terça-feira, 29 de dezembro de 2009

TIGRALA + THE WEATHERMAN + OS TORNADOS, Alta Baixa/1 Noite 3 Casas, Porto, 26 de Dezembro 2009


Coube ao trio lisboeta Tigrala dar o tiro de partida de mais uma edição da Alta Baixa. As enormes expectativas lançadas aquando do Festival Curtas de Vila do Conde em Julho passado, fizeram com que o auditório do Passos Manuel se enchesse de curiosidade. Ao fim de quarenta minutos não devia haver ninguém com dúvidas: os Tigrala são mais um caso sério da música feita em Portugal. Norberto Lobo na tambura indiana, Guilherme Canhão na guitarra acústica e Ian Carlo numa mirabolante percussão, fazem melodias sem espaço e sem tempo, trilhas exploratórias que viajam por desertos ou montanhas, pela cidade ou pelo campo, de bicicleta ou num avião. Podemos imaginar qualquer guião ou percurso, qualquer companhia ou estado de espírito, que haverá sempre, no som dos Tigrala, uma banda sonora para preencher todos eles. Uma música do mundo que é de difícil definição e da qual temos uma só certeza: gostamos muito.


Sem tempo a perder, atravessamos a rua e subimos ao palco dos Maus Hábitos para a apresentação dos Weatherman. Em versão completa, isto é, com uma banda de cinco elementos, tudo soou mais cheio, mais preenchido, mas com um eterno problema: a voz de Alexandre Monteiro ainda não encontrou o acerto dos discos. As canções e os arranjos estão bem esgalhados, o trompete encaixa na perfeição, mas há ali algumas arestas para tornear e melhorar. Em destaque esteve o último “Jamboree Park At The Milky Way” de que não falharam os singles “Chloe’s Hair” e “Summer Dream”, mas houve ainda tempo para colheitas mais antigas como “If You Ony Have One Wish”. Um concerto, como diria o homem do boletim meterológico, sem alterações significativas. Mais abaixo, descendo a rua, previam-se, contudo, alguns tornados…


À semelhança da Cavern de Liverpool, a cave do Pitch parecia um cenário de dia de baile à moda antiga. Os Tornados, como alguém já disse, são “a melhor banda dos anos 60 a tocar em 2009” e esse é um imaginário que o grupo consegue alcançar na perfeição. Desde os fatos a rigor, ao brilho dos intrumentos, passando pela coreografia à Shadows, aos Tornados não falta nada. Há um “engenhocas/percursionista” com óculos, um baterista de bigodinho, um “gordinho” nos teclados e, acima de tudo, uma atitude despreocupada, mas profissional, de quem nada tem a esconder. Tecnicamente denotam um rigor assinalável e os originais incluídos no disco de estreia “Twist do Contrabando” são canções, todas elas, de uma simplicidade e romantsimo rock & roll que hoje, mais que nunca, fazem sentido. Destaque ainda para as incontornáveis versões de “Coimbra” e de “Taras e Manias” de Marco Paulo a que se juntou, em época de prendas, um fenomenal “Silent Night” de Natal. Uma verdadeira noite de baile, oh Ié... Ié!

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