quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

BOM ANO DE 2021!

Happy New Year 
No more champagne 
And the fireworks are through... 

Happy New Year 
May we all have a vision now and then 
Of a world where every neighbour is a friend...

Os ABBA é que sabiam.
Um Feliz Novo Ano cheio de abraços, se possível daqueles mesmo apertados! 

THOMAS FEINER, FEZ-SE LUZ!






















O maravilhoso Thomas Feiner, mesmo atarefado no projecto Exit North, não deixa de ir largando pérolas em nome próprio que perfazem já um colar cintilante a merecer um compilação exclusiva e urgente. Desde uma corajosa reinterpretação de "Ave Maria" de Shubert, passando por colaborações com o trompetista italiano Giorgio Li Calzi ou a profética faixa "Guide For the Perplexed", o ano não finda sem mais um inédito - "Passing Candles", disponível desde a semana passada, começa como quase sempre ao piano até que a voz, que voz, nos inicia num caloroso aperto lírico de nítida alusão a estes tempos singulares. Passem a chama... e a esperança!

quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

SUMIE, UMA QUERIDA!






















Há na voz de Sumie Nagano um desarmante hipnotismo a que é difícil resistir. Bastam alguns segundos das canções para que, de imediato, ela se faça notar na sua fragilidade infantil quase sempre adornada por uma guitarra acústica e/ou um piano de tendência cinemática que teve já ajudas em disco de Nils Frahm ou Peter Broderick. A mania da composição começou há mais de dez anos no apartamento de Gotemburgo, cidade onde nasceu com sangue sueco e japonês e por onde, obrigatoriamente, se manteve neste ano de clausura mas sem cruzar os braços.

Assim, em Julho saiu "Upp Ur Mörkret", tema inédito cantado em sueco com direito a bonito desenho de capa (foto acima) pelo pai, Yuseke Nagano, e para o qual reuniu três amigos locais na bateria, baixo e piano. A canção, que numa tradução livre do título se aproxima de qualquer coisa como "fugir da escuridão", é um primeiro passo da sua editora "Furora" que mereceu, mesmo assim, a aprovação da oficial Bella Union para a qual se encontra já a preparar um terceiro álbum. Mas há mais. 

Com tempo para rever o passado na audição de velhas demos, Sumie escolheu agora "Dear" como revelação especial de um momento que irá sempre recordar e que decidiu partilhar, em boa hora, com todos nós. Tack/Arigatou!  

 

terça-feira, 29 de dezembro de 2020

UAUU #566

SKINSHAPE, FONTE DE ENERGIA!
















O projecto Skinshape do londrino William Dorey é um dos muitos tesouros que se escondem na imensidão infindável da floresta de música nova. Ao jeito de faz-tudo, há nos seus discos uma variedade saborosa de paladares com preferência no psicadelismo mas onde se podem misturar múltiplos ritmos africanos, jamaicanos ou asiáticos, uma influência abrangente infiltrada pela mania do digging de vinil indispensável à faceta inicial de DJ e que se estende a outros gostos analógicos por equipamentos antigos de gravação ou de experimentação caseira. Desde 2013, são já mais de meia dúzia de álbuns de auto-produção e onde recolhe a colaboração de amigos músicos e a partilha de vozes diferenciadas que transformam as canções numa brisa sempre fresca e agradável. 

No corrente ano e depois de em Junho ter saído "Umoja", que notoriamente apontava ao continente africano e sul-americano e onde se podiam ouvir temas cantados em português a cargo da brasileira Nazaré S. Coutinho, swahili pelo queniano Idd Aziz ou soninke pelo senegalês Modou Touré, Dorey registou ainda um outro trabalho agora disponível em diversos formatos e cores. Com "Arrogance is the Death of Men", grande título, regressa uma sonoridade mais pop mas onde as boas vibrações, hoje em dia mais que urgentes, preenchem qualquer hora, dia ou local de energia positiva.  



segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

(RE)VISTO #84






















THE BEATLES
EIGHT DAYS A WEEK - THE TOURING YEARS
de Ron Howard. UK/E.U.A., Apple Corps/Imagine Entertainment, 2016
TVCine Edition, Portugal, 25 de Dezembro de 2020
São talvez incontáveis os documentários realizados sobre os The Beatles quer de forma oficial quer jogando num risco desalinhado. Essa imensidão traduz um interesse eterno por um fenómeno que ultrapassa a música e se estende a abordagens complementares focadas na sociologia e história e que se abre muitas vezes a exageros, banalidades e até inutilidades. Não é o caso deste filme que, embora controlado na sua essência por McCartney, Ringo e as viúvas Ono e Harrison, acrescenta à enciclopédia dos de Liverpool algumas anotações e recensões curiosas e particularmente interessantes para o entendimento daquilo a que se convencionou chamar a Beatlemania.       

Sobre esse auge de popularidade obtido entre 1962 e 1966 em duzentos e cinquenta concertos nos cinco continentes, os próprios trataram na altura (1964) de começar a documentar através de "A Hard Day's Night", um guião fílmico de corrosiva troça ao próprio exagero traduzido no acompanhamento simulado mas verosímil do grupo por um enxame contínuo de aficionado(a)s ao longo das trinta e seis horas que antecipavam a participação numa suposta emissão televisiva. O resultado de êxito comercial assinalável, acaba em jeito de comédia por prestar homenagem involuntária ao evidente - o grito feminino... A pergunta de um jornalista "Porque gritam?" continua, até hoje, sem resposta ou explicação plausível embora seja esse agudo brado que, de princípio ao fim, percorre esta compilação de imagens dos Fab Four em cima de um estrado de estúdio de TV, um qualquer palco de um teatro ou, pela primeira vez, na cabeceira imensa de um estádio!

Das primeiras aparições no The Cavern de Liverpool ao último concerto em St. Louis, o ritmo da narrativa cronológica imposta pelo realizador acentua uma certeza - a de que a amizade e a união artística dos quatro músicos foram as argamassas insolúveis para aguentar tamanha pressão mediática e, simultaneamente, compor e registar canções para singles e álbuns meticulosamente preparados pela estratégia comercial de um Brian Epstein visionário e um George Martin protector. Não se fala em números, em valores de contratos ou sequer em como se gastou o dinheiro, mas quando a droga e os seus múltiplos efeitos brotaram sem culpados assumidos pelas praias das Bahamas ou nas montanhas da Áustria aquando da rodagem de "Help", o filme seguinte, a corda salvadora começou a desenrolar-se lentamente para dentro de um poço sufocante imposto pela avidez dos agentes ou a sofreguidão do restante negócio e que Lennon sem disfarces acabaria por confessar na canção com o mesmo título - "Help me if you can, i'm feeling down".

Os The Beatles mudavam, ganhavam medo e esmoreciam no gosto de tocar, e mal, ao vivo sem se ouvirem uns aos outros à custa da gritaria e da parca amplificação mas que uma digressão japonesa, mais silenciosa, acabaria por pôr a nu no seu vazio. Adiar o inadiável tornou-se então impossível. Abandonar os palcos e apostar nos estúdio como motivação única para se manterem unidos na tarefa imbatível de fazer canções, traduzida em seis obras primas em quatro anos, mostrou-se uma estratégia sábia e ganhadora de um período invejável de talento e arrojo que a história da música popular, qualquer uma delas, terá sempre de consagrar como dourada. Talvez por isso, sempre preferimos esta mania do Beatles em fazer obras primas à Beatlemania do "toca e foge" que este documento coloca definitivamente na prateleira. Quanto à primeira, aproxima-se mais uma boa dose de prazer curiosamente culminada em concerto... no telhado de um estúdio. Get Back!            


 

GRANDADDY, VERSÕES DE FINAL DE ANO!

Em ano particularmente frutuoso no que às versões diz respeito, os Grandaddy não lhe passaram ao lado e na sequência comemorativa e feliz da recreação ao piano do disco "The Sophtware Slump", florescem duas covers no mesmo registo de canções preferidas a cargo de Jason Little: uma desacelerada "The Fox In The Snow" (1996) dos Belle & Sebastian em toada propositadamente triste mas adocicada e "In My Room" (1963) dos The Beach Boys, um género de manifesto pela introversão artística como condição primária para não temer o público. São as "2020's Over Covers"...

quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

BOM NATAL!

Que tenham todos um Feliz Natal. Saúde!

SINGLES #49






















THE PARTRIDGE FAMILY 
Starring Shirley Jones &  Featuring David Cassidy ‎– White Christmas / Jingle Bells 
Alemanha: Bell Records - 2008 107, 45RPM, 1971
Ao que consta, a série de comédia americana "A Família Partridge" foi nos anos setenta um grande sucesso em Portugal através da RTP, mas tendo em conta que só começou a ser emitida a partir de 1973, será certo que ainda lhe deitamos os olhos em cima embora as memórias sejam poucas ou praticamente nulas. Ainda se fosse "os Pequenos Vagabundos"! Adiante. 

A tal família de seis elementos, liderada por uma mãe viúva (Shirley Jones), aposta numa carreira na música onde se destaca o filho mais velho (David Cassidy), um argumento vagamente inspirado numa história um pouquinho mais antiga da banda de Newport, os The Cowsills, que alcançaram mesmo algum êxito. Na vida real Cassidy era enteado de Jones por casamento com o actor Jack Cassidy, e o jovem acabou por vingar como ídolo pop daquela época e registar a voz nas principais canções dos discos então editados a que não podia faltar um álbum de Natal. Lançado em 1971, "A Partridge Family Christmas Card" vendeu milhares de cópias e dele foi retirado um single que teve também publicação nacional. Há ainda, no mesmo ano, um EP natalício único no mundo de quatro temas pela Stateside, um acaso muito português sem explicação mas a motivar estudo de caso.

O da nossa colecção é este, de prensagem alemã e com excelente som, onde à seriedade clássica de Irving Berlin e de um tradicional americano é sobreposta uma camada pop a la The Carperters e quase easy-listening que tanto podem resultar num átrio de um centro comercial como numa qualquer festarola descontraída entre tragos de um bom tinto acompanhados por um fatia fina de bolo-rei e queijo da serra... amanteigado!  


quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

KACY & CLAYTON E MARLON WILLIAMS, SURPRESA!






















O primeiro encontro entre os primos Kacy & Clayton de Saskatoon, Canadá, e Marlon Williams de Christchurch, Nova Zelândia, fez-se pela rádio - na digressão em 2017 pela Europa ao ouvir "Springtime of the Year" incluído no álbum de estreia da dupla do ano anterior "Strange Country", Williams enfeitiçou-se pela canção e decidiu contactar os seus autores. Acertou-se, então, uma reunião presencial na tal Saskatoon e o resultado, atractivo, é um álbum de onze canções disponível na New West Records com o título "Plastic Bouquet" e com o agora quase obrigatório vinil colorido. Country sujo de sonoridade fifties e que sabe mesmo bem...



terça-feira, 22 de dezembro de 2020

CAETANO DE ELEIÇÃO!

O "Live do Caetano de Natal" do passado sábado, que vai já em mais de um milhão de visualizações, teve vinte e sete canções - o "nosso" pedido do "Quando Galo Cantou" saiu ao lado - e nalgumas delas a parceria com os filhos Zeca Veloso, Moreno Veloso e Tom Veloso. O único inédito foi "Autoacalanto", tema escrito para o neto Benjamin, filho mais novo do mais novo Tom. Um Caetano Veloso emocionalmente sensível, em versão confessional, terna e de uma limpidez tocante. Para (re)ver sem falta!


HANIA RANI, ENLEVO DE NATAL!

A prodigiosa Hania Rani tem nas teclas de um piano uma forma suprema de enlevo. Já o testemunhamos ao vivo e já o confirmamos ao longo deste ano através do segundo álbum "Home" saído pela Gondwana Records em Maio. Agradecida e amável quanto baste pela forma calorosa como as suas composições vão preenchendo, mesmo à distância, as expectativas de quem a ouve, a retribuição gentil assume agora forma de uma improvisação de excelência.

Trata-se de uma versão alongada do clássico bicentenário "Stille Nacht/Silent Night", tema escrito pelo austríaco Gruber em 1818 e que é desde 2011 Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO. Mesmo sem a lírica, palavras para quê...

 

segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

3X20 ESPECIAL 2020


















25 CANÇÕES X 25 ÁLBUNS X 10 CONCERTOS 
+ 10 Low + 10 High 2020 
Alinhamos preferências, graduamos concertos, os possíveis em dois meses, mas a vontade era passar à frente! Para que as contas batam certo, acrescentamos aos vinte mais cinco (canções e álbuns). De propósito, esquecemo-nos de qualquer referência a uma tal Covid19 e às suas consequências negativas... baaah!  

25 Canções: 
1. PHOEBE BRIDGERS - Kyoto »»» 
2. ADRIANNE LENKER - anything »»» 
3. JFDR - My Work »»» 
4. JESSIE WARE - Read My Lips »»» 
5. JEHNNY BETH - French Countryside »»» 
6. PETER BRODERICK - Let It Go »»» 
7. BOB DYLAN - Murder Most Foul »»» 
8. BILL CALLAHAN - Pigeons »»» 
9. A GIRL CALLED EDDY - Not That Sentimental Anymore »»» 
10. CRISTINA BRANCO - Mau Feitio »»» 
11. BILL FAY - Salt of the Earth »»» 
12. FLEET FOXES feat. Tim Bernardes - Going-to-the-Sun Road »»» 
13. BADLY DRAWN BOY - I Need Someone to Trust »»» 
14. TENNIS - Need Your Love »»» 
15. KRUANGBIN & LEON BRIDGERS - Texas Sun »»» 
16. WILCO - One and a Half Stars »»» 
17. SHIRLEY BASSEY - Look But Don't Touch »»» 
18. ROISIN MURPHY - Shellfish Mademoiselle »»» 
19. KELSEY LU - Morning Dew »»» 
20. PERFUME GENIUS - Without You »»» 

21. WESTERMAN - Confirmation »»»
22. YOUNG GUN SILVER FOX - Long Distance Love Affair »»»
23. SOKO - Are You a Magician? »»»
24. TOM MISCH & YUSSEF DAYES- Nightrider (feat. Freddie Gibbs) »»»
25. THE DEARS - Play Dead »»»

25 Álbuns: 
1. ADRIANNE LENKER - songs and intrumentals 
2. A GIRL CALLED EDDY - Been Around 
3. LAURA MARLING - Song For Our Daughter 
4. BADLY DRAWN BOY - Banana Skin Shoes 
5. SONDRE LERCHE - Patiente 
6. PHOEBE BRIDGERS - Punisher 
7. TOM MISCH & YUSSEF DAYES - What Kind of Music 
8. POTTERY - Welcome to Bobby's Motel 
9. MATT ELLIOTT - Farewell To All we Know 
10. ISOBEL CAMPBELL - There Is No Other... 
11. THE INNOCENCE MISSION - See You Tomorrow 
12. FIELD MUSIC - Making a New World 
13. DAMIEN JURADO - What's New, Tomboy? 
14. NUBYA GARCIA - Source 
15. CRISTINA BRANCO - Delicadeza 
16. BONNY LIGHT HORSEMAN - Bonny Light Horseman 
17. KING KRULE - Man Alive!
18. BILL FAY - Countless Branches 
19. BILL CALLAHAN - Gold Record 
20. AOIFE NESSA FRANCES - Land of no Junction

21. DESTROYER - Have We Met 
22. LITTLE DRAGON - New Me, Same Us 
23. THE DEARS - Lovers Rock 
24. SUSANNA - Baudelaire & Piano 
25. RUFUS WAINWRIGHT - Unfollow the Rules

10 Concertos: 
1. KELLY FINNIGAN & THE ATONEMENTS, Auditório de Espinho, 29 de Fevereiro »»» 
2. BIG THIEF, Hard Club, Porto, 18 de Fevereiro »»» 
3. MICAH P. HINSON, Plano B, Porto, 14 de Fevereiro »»» 
4. DEVENDRA BANHART, Hard Club, Porto, 15 de Fevereiro »»» 
5. FAT WHITE FAMILY, Hard Club, Porto, 4 de Fevereiro »»» 
6. ANGEL OLSEN, Hard Club, Porto, 24 de Janeiro »»» 
7. POLIÇA, Casa da Música, Porto, 5 de Março »»» 
8. CHICO BERNARDES, Maus Hábitos, Porto, 8 de Fevereiro »»» 
9. M. WARD, CIAJG, Guimarães, 1 de Fevereiro »»» 
10. EMILY JANE WHITE, Teatro Diogo Bernardes, Ponte de Lima, 21 de Fevereiro »»» 

10 LOW: 
. um homicídio qualificado numa sala de aeroporto;
. a credibilidade de Mark Kozelek arrasada por culpa própria(?);
. o termino abrupto da série "Project Blue Book";
. o tal canal que afinal... de Cristina Ferreira;
. o silêncio hertziano do "Coyte" de Pedro Costa na Antena3;
. a partida de Eduardo Lourenço, um dos portugueses maiores;
. a tentativa indie de Taylor Swift; 
. o abate criminoso e cego de plátanos centenários em Viana e Miramar;  
. o desprestígio vergonhoso da monarquia espanhola;  
. saudades de Daniel Johnston. 

10 HIGH: 
. a actualização de filmes sem conta em frente à TV;
. a dupla ultrapassagem de uma mota na última curva; 
. o pontapé no rabo a Donald Trump, #byedon;
. os dois heróis ciclistas por estradas italianas;
. ir trabalhar de bicicleta;
. o álbum grego de Mark Eitzel em vinil;
. a pedagogia sociopolítica de "Isto é Gozar Com Quem Trabalha";
. o regresso milagroso de Erin Moran como A Girl Called Eddy;  
. a Fonoteca do Porto a funcionar e pronta a robustecer-se;
. 2021...

sábado, 19 de dezembro de 2020

JFDR SONHADORA!






















O início do mês de Março trouxe um novo trabalho da islandesa Jófriour Akkadóttir escondida como JFDR de nome "New Dreams" mas as nuvens negras que estacionaram sobre o planeta adiaram a sua apresentação ao vivo no velho continente e a restante promoção presencial. A artista, reticente mas sonhadora, refugiou-se em Brisbane na Austrália para um retemperador período de reflexão que tem desde o mês passado um resultado encantador - um EP alargado com quatro diferentes e singelos arranjos para temas do referido álbum e que poderiam ser versões aproximadas ao que seria supostamente dado a ouvir ao vivo a que se juntam ainda três inéditos

Este género de novo estudo visionário sobre quais serão, então, os novos sonhos teve o auxílio, entre outros familiares e amigos, da irmã gémea Ásthildur, com quem partilha o projecto Pascal Pinon, e da violoncelista Gyða Valtýsdóttir e tem na sua essência simbólica a canção "Drifter" que encerra "New Dreams", agora rebaptizada de "Drifter (Dream On)" com video a cargo de Emily Avila rodado precisamente em Brisbane, realizadora que tinha sido também responsável pelas imagens de "Taking A Part of Me" lançado no Outono do ano passado. Bons sonhos! 


sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

LIANNE LA HAVAS, UMA PERDIÇÃO!
















Continua a ser imperdível o perfume artístico de Lianne La Havas, uma fragrância sedutora e irresistível perfeitamente intacta tal como o descobrimos em 2012 e que tenderá a acentuar-se no efeito sempre que submerge um seu qualquer reaparecimento airoso. O álbum homónimo deste ano continua a ser um excelente refúgio de bom gosto e classe apresentado nestes tempos de recolhimento de forma solitária mas, ainda assim, continuamente sublime. 

É o caso de um novo EP editado hoje que selecciona cinco temas da sua passagem em Julho passado pela Roundhouse londrina, momento transmitido em streaming através do youtube e que serviu também para um directo intercontiental como convidada do programa The Late Show with Stephen Colbert onde cintilou à guitarra o magnífico "Bittersweet" com a cumplicidade da vocalista Frida Touray, tema incluído no referido EP. Uma perdição.



quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

THE BLUE NILE vs PURE BATHING CULTURE 2.0!






















Parece estranho e até impróprio gravar novas versões para as sete canções intocáveis do álbum "Hats" do The Blue Nile editado pelos escoceses em 1989. O que é certo é que a dupla Sarah Versprille e Daniel Hindman aka Pure Bathing Culture ousaram fazê-lo em 2018 sem muito alarido numa obscura produção caseira liderada por Daniel na execução de quase todos os instrumentos e com a ajuda nas vozes de Ben Gibbard dos Death Cab For Cutie, banda para a qual tinham realizado no ano anterior a primeira parte de uma digresssão americana. Tentamos, na altura, chegar à sua simples audição mas encontrar as versões não era tarefa fácil e, por isso, logo foram esquecidas. 

Há agora uma insistência, o que talvez prove que o resultado prévio precisasse, afinal, de alguns ajustes. O disco vai ser relançado em breve depois de uma nova remistura e remasterização com acrescentos orquestrais de Ellis Ludwig-Leone, ou seja, San Fermin, sendo mantida a colaboração inicial com Gibbard. O desenho de capa é agora mais próximo da original mas, sinceramente e como seria esperado, a primeira prova requentada que deixamos aqui em baixo não nos convence. Uma banhada. Sugerimos à dupla que continue alegremente na sua saga de canções a la Fleetwood Mac e que tem num EP do verão passado em homenagem a Richard Swift um muito melhor exemplar...

quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

UAUU #564

OTHER MUSIC, UMA LOJA EM FILME!



A história não é inédita nem será a última - uma loja de discos, uma discoteca como se dizia na Invicta, que encerra ao fim de muitos anos a fomentar um espírito de comunidade e onde os clientes são muitas vezes amigos que impulsionam conexões, concertos, venda de revistas, de videos ou o lançamento de discos. Aconteceu com a Other Music de Manhattan, Nova Iorque, local de peregrinação alternativo e obrigatório para muitos músicos e melómanos na procura das novidades ou raridades e onde despontaram bandas como os Vampire Weekend ou os The National. Berço de muitos outros projectos e até de editoras de música, o desfecho fatal ocorrido no verão de 2016 depois de vinte anos de actividade deu origem a um documentário com o mesmo nome realizado por uma jovem dupla de marido e mulher, também eles com ligações especiais ao local. 

Estreado no ano passado em território americano e alargado a alguns festivais de cinema na Europa já neste último semestre de 2020 mas sem passagem pública conhecida por telas nacionais, o filme pode ser requisitado para esse efeito através de um formulário online, ou, então, calmamente visionado no sossego do lar por aluguer ou compra. O bilhete tira-se aqui...


terça-feira, 15 de dezembro de 2020

DUETOS IMPROVÁVEIS #231

LITTLE DRAGON & MOSES SUMNEY 
The Other Love (Little Dragon) 
Ninja Tune Records, Dezembro 2020

FAROL #139















A cortesia dos The Innocence Mission do casal Peris não tem preço. Depois de mais um grande álbum editado este ano - "See You Tomorrow", publicado em Janeiro passado - surge agora a oferta carinhosa de uma inédita canção de Natal. Rápido, "Radiant and Holy Night" é para desembrulhar aqui em baixo... 

segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

(RE)VISTO #83






















JANIS: LITTLE GIRL BLUE 
de Amy Berg. E.U.A., Jigsaw Productions/Disarming Films, 2015 
TvCine Edition, Portugal, 7 de Dezembro de 2020 
A importância de Janis Joplin na história da música popular é de reconhecimento generalizado quer na abertura de horizontes criativos de fusão entre, por exemplo, o rock e os blues quer na afirmação da mulher como protagonista irreverente e decisiva às mudanças que os anos 60 aportaram. Bem sabemos que, depois, a história se encarregaria de a endeusar como um cliché do fenómeno "hippie" que faleceu de overdose por culpa do eterno "sexo, drogas e rock & roll" sem muitas vezes se preocupar em revelar e contextualizar devidamente a sua ascensão e, já agora, a queda. Ora bem, este documento tem, pelo menos, a virtude de nos abrir os olhos e o espírito a uma luta solitária de uma mulher que sabia bem o queria - ser uma estrela - num mundo armadilhado e para o qual nunca se preparou ou, melhor, não quis preparar-se. 

O filme, que estreou em sala em Portugal em 2016 com algum êxito, tem nos parentes da artista (dois irmãos) o testemunho credível para alicerçar uma tese consensual - Janis foi sempre uma inadaptada quer a puxar os limites de uma família tradicional quer a enfrentar uma espécie de bullyng liceal que a descoberta da droga haveria, ainda mais, de alargar nas feridas duradouras. Mas Janis tinha uma voz que ela própria desconhecia e que a, custo, haveria de lhe dar bom uso numa banda de blues depois da rejeição auto-imposta ao folk tão em voga na altura. Essa verdadeira força da natureza que se estranha e depois se entranha ainda hoje de forma nada fácil, teve em Monterey durante um festival famoso (1967, como vocalista da Big Brother and the Holding Company) o momento em cima do palco que haveria de a catapultar vertiginosamente para as franjas de uma fama que, para o bem e para o mal, não mais abrandou de crescer, apesar de uma vida sentimental e amorosa assente num fio muito fino de confiança e certeza e um apoio familiar sofrível mas sempre a merecer justificações e desculpas.

É, aliás, a correspondência trocada ao longo dos anos com os pais, confissões inéditas de um arquivo pela primeira vez revelado e que são narradas pela voz de Chan Marshall aka Cat Power, que serve, neste contexto, como fio condutor dos altos baixos de uma luta inocente com si mesmo entre o mundo do espectáculo e da tão sedutora fama e o encontro do amor verdadeiro, da paz ou da seriedade da amizade. Nesta incongruência e incompatibilidade, Janis poucas ou nenhumas vezes se mostrou confiante e convicta - o sair ou não da banda e assumir uma carreira a solo, por exemplo - mantendo-se até ao fim da vida num limbo complexo que o álcool e a droga foram disfarçando perigosamente mas sem nunca esconder, contudo, que o rock & roll era no feminino um fenómeno imparável e, no seu caso, genuíno. Um excelente documento que, sem ser exuberante, não se acanha na sinceridade e sensatez na abordagem difícil a um dos chamados ícones trágicos do rock e que prova que é possível fazer-lhe uma homenagem leal sem se ouvir uma única vez o "Mercedes Benz" só usado, como isco, no trailer oficial...

THE AVALANCHES, PETIÇÃO PELA NORMALIDADE!


















Tricky, MGMT, Leon Bridges, Jamie XX, Kurt Vile, Karen O, Cornelius, Mick Jones and many more... A lista de nomes é extensa mas estes são alguns dos nomes que colaboram no terceiro álbum editado a semana passada pelos australianos The Avalanches, um projecto perdição aqui da casa já com vinte anos que quase sempre se adequa a ambientes mais quentes e arejados de verão (há até um novo tema que conta com a ajuda de Perry Farrel/Jane's Addiction chamado "On the Sun!") mas que não deixa de proporcionar bons momentos em temperaturas mais amenas. 

Joga-se, como sempre, num corte e cose de samples, instrumentos e convidados ao longo de vinte e cinco canções com pilhagem assumida aos Flaming Lips, Alan Parsons, Carpenters ou até Vashti Bunyan de forma a não dar azo a pausas ou intervalos na curtição e movimento contíguo a mais de setenta minutos de diversão. A inspiração foi agora limitada a um punhado de discos antigos que Robbie Chater, um dos fundadores da banda ao lado de Tony Di Blasi, guardou como herança do pai e onde se incluíam álbuns de folk, o que explica a descoberta de "Just Another Diamond Day", obscuro disco que Bunyan lançou em 1970 e que inspirou o tema "Reflecting Light". Os restantes sete mil vinis que Chater foi juntando ao longo de décadas e que serviram como fonte principal de samplagem nos dois trabalhos anteriores, foram ao que parece oferecidos e divididos em partes iguais entre um loja de caridade e o depósito na Licorice Pie Records, espaço de venda em Melbourne gerido pelo próprio! 

Refrescante e a incitar memórias de noites de dança ou nostalgias de matinés de esplanada e conversa, serve o novo "We Will Always Love You" quase como uma petição sonora e coletiva para um regresso a uma normalidade de que todos temos saudades e urgência...




sábado, 12 de dezembro de 2020

SCOTT MATTHEWS, A SÉTIMA CAMADA!






















Como prometido, embora com atraso justificado, está a partir de hoje disponível para audição completa e aquisição digital o novo álbum do inglês Scott Matthews de nome "New Skin". É o sétimo longa duração de um cantautor resiliente, empenhado e, acima de tudo, talentoso, o que pode ser confirmado em mais esta camada hidratante de uma dezena de canções à flor de nova pele e de composto  minimalista, suave electrónica, guitarras eléctricas e até algumas batidas fortes a dividir, certamente, as opiniões dos aficionados. 

A versão de vinil do disco, em pré-venda desde Junho, continua à disposição através de um simples click, cortesia sempre bem-vinda à manutenção da Shedio Records, casa própria, como muitas outras, a precisar por estes dias de suporte e muita coragem. 

BADLY DRAWN BOY, O PERFEITO DESENHO DA POP!














Temos por Damon Doug aka Badly Drawn Boy uma respeitosa consideração como já, aliás, foi por aqui confessado. Compramos os discos (oito!) quase todos, as edições especiais, os singles, as bandas sonoras de uma carreira de canções pop de requintado bom gosto e fineza, um continuador britânico de um outro injustiçado chamado Ian Broudie e os seus esquecidos The Lightning Seeds. A partir de 2010 perdemos-lhe o rasto e não é de estranhar - as amarguras passaram a ser um quotidiano difícil numa história negra já contada e repetida mas que, felizmente, se aclarou com a chegada do cinquenta anos e de alguma paz. 

Serve este introito para que se faça notar e antes que o ano acabe sem o merecido elogio, que o artista lançou um álbum novo que é uma mimosa de temas em catadupa, um desenho de composição adulta mas quase adolescente na sua relação perfeita letra/melodia a que é impossível resistir - "Banana Skin Shoes" estará certamente na nossa lista de coisas boas destes malditos tempos e difícil é mesmo escolher. Fica aqui um quarteto de peso! 




 

UAUU #563

sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

LOU DOILLON, OLHA PARA MIM!























Para Lou Doillon não há como prometer e cumprir. Depois de acabada a digressão australiana, entrou em Fevereiro no estúdio Pigalle de Paris determinada em gravar novas canções, um compromisso assumido junto de fãs e seguidores a quem não dispensa um proximidade insistente mesmo que virtual. O resultado tem edição em vinil este mês através do EP "Look At Me Now", três inéditos auto-produzidos rodeada pela banda que a acompanhou nos Antípodas e a que somou dois videos de concepção e edição muito própria. Uma verdadeira self made woman que aprendemos a admirar...



CAETANO VELOSO, DUAS SUGESTÕES!






















O documento visual "Narciso em Férias" referente aos tempos de prisão de Caetano Veloso em 1968 já por aqui recomendado tem projecção agendada para hoje (20h45) no Cinema Trindade da baixa, repetindo a sessão na próxima segunda-feira pela mesma hora. Estreado no Festival de Veneza em Setembro passado, o episódio justificou também uma edição em livro do capítulo precisamente dedicado a este assunto incluído em "Verdade Tropical" lançado em 1997 e onde se narram na primeira pessoa as cativações, perseguições e repressões vividas pelo próprio durante a ditadura militar. 

Mais festivo será, com certeza, o concerto online de acesso gratuito chamado "Vai Ter Natal" previsto para dia 19 de Dezembro, Sábado, pelas 19h00 (16h00 em Portugal) e para qual foram feitos pedidos de canções, muitas, através do canal oficial. O da aqui da casa está ali em baixo. Vamos ver se não temos galo... 


quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

NOVO AMOR POR NOVO AMOR?

Mantemos uma dúvida acentuada pelo projecto Novo Amor do galês Ali John Meredith-Lacey. Para além do óbvio "onde é que já ouvimos isto" com inclinação magnética a apontar o Wisconsin americano de um tal Vermon, vamos esperar pela audição atenta mas descomprometida do segundo álbum agora editado titulado de "Cannot Be, Whatsoever" para eventualmente nos declararmos. Há até um documentário que se reproduz abaixo para facilitar, quem sabe, a resolver o problema. O nome em bom português ajuda a estar atento, ao que parece uma opção de 2012 consequente com um desgosto amoroso e a sua troca pela música (!), e que teve já passagem, morna, ao vivo em Maio de 2019 pela capital. Também ajuda esta chuvinha contínua que embacia vidros, aconchega folias e acelera melancolias. Novo amor? Humm...



3X20 DEZEMBRO








quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

FAZ HOJE (32) ANOS #49























THE JESUS AND MARY CHAIN, Pavilhão Infante Sagres, Porto, 9 de Dezembro de 1988
 
. Jornal de Notícias, por João Quaresma, 14 de Dezembro de 1988, p. ?

KAREN DALTON, O FILME (IM)POSSÍVEL!






















A carreira artística de Karen Dalton (1937-1993) esfumou-se num sopro. Dois álbuns registados em tempos proeminentes da cena folk de Greenwich Village, Nova Iorque, dos anos 60 valerem-lhe o reconhecimento de Dylan, Fred Neal e tantos outros enfeitiçados pela sua voz adornada, principalmente, a temas tocados com um banjo de Billie Holiday, tradicionais americanos, obscuras canções country ou originais de amigos como Tim Hardin ou o violinista Peter Stempfel. Mas o sucesso era difícil e custoso e Dalton retirou-se misteriosamente para uma vida longe dos palcos, aversa a promoções, entrevistas e holofotes, sendo dados como perdidos ou destruídos os habituais vestígios agarrados a fotografias, filmes ou outros registos implícitos a um retrato verdadeiro da sua curta aparição. Mas há quem não desista... 

Depois de uma primeira tentativa um pouco obscura chamada "A Bright Light - Karen and the Process" de 2018 que mantêm uma oferta paga para visualização online, estreou em Novembro passado o que parece ser uma outra abordagem mais consistente e, diríamos, oficial - "In My Own Time - A Portrait of Karen Dalton" de Robert Yapkowitz e Richard Peete têm produção executiva de Wim Wenders e passou à distância, pela primeira, vez no Doc Festival de Nova Iorque em Novembro passado ao longo de uma semana, causando boas vibrações. Na sua construção narrativa usaram-se, então, entrevistas com quem conviveu de perto, familiares e artistas coevos mas também fãs mais modernos como Nick Cave, atraído desde sempre por "Something on Your Mind", um original de Dino Valente que Dalton não dispensava e que teve versão recente de Shannon Lay ou testemunho rendido de Courtney Barnett

Para compor música original para o mesmo documentário foi convidada Julia Holter, uma das muitas e muitos admiradores contemporâneos como Devendra Banhart ou Joanna Newson, e que se alarga ainda à participação de Angel Olsen que dá voz a algumas passagens do diário de Dalton seleccionadas para enquadrar o seu percurso como música mas também como escritora, mãe, amante ou amiga. Recorde-se que Holter fez parte de um restrito grupo no feminino que deu a sua contribuição para o disco "Remembering Mountains: Unheard Songs by Karen Dalton" saído em 2015 pela Tompkins Square, uma boa surpresa que fazia emergir um punhado de letras para canções originais até aí desconhecidas mas a que Dalton nunca conseguiu juntar composições próprias e que, assim, ganharam vida na opções de Sharon Van Etten, Laurel Halo, Marissa Nadler, Lucinda Williams ou Isobel Campbell.


terça-feira, 8 de dezembro de 2020

MOUNTAIN MAN, MONTES DE VERSÕES!



O maravilhoso trio Mountain Man da Carolina do Norte americana lançou este ano um bonito álbum ao vivo gravado na catedral de Seattle em 2018, uma longa soirée de vinte sete temas onde se inclui a versão de "Hot Knife" de Fiona Apple, tema que há longo tempo incluiram no seu repertório ao vivo. As versões são, aliás, um hábito salutar indispensável e desafiador que ganhou quase forma de um calendário periódico e de que são exemplo a cover dos Wilco integrante da colectânea "Wilco Covered" da revista Mojo, a de John Denver já por aqui recomendada ou o clássico "White Christmas" de Irving Berlin

Nos últimos meses apareceram mais umas poucas - "Greensleeves", um clássico folk inglês que remete para o século XVI, "Throught My Sails" de Neil Young, "Simple Gifts", espiritual Shaker com mais de cem anos ou "Slow Burn" de Kacey Musgraves. O trio tem-se apresentado em concerto a partir de um jardim caseiro ou em plena floresta através de uma plataforma streaming que podem assinar aqui mas da transmissão mais recente foi já eleito para circulação gratuita um dos temas... precisamente a versão de "Take Me Home, Country Road" de Denver!





(RE)VISTO #82






















WHEN YOU'RE STRANGE - UM FILME SOBRE THE DOORS
 
de Tom DiCillo. E.U.A., Rhino Entertainment, 2009 
TVCine Edition, Portugal, 2 de Dezembro de 2020 
O tempo passa e passa... A nossa recomendação deste filme tem mais de dez anos mas certo é que nunca tivemos uma oportunidade de o ver em pequeno ou grande ecrã apesar da sua passagem pelo festival IndieLisboa logo no ano seguinte (2010) e a chegada ao TvCine a partir em 2012. Reposto no mesmo canal na programação dita musical, só agora e com calma aguçamos a curiosidade para as novidades que na altura se anunciavam - a narração pelo fã Johnny Depp, o grosso de imagens inéditas, a revelação e a confirmação de factos desconhecidos ou a ousada intensidade da abordagem... 

Não somos especialistas, nem queremos ser, dos The Doors, desconhecemos até a maioria dos discos nos seus pormenores e vicissitudes e sempre nos causou alguma intriga a aura mítica redondante e quase meteórica de seis anos (1965-1971) de actividade artística. Fazer um documentário sobre a banda é sinónimo de biografia de Jim Morrison e, a esse nível, as escolhas não deixam dúvidas - para o bem e para o mal, é ele o centro, o estranho, nervoso do verosímil argumento desde o início até ao trágico fim e que uma exagerada e desafiante postura de confronto e incompreensão fizeram história e estragos numa sociedade americana em período atribulado de agitação social e política. A quantidade de imagens com polícias em cima de um qualquer palco, ora abordando ou agarrando o vocalista provocador, ora empurrando os espectadores mais afoitos, não causa qualquer estranheza porquanto o dito grau de indecência e liberdade de expressão da época sabia-se incompreensível. A este nível as sequências que o documento aporta acabam por não surpreender, o tal mais do mesmo decepcionante que seria expectável e que nem a narração de Depp faz aquecer, vindas, sabemos agora, de fontes posteriormente editadas em 2014 ("Feast of Friends", documento único produzido sobre e pelos Doors logo em 1968) e em 2018 ("The Doors: Live At the Isle of Wight 1970", o último concerto). 

Verdadeira revelação didáctica é mesmo o surpreendente conjunto de sequências dos The Doors em pleno estúdio e aqui, sim, o filme é mesmo sobre eles e sua conexão complementar, sobre a estranheza dos processo de gravação, das técnicas instrumentais, das soluções e recursos aplicados para suprir músicos ou sons (o de um baixo, por exemplo) e da paciência, muita, e coragem do trio restante perante a decadência, diríamos, necessária de um Morrison volúvel mas fulcral na sua poesia e idiossincrasia de quem não lia uma nota de música. Ela, contudo, convivia com ele de uma única forma - na vertigem constante de um precipício perigoso para onde foi resvalando, sem cair, até aos vinte sete anos e a que os freios da consciência lá foram conseguindo responder a tempo... até falharem. Quando a música acabar apaguem a luz, yeah

segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

BLACK PUMAS DE SECRETÁRIA (CASA)!

KELLY FINNIGAN, FUNKAMENTE OH OH OH!

O sinal foi dado há cerca de um ano numa apetitosa rodela de vinil verde - "Heartbreak For Christmas" e "Merry Christmas To You" de Kelly Finnigan aqueciam o Natal e enquadravam da melhor forma um concerto imperdível que aconteceu em Fevereiro em Espinho. Pois bem, essa dupla de temas estende-se agora a um álbum inteiro de onze canções reunidas no álbum "A Joyful Sound" onde se juntaram, mesmo à distância, uma parada de estrelas e músicos provenientes de projectos como Durand Jones & The Indications, The Dap-Kings, Monophonics ou a Ghost Funk Orchestra e muitos outros em jeito de família moderna da Soul

Inspirado por discos como "A Christmas Gift For You" de Phil Spector lançado em 1963 ou "Peace" de Rotary Connection de 1968, ora aqui está uma boa meia hora de diversão e alegria funkamente que, coincidência, têm também uma edição em vinil verde... oh oh oh!   
  

sábado, 5 de dezembro de 2020

UAUU #562

GRANDADDY, VINTE ANOS AO PIANO!






















Como anunciado em Agosto, a evocação dos vinte anos do disco "The Sophtware Slump" dos Grandaddy teria foguetório a condizer. Entre o menu de reedições (quatro rodelas) destacava-se um apetitoso e inédito disco a sair por estes dias que registaria Jason Little a interpretar o repertório de onze canções sentado ao piano, fazendo certamente brilhar as suas próprias composições.

A inspiração remete para Junho de 1999 quando o quinteto se reunia para ensaiar o proto-álbum em Modesto (California) na pequena casa de Little e lhe foi lançado o desafio de se sentar ao piano de madeira instalado na cozinha para cantar os temas que então começavam a ganhar forma. O disco original, o segundo da banda, acabaria por se tornar num clássico da pop moderna e uma verdadeira inspiração para gerações futuras, resultando a reedição numa homenagem à memória de Kevin Garcia, baixista falecido em 2017 e que participou activamente na sua gravação. 

Certo é que este "The Sophtware Slump... on a wooden piano", fixado em pleno período de pandemia em ambiente caseiro (o mesmo?) e já com direito a edição autónoma em triplo vinil, é um monumental low-key de mestria acentuada que temos confirmado em sucessivas audições. Viciante!



MAZARIN TRANSLÚCIDOS!






















Já por aqui emitimos um facho de luz recomendando a estreia em auto-edição dos Mazarin, uma disponibilidade gratuita que ainda se mantêm. Ficamos à espera, na altura, de um vinil que fizesse jus à qualidade dos instrumentais sedutores que o quarteto, com sede em Beja e ramificações em Lisboa, praticava mas compreendemos a dificuldade logística da sua concretização... 

Pois bem, há agora um single novo chamado "Interlúdio" que marca a estreia na editora nortenha Monster Jinx e que contempla a prensagem de um 12" translúcido prontinho a ser peça de colecção sofisticada (foram feitos 100 exemplares). Nele, podem ouvir-se bem alto os temas "Vasenol" e "Batata Palha", ambos gravados durante uma residência artística na ETIC-Escola de Tecnologias, Inovação e Criação da capital e com artwork a cargo de Diogo Matos. Vão ser grandes!