Ao seu lado, Erik Jansson, o cúmplice de anos responsável pelos toques de Rhodes, samples e teclados, que se alinharam sem falhas à sua voz de inconfundível timbre para uma melancolia electrónica de canções de (des)amor e negritude. Para trás ficaram os tempos de trip-hop e algum electroclash, assumindo-se um alinhamento de best of refinado que ao segundo tema arrumou, e bem, o obrigatório "So Tell the Girls That I Am Back in Town" para ir desfiando, calmamente, um reportório já longo que não dispensou a estreia de, pelo menos, dois temas - "The Stars Align" e "Seine" - de um novo álbum chamado "FETISH" que sai a 9 de Junho.
À sempre bem-vinda proximidade que o recinto da Rua do Duque de Loulé proporciona, juntaram-se, no entanto, diversos constrangimentos antigos: uma incómoda reverberação sonora sempre que os samples subiam de tom, uma diminuta altura do palco que resulta numa visibilidade sofrível para quem não ocupa espaços fronteiros e um calor inconcebível para uma sala remodelada que, rapidamente e sem ventilação ou ar condicionado, se transforma numa fornalha. Johanson, amável, apercebendo-se da elevada temperatura, ainda distribuiu por duas vezes uma vintena de garrafas de água que foi buscar atrás do palco, mas talvez umas simples ventoinhas chinesas pudessem causar melhor efeito...
Para o encore foram escolhidas, a dedo, três peças impressivas: "Whispering Words" em formato a cappela e de colaboração sibilante com o público, a antiguidade (1999!) "Believe in Us" de patina eterna e adorado balanço e o incontornável e ainda mais velhinho (1996!) "I'm Older Now", um género de hino geracional reciclável que mereceu ronda de cumprimentos personalizados pelos grupos da frente mas a que se seguiu, já de luzes acesas, um surpreendente convívio e festarola entre o público para selfies, autógrafos e abraços ao som do "My Way" dos The Sex Pistols/Sinatra e do "Bobby Brown" de Frank Zappa. Um verdadeiro reencontro de amigos que não tardará, como prometido, a repetir-se com natural êxito!
Na primeira parte e ainda para uma plateia reduzida e mais interessada num gin-tónico fresquinho, esteve o açoriano com costela coimbrã Filipe Furtado. Acompanhado por um saxofonista e um baterista, o trio alcançou rapidamente boa impressão pela baloiçante onde bossa nova esticada em nuances jazz e a que a voz de acentuado sotaque proporciona algum exotismo. O projecto tem no disco de estreia "Prelúdio", gravado para a editora Marca Pistola em 2022, um bom cartão de visita que se alarga a cada audição e que, ao vivo, se confirmou de validade e vibração certificada. (eu fui à terra do) Bravo!
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