhante, mas onde a primazia é dada ao grande Elliott Smith de quem são reinterpretados dez temas. Dois deles são já audíveis - "Better Be Quiet Know" e "Tomorrow, Tomorrow", este com a colaboração de Daniel Rossen dos Grizzly Bear.
No disco, que junta ainda Chris Thile, os baixistas Felix Moseholm e John Davis, o baterista Matt Chamberlain e uma orquestra de câmara liderada por Dan Coleman, surgem também versões de "Thirteen" dos Black Star e, surpresa, de "Sunday" de Nick Drake, artista que Mehldau considera, de certa forma, como uma espécie de padrinho visionário do próprio Smith.
Tudo disponível pela Nonesuch Records no final de Agosto sob o título de "Ride Into the Sun", canção que Smith gravou em 2000 para o álbum "Figure 8", e onde caberão também quatro originais do pianista norte-americano inspirados pela música do malogrado artista falecido em 2003.
Um disco de versões de Josh Rouse estava já alinhado desde o final de 2024, mas só no mês passado conheceu divulgação pública abrangente. A espera valeu toda a paciência - há variadas inversões e reutilizações modernas de "Streets of Your Town" (1988) dos The Go-Betweens, escolha que acaba por dar título ao álbum, de "Tinseltown In the Rain" (1984) dos amados The Blue Nile ou memórias avivadas de pérolas como "Rip It Up" (1982) dos Orange Juice.
Juntam-se "Somebody's Baby" (1982) de Jackson Browne, "Honey Don't You Think" (1994) de Grant Lee Philips, "May"(1970) de Kevin Ayers, "My Heart Hurts" (1982) de Nick Lowe, "Catch" (1984) dos The Cure e "Only the Lonely" (1982) dos The Motels. Tchhhh!
O gozo que isto, certamente, lhe dá é antigo e habitual num artista que sempre assumiu a pop em formato descontraído e sem fobias - teclados retro, acentuada percussão e guitarrada quando é preciso, tudo auto-produzido no estúdio caseiro de Valencia mesmo a tempo do sol, da areia e das brisas...
Para Brandee Younger cada álbum é sinónimo de uma narrativa em que os altos e baixos da vida assumem protagonismo obrigatório. A harpa, de que é exímia executante como testemunhado, é um condutor espiritual, ora despertador, ora reflectivo, para as composições que ganham, cada vez mais, uma intimidade particular e cintilante.
Esse caminho, entreaberto no anterior "Brand New Life" (2023), estreita-se em "Godabout Season" a sair em Junho, onde a busca e identificação de muitos dos significados do dia-a-dia ganharam outra dimensão, já que a execução e gravação das composições foi feita com a harpa original, mas restaurada, de Alice Coltrane (1937-2007) de que ficou fiel depositária.
O disco conta com colaborações de, entre outros, Shabaka ("End Means"), da pianista Courtney Bryan ("Surrender") e do comediante e escritor Josh Johnson ("Discernment") e espelha uma nova faceta de professora assumida na Universidade de Nova Iorque e na New School da mesma cidade.
Os dois pedacinhos já disponíveis têm imagens escolhidas e dirigidas pela própria.
A presença de Ambrose Akinmusire em palcos nacionais têm-se revelado frutuosa. Desde a, aparente, estreia no Guimarães Jazz de 2016, passando pelo jardim da Gulbenkian em 2019, por Coimbra ou o Seixal em 2022 e o retorno a Guimarães em 2024, a actual digressão europeia permitiu nova e exclusiva investida a norte em formato quarteto. Toda uma sorte e um privilégio que, já em Julho, se estenderá ao Funchal na variação aumentada relativa à apresentação do mais recente álbum "Honey From a Winter Stone"...
A fortuna procura-se, é certo, sendo também certo que as plateias que Akinmusire tem encontrado e enfrentado pelo nosso território são daquelas que assumem um ecletismo importante como condição valiosa para fazer da sua música uma linguagem de composição sem igual. A noite espinhense não fugiu à regra, isto é, cresceu num vanguardismo tensional que requereu muita atenção pelas subtilezas das sonoridades que o quarteto, desde logo, rendilhou. Vinte minutos iniciais, assim, de uma assentada ofegante, com direito a solo saliente de Justin Browm, mestre da bateria que teve o condão de inebriar, como em muitos outros momentos, a fruição já de si sobrenatural.
Restam, pois, poucas dúvidas que aquilo que alguns chamam "jazz difícil" e que necessita, garantido, de pautas e treino aplicado, é senão que uma enorme e expressiva torrente de sincopados alimentados por silêncios, pausas, sopros ou assomos energéticos, mas que o talento, ali em bruto, dos músicos aliviou numa flutuante e libertadora aptidão para tudo juntar na feição certa e (in)conveniente. Noventa minutos de puro prazer e que esvoaçaram num ápice. Bravo Ambrose!
A britânica Brigid Mae Power é uma lutadora. Irrequieta, a artista denota espírito combativo e até, sem exagero, de sobrevivência, mantendo-se activa na obtenção de recursos e meios de exprimir a sua arte em diferentes segmentos.
Depois de um disco de versões no início do ano, surge agora um pequeno EP de seis temas registados directamente para um gravador de cassetes de quatro pistas instalado na cozinha lá de casa. Chamou-lhe "Silver Strand Tapes", improvisações resultantes de uma insistência de dois dias, uma delas provocada por um contratempo com a fita a rodar ao contrário com Stevie Wonder a cantar... Tíulo: "Wonder Backwards"! Acrescentou ainda "I Can’t Stop Loving You", original de Daughn Gibson que não coube no referido grupo de covers.
Quase em simultâneo, Power apresenta para venda uma série de pinturas finalizadas durante uma semana por Espanha e com Morricone como fundo sonoro e inspirador. Outra faceta, vistosa e... poderosa!
Demorou a termos Nick Drake na capa de uma revista, demorou a dar-lhe o merecido destaque, demorou a fazer justiça ao seu talento, demorou a ouvi-lo como deve ser. Agora, a sua fotografia aparece regularmente num qualquer escaparate de aeroporto ou de estação de comboio como que desafiando uma improbabilidade que, em vida, lhe deveria ter trazido tanta satisfação e aquele sorriso... leve.
Uma vez mais, é a Uncut inglesa a decidir pela primazia (a terceira em onze anos!) a um músico que a, cada evocação e distinção, acaba homenageado pelos seus concidadãos, finalmente, orgulhosos de um dos seus heróis, mesmo que tardio. Warming!
A publicação referente a Julho, à venda por lá a partir de hoje, eleva a atenção que a irmã Mojo tinha realizado o mês passado, tudo a propósito da caixa a sair em breve com uma montanha de pérolas ainda não escutadas gravadas aquando de "Five Leaves Left". No mesmo número aponta-se ainda o curioso relevo à rainha Sharon Jones recordada pelos seus Dapt-kings e a reportagem de um concerto de Mark Eitzel.
Um novo e inesperado álbum de versões de Paul Weller terá edição em Julho via Parlaphone, sendo diversas e para todos os gostos as pré-encomendas já disponíveis. Trata-se de uma segunda insistência oficial nas covers depois de em 2004 ter feito sair "Studio 150", projecto de escolhas mais mainstream e fama que não esqueceu Burt Bacharach, Gil-Scott Herom, os Carpenters ou até os amigos Oasis. Desta vez a coisa pia mais refinada...
Chama-se "Find El Dorado", agrupa quinze variações de temas obscuros de bandas e artistas como The Flying Burrito Brothers, Richie Heavens, White Plains ou Willie Griffin, mas também de clássicos dos The Kinks ("Nobody's Fool") e Bee Gees ("I Started a Joke"). O projecto, que recebeu ajudas de Noel Gallagher, Robert Plant, Amelia Coburn, Seckou Keita ou do irlandês Declan O’Rourke, é assumido como pessoal e intimista na memória que guardou dos temas, do DNA imposto à sua composição e que agora se refrescam à sua maneira.
O primeiro single terá direito 7" de vinil e contempla "Lawdy Rolla" dos franceses The Guerrillas e "Pinball" de um tal Brian Protheroe. Douradinhos!
O disco pequeno, só em número de canções, que os Kokoroko lançaram no final de 2024 terá sequência de maior volume já em Julho quando a Brownswood Recording lançar "Tuff Times Never Last", uma colecção de onze temas que aposta numa vibração de optimismo. Bem que é preciso.
Quer a resiliência quer perseverança são, assim, condições para afirmar uma atitude mais positiva perante tempos conturbados, o que se adivinha em "Sweetie", primeiro avanço já de Abril e que é uma vénia e saudação ao disco transbordante dos anos oitenta que se fazia e ouvir na África ocidental, explorando a sua diversidade e pioneirismo electrónico.
Quanto a "Closer To Me", a mais recente novidade, assegura uma continuidade sonora que emana a frescura e a maturidade de um projecto jazzístico que sugere estar agora perfeitamente desprendido de convenções e correntes. O álbum comporta ainda "Three Piece Suit", peça já incluída no referido Ep do ano passado.
Para dar colorido a toda esta confiança foi pedida ajuda a Luci Pina, afamada ilustradora de Leeds que não poupa na tinta para lhe acrescentar um calor veraneante e citadino carregado de nostalgia e alguma inocência. A banda não desmente a intenção em prestar, desta forma, homenagem a Spike Lee e ao seu filme biográfico "Crooklyn" (1994) e também a Rick Famuyiwa e à sua comédia "The Wood" (1999).
A estreia nacional do sul-africano Nduduzo Makhathini teve no auditório de Espinho um pouso feliz e abençoado. Se o piano que lhe serviu o feitiço é de aparente estranheza para um assumido sangoma ou curandeiro, ele foi o condutor transcendente de uma musicalidade que nos habituamos a chamar jazz, mas que se torna de epíteto redutor atendendo à expressão e alcance do que se deu a ouvir - os três andamentos ou movimentos, a saber, Libations/"Libações", Water Spirits/"Espíritos da Água" e Inner Attainment/"Conquista interior", do álbum gravado para a Blue Note em 2024 foram como que exorcizados com a cumplicidade de um contrabaixista e um baterista, também eles mestres de uma cerimónia ultra-dimensional.
A unidade do conjunto, e a indefectível qualidade na transmissão, resultou numa hipnotizante experiência onde cada pausa, cada complemento ou cada aceleração conduziram a plateia a um mundo único, ou não fosse, como explicado, cada concerto um género de ensaio onde se começa sempre de novo, esvaziando trejeitos e repetições. A filosofia, devidamente ministrada e explicada a meio da "aula", tem por base uma criação em que ancestralidade e a memória circundam uma exploração criativa que aponta a uma simples aspiração - a sua utilidade.
Para o efeito, a composição ganha a cada passo e oportunidade uma revisão em que a improvisação aprofunda a dúvida fulcral e multiplica as respostas que o nosso mundo, ao avesso e perigoso, parece esquecer desgovernadamente. Uma impossibilidade que o próprio assumiu como forma de vida e a que junta inauditas tarefas de docência e pedagogia.
A fórmula dedicada do trio em palco, traduzida numa pluralidade instrumental superlativa e cativante (aquele magistral cantar sibilado das notas...), induziram a viagem sonora por uma fascinante experiência de noventa minutos em que a plateia, submersa, recebeu cura e reforço energético "uNomkhubulwane", milenar nome do referido disco que evoca a filha do deus zulu uMvelikuqala e traduz o poder de trazer chuva até o interior árido de África. Bendita e benzida tamanha "chuva" de notas!
Como previsto, a apresentação ao vivo do novo álbum "Rainy Sunday Afternoon" dos The Divine Comedy, a sair em Setembro, chegará ao Porto no dia 9 de Março de 2026, passando na véspera, Domingo, pela aula Magna da capital.
Bilhetes a partir de sexta-feira.
Entre as primeiras confirmações para a próxima edição do festival vimaranense Mucho Flow, com datas marcadas entre 30 de Outubro e 1 de Novembro, anunciam-se os fabulosos These New Puritans dos irmãos Barnett, prontinhos, já nessa altura, para apresentar devidamente o novo álbum "Crooked Wing" a sair no final de Maio.
Doze anos depois, é o regresso desejado ao norte do país de uma banda "fora da caixa" e de misteriosa inquietude, sendo previsível que o concerto decorra no sábado de 1 de Novembro, atendendo a que os dias anteriores têm já cidades europeias atribuídas.
Apesar de toda a sua magnificência, Laura Marling nunca actuou ao vivo em Portugal. Certo é, também, que a sua disponibilidade para concertos ao vivo começa a rarear ainda mais, para o que contribui o facto de ser uma orgulhosa mãe dedicada. Será, por isso, difícil que uma qualquer aparição milagrosa aconteça por perto.
Contudo e a partir de hoje, é visionável na íntegra um espectáculo recente, concretamente, uma das duas noites (dia 6) no Albert Hall de Manchester de Março passado, datas esgotadas onde se fez acompanhar por um quarteto de cordas, um grupo coral ("Deep Throat Choir") e um baixista, dos poucos concertos que a artista de Reading deverá concederá no corrente ano.
As imagens, dirigidas e editadas pela própria num género de primeiro plano de único enquadramento, contemplam vinte canções de um songbook já memorável e que incidiu, na oportunidade, no excelente "Patterns in Repeat" (2024). Não substitui, como é óbvio, uma suspirada e sonhada experiência a três dimensões, mas é, ainda assim, uma assinalável dádiva de noventa minutos!
Não é bem um dueto, não é bem uma colaboração, é um milagre!
No programa da semana passada de um tal John Mulaney de uma tal plataforma Netflix e em dois pedacinhos como que agarrados, Dan Bejar akaDestroyer e Jessica Pratt espalham magia em quatro minutos de beleza. So good!
A 51ª edição do FIME-Festival Internacional de Música de Espinho, que decorre de 8 de Junho a 19 de Julho, contará com espectáculos de, entre outros, Al Di Meola, Angélique Kidjo com a Orquestra Clássica de Espinho, Joshua Redman também com a Orquestra de Jazz de Espinho, Martin Frost, Amandine Beyer, Leticia Moreno, Lea Desandre e Thomas Dunford, Dave Holland e Chris Potter, Pedro Burmester trio e, eh lá, Makaya McCraven!
O concerto do baterista e produtor norte-americano está marcado para dia 11 de Julho, sexta-feira, no Auditório de Espinho e contará com Marquis Hill no trompete, Junius Paul no baixo e Matt Gold na guitarra, formação muito semelhante à que compareceu na Casa da Música em Novembro de 2023.
A oportunidade deverá contemplar uma insistência no recente relançamento de "In The Moment (IA11 Edition)", disco de estreia na International Anthem Recording em 2015 que colava pedaços de improviso ao vivo registados pelo produtor da editora Dave Vettraino ao longo de doze meses e de quase trinta espectáculos, o que resultou numa selecção de dezanove peças. A nova edição comemorativa dos onze anos da casa acrescentou-lhe mais quatro e umas tantas fotografias e anotações.
Teve início no dia de hoje a pré-venda de um raro single de vinil, compacto no Brasil, de Tim Bernardes pela Coala Records, casa editora pendurada no sucesso do festival com o mesmo nome e que terá uma segunda edição portuguesa já no final do mês em Cascais.
A apetecível rodela reúne as canções "Prudência" e "Praga" e foram gravadas por outras vozes da música brasileira, regressando agora ao autor original em versões de crueza emocional entre o rock e o samba-canção.
O dramatismo das composições tem espelho na capa e videos do single, inspiração assumida no ambiente que emanava de "Ensaio (MPB Especial)", lendário programa televisivo de final da década de sessenta e anos seguintes caracterizado pelos diálogos intimistas, a luz ténue e a filmagem ampliada no rosto do artista, então, entrevistado.
Assim, a canção "Prudência" foi propositadamente composta por Tim para Maria Bethânia incluir no seu disco "Noturno" (2021), sendo depois transformada num género de bolero de assinalável êxito ao vivo.
Quanto a "Praga" e respondendo a um convite para escrever a letra em parceria com o lendário Erasmo Carlos (1941-2022), o tema seria registado por Alaíde Costa no disco "O Que Meus Calos Dizem Sobre Mim" (2022).
O projecto Miramar de Peixe e Frankie Chavez tem regresso marcado aos discos grandes ao longo do corrente ano, sem que seja apontada uma data de edição ou sequer uma editora. Trata-se da terceira porção mágica de um todo instrumental onde, desta vez, as guitarras e as suas derivações se misturam com outras cordas, barulhos, interferências ou memórias guardadas nos dois primeiros discos.
Assim, o novo tema "I’m Leaving – Cap. II” apresenta-se como uma sequela do original "I’m Leaving” incluído no primeiro álbum do grupo de 2019, tem video de Jorge Quintela, que tinha já contribuído com memorabilia para a primeira versão imagética, e conta com protagonismo da modelo Carolina Pais. O tema recebeu ajuda do quarteto de cordas da Casa da Música com arranjos específicos do próprio Peixe e foi registado nos Miramar Sessions Studio em Miramar, where else!
Os Miramar tocam no Boom Festival de Idanha-a-Nova em Julho próximo, mas outras datas ao vivo serão, certamente, divulgadas.
O quarto de cinco espectáculos de Joan Wasser akaJoan As Police Woman em Portugal encheu de forasteiros portuenses a plateia do novo espaço penafidelense, acentuando, cada vez mais, o deserto de concertos apetecíveis em que a Invicta se foi tornando nos últimos anos. São as alterações problemáticas, de certeza. Valham-nos as periferias!
A solo e dando primazia a um alinhamento ao piano, Joan esteve, como é habitual, notável na posição da voz e das suas variações, um timbre muito próprio que tanto se adapta a tonalidades jazz experimentadas há três anos atrás ou a canções pop como "Tell Me". Foi, contudo, em "Lemons, Limes and Orchids" e usando um violino pré-gravado, que o serão conheceu um primeiro cume, enegrecendo ainda mais quase todo o tema título do mais recente álbum até ao momento em que só o piano-voz final espaireceu as trevas.
Antes, ao contrário, o drum beat que decidiu juntar a "Safe to Say" ecoou algo deslocado e um tanto exagerado, mas logo à frente seria com um "Oh Joan", a escorregar na perfeição para uma inesperada cover de Bob Marley ("Guiltiness"), que o concerto alcançou outro topo de um nivelamento crescente.
Joan voltaria depois à guitarra para, antes do encore, praticar um género de descompressão que a união umbilical ao piano provoca e fermenta e, que noutras ocasiões, teve na tagarelice com os, ali inexistentes, parceiros de palco uma distensão de informalidade. Os relaxantes escolhidos, entre agradecimentos e elogios de ocasião, foram "I Was Everyone" e o incontornável "The Magic".
Voltaria, entre aplausos, para "The Ride", canção de marca própria com quase vinte anos, período de tempo em que a aura desta artista não há maneira de se desfazer, mesmo que, desde sempre, seja em alguma amargura que ela se ilumina. Se essa luz contínua nos leva a questionar qual será a próxima reinvenção, ela também nos permite perceber que a sua radiação será sempre inspiradora. Concertos como este dão-nos, sem dúvida, essa garantia.
Já por aqui atestamos a segurança do investimento nos Real Estate. Há muito que lhe confiamos, de olhos fechados, uma tradição americana indie de imediato reconhecimento que só é pena não ter sofrido mais testes ao vivo.
Chegou agora a hora de reunir uma dúzia de raridades registadas ao longo de mais uma década para a editora Domino Records, incluindo versões antigas (2011) de "Barely Legal" dos The Strokes ou "Paper Dolls" dos The Nerve e as mais recentes "Days" (2021) dos Television e "Daniel" de Elton John, a propósito do álbum do ano passado com o mesmo nome.
A compilação recebeu um "muito Sinatra" título de "The Wee Small Hours: B-Sides and Other Detritus 2011-2025" e agrega também os cada vez mais raros lados B de singles ("Blue Lebaron" ou "Pink Sky"), inéditos ("Two Part") ou obscuridades aplicadas em flexi-disc ("In My Car"). Tudo não dispensável... à confiança!