sábado, 11 de maio de 2019

TRACY BONHAM + RACHAEL YAMAGATA, Drogaria Bar, Porto, 9 de Maio de 2019
















A estratégia de promoção de um festival galego de feições atraentes e a que se deve estar atento (Jonathan Wilson a tocar numa esplanada!) trouxe até ao Porto uma dose dupla de artistas no feminino de elevada estirpe. A oportunidade improvável de ver Tracy Bonham e Rachael Yamagata a tocar num cosy bar da baixa não acontece todos os dias e, apesar do horário incomum, o espaço estava cheio e de frequência internacional, melhor, intercontinental! A mudança de recinto à custa da chuva insistente não espantou americanos, asiáticos ou sul americanos que cedo ocuparam os poucos bancos fronteiros entre goladas em copos de vinho ou cerveja para reparar o calor do recanto e na expectativa quanto a tamanha dádiva.

Começou Tracy Bonham que, desde logo, impôs boa-disposição em canções de voz segura, clássica até, e onde não faltou o hit "Mother, Mother" em versão a cappella e coro colectivo. Na estreia nacional tardia mas bem-vinda, ressaltou o domínio do violino - o pizzicato é sempre maravilhoso - e do piano e ficou-nos na retina auditiva temas de excelência como "Reciprocal Feelings" a encerrar (aquela destreza e classe com que ultrapassou a falha de memória quanto à letra só está ao alcance de alguns), mas, acima de tudo, uma canção que não precisamos o título (Where's My Village?) de acutilância activa quanto aos tempos estranhos em que vivemos... Bastava este pedacinho para dar a noite como ganha! 



Salas, teatros ou auditórios continuamente esgotados pela Ásia e Europa (na próxima semana há duas datas lotadas em Londres!) são uma realidade a que Rachael Yamagata se acostumou nos últimos anos ao lado de uma banda de músicos tarimbados sem, contudo, qualquer paralelo por cá. Notou-se, mesmo assim, a presença de alguns fãs nacionais mas, principalmente, a vibração e intensidade da maioria estrangeira em imediatas ovações estridentes e no soletrar incessante das letras, de todas as letras das canções! Animada, Yamagata respondeu com um alinhamento diverso e já profícuo retirado dos variados discos e no qual o teor de balada amorosa foi o mais audível e que a fez vingar como fenómeno internacional. Gostamos mais da versão que a aproxima de Regina Spektor ou Ray Lamontagne o que não pode embaciar a sua faculdade e condão em aproximar e encolher corações um pouco por todo o lado nem que seja no fundo de um bar simpático.

Vai, pois, haver sempre um dia ou um momento em que vamos continuar a lembrar uma lenda fidedigna que confirma que Yamagata e Bonham tocaram pela velhinha Rua Santo Ildefonso... 
      

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