A amizade tem na música, nas canções, nos estúdios e nos discos uma contínua forma de vida e de entreajuda que multiplicou, desde sempre, contactos, parcerias, colaborações com mais músicos transformados, em muitos casos, noutros amigos. Esse espírito de partilha, que Moreno há muito praticou com Kassim ou Lancelotti no projecto +2 de boa memória, é caminho andado e experimentado para apostar numa digressão iniciada no Brasil em 2019 e que agora chegou a Portugal e a outros países europeus.
Uma guitarra eléctrica e uma guitarra acústica foram os instrumentos principais que suportaram a maioria das canções. Ao centro, uma bicicleta ocupou o palco como símbolo do gosto de Moreno por este meio de transporte mas acabou por não ser utilizada (bem que era tentador). O desfile dos temas mereceu sempre contexto e explicação quanto aos tais amigos que pediram ajuda ou que ajudaram, tudo de forma informal, sincera e até humorística quanto a figurões como Marcos Valle, Domenico Lancelotti, Preta Gil, Jorge Mautner ou Adriana Calcanhotto mas também em homenagem aos pais cantores para o que contaram com a voz de Mãeana, esposa de Bem e também ela compositora, em "Sete Mil Vezes" e "Queremos Saber".
Tudo junto, tudo misturado, o serão foi assim um mergulho bem-disposto e descontraído no caldeirão de ritmos em que a música brasileira fervilha, do samba à MPB, da marchinha à bossa-nova, variedade que estará, certamente, patente nos discos que ambos lançarão em breve de forma separada mas conivente. Notou-se, contudo, que o acerto de voz de Bem está ainda por calibrar mas que o de Moreno, muito mais experiente e timbrado, assentou perfeito em canções como "Um Passo à Frente" ou "Deusa do Amor", pérolas cantadas em coro e já em festa que aquele prato e faca usados à maneira, isto é, de forma gingona como só os baianos sabem fazer, multiplicou no balanço. Provado ficou, pois, que a música do Brasil será sempre um mundo maravilhoso e... bem moreno!
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