segunda-feira, 15 de abril de 2019

TASHI WADA GROUP feat. JULIA HOLTER & COREY FOGEL + THE BLACK MAMBA, Westway Lab, C.C.V. Flor, Guimarães, 13 de Abril de 2019

Na senda do pai Yoshi, o filho Tashi Wada dedica-se a explorar afincadamente o minimalismo sonoro com a cumplicidade do progenitor e de uma alargada colaboração de amigos e quase família onde se incluem Julia Holter, o percursionista Corey Fogel, a performer e dançarina Simone Forti, a vocalista experimental Jessika Kenney ou a compositora Laura Steenberge. Foi nesta roda de influências e confluências que foi registado o ano passado o disco "Nue", título que joga num suposto e dual significado da palavra, ora "nu" na língua francesa ora a alusão a uma figura mitológica japonesa...

À programada apresentação ao vivo destas nuances conceptuais foi acrescentado o resultado prático de uma recente residência artística pela galeria ZBD onde Wada recebeu formalmente a ajuda de Julia Holter nas teclas e vozes e de Corey Fogel, improvisador que tem na bateria um leque alargado de recursos surpreendentes e inusitados, trio constituinte do tal grupo anunciado no cartaz e que ocupou subtilmente o palco fronteiro do espaço vimaranense.

Sem apresentações, cumprimentos ou introduções, a perfomance rapidamente se notou de séria vibração, um ambiente de tensidade friorenta onde uma plateia já reduzida se foi exaurindo na imensidão do espaço e na geometria sonora apresentada, uma múltipla graduação de improviso futurístico ora sonhador ora confrangedor, o que atendendo à sua dessintonia, para alguns, ou à sua singularidade, para outros, motivou reacções diversas de desistência, contemplação ou, como merecia, atenção. Estranho, mas, mesmo assim, de atrito multiplicador.         



Como que transportados para uma outra e inesperada dimensão em menos de quinze minutos, damos connosco no palco principal do recinto indoor de negro pintado para a apresentação dos The Black Mamba. Reduzindo os blues e a soul a um aparelho mainstream onde não falha nenhum dos trejeitos orquestrais ou sequer os famosos agitadores de plateias de fim de noite - bracinhos no ar, palminhas e interacções sugeridas - o colectivo nacional tem na máquina instrumental um forte trunfo para jogar onde tudo rola num sobe e desce infalível e oleado mas em que já nada surpreende ou nada se acrescenta e que serve pelo menos para passar um bom bocado.

Questionando o que é que uma banda já tão tarimbada que até esgota Coliseus estava ali a fazer - tínhamos o Westway Lab como um evento internacional para descobrir novos talentos e/ou novos projectos - ah, pois é, a montra viu o rapaz Tatanka fartar-se de falar inglês ao jeito de uma entrevista de emprego no estrangeiro. Como não nos pareceu haver mais candidatos do mesmo calibre e com tão comprovada experiência, talvez o telefone acabe por tocar com algum indicativo que não o +351...   


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