A longa digressão europeia de Julia Holter teve em Guimarães um ponto de partida sereno e sem grandes surpresas. Sete anos passados desde a estreia no pequeno auditório ali ao lado e um pouco mais de um mês sobre a perfomance no Westway Lab, repetiu-se a parceria dessa última noite ao lado de Tashi Wada e Corey Fogel mas a que se juntou uma trompetista, uma violinista e um contrabaixista acústico. A tão ecléctico ensemble cabia uma tarefa difícil - reproduzir a maior parte de "Aviary", disco de notabilidade artística facilmente audível e perceptível mas onde paira um certo risco na composição e nos consequentes arranjos instrumentais.
Ao vivo, ali na fila da frente, tamanho feito sonoro cedo se percebeu estar ainda longe de um resultado pleno, talvez devido à excessiva dimensão da sala que não teve um "aquecimento" ambiental que se impunha, talvez devido ao emaranhado e rigor técnico das partituras ou talvez, o que é o mais certo, porque não ouvimos o disco com a atenção que se exigia... Mesmo em temas mais orelhudos como "I Shall Love 2" ou "Words I Heard"" as "pontas conceptuais" soaram demasiado soltas ou desligadas e que só mesmo em temas mais antigos se acabaram por juntar condignamente.
Três deles valerem, desde logo, o preço do bilhete - a imensidão de "Silhoutte" e "Feel You" e, pára tudo, a versão lynchiana de "Hello Stranger", original de Barbara Lewis de 1963 que Holter transformou em tremura reluzente elevada a pérola sonhadora e que, experimentada pela primeira vez a três dimensões, continua, como convêm, sem descrição possível e a merecer, notou-se, o aplauso mais forte de um serão ameno.
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