Muita saúde, alegria e, já agora, boa música!
(hoje há pôr-do-sol para as selfies...)
segunda-feira, 31 de dezembro de 2018
sábado, 29 de dezembro de 2018
LEAH SENIOR, JOVIALIDADE ADULTA!
A última década tem sido pródiga em excelentes surpresas vindas da Austrália, uma fonte imparável de boa música e grandes canções que se tornou quase um costume antigo. A menina Leah Senior é mais um destes casos com sede em Melbourne que não disfarça ao que vem e o que a inquieta - o folk tradicional e intemporal de guitarra em punho sem geração ou categoria e de que o disco "Pretty Faces" de 2017 é um exemplo perfeito que só agora descobrimos. A peça, produzida Joey Walker do colectivo amigo King Gizzard e com os quais Senior têm amiúde colaborado - é dela a voz endeusada que percorre o álbum "Murder of Universe" dos Gizzard editado no mesmo ano e com participação activa em videos e parcerias soalheiras e descontraídas - é um cintilante cartão de visita a que se junta já o novo tema "Graves", um bom pronúncio e mais musculado de um outro disco na forja. Há digressão atarefada pela Europa já no próximo mês com paragem em Vigo no dia 18 de Janeiro e seria de bom tom que alguém pudesse fazer rolar a pérola até à Invicta...
sexta-feira, 28 de dezembro de 2018
DAVID KEENAN, A IRLANDA EM CANÇÕES!
Ao jovem David Keenan nada falta para se afirmar sem embaraços. A tradição irlandesa notada no acento da língua transparece na voz e nas letras das canções que se junta à descontracção com que enfrenta a carreira, os palcos e as audiências para as quais costuma cantar apaixonadamente. Em 2017 para a edição do seu primeiro single "Cobwebs" fundou a Barrack Street Records, nome inspirado no local onde a sua mãe cresceu em Dublin e onde lançou o EP "Evidence of Living" no início do mês. Tamanha audácia e até atrevimento poderão ser confirmados ao vivo já no próximo dia 26 de Janeiro em Chaves e no dia seguinte em Ílhavo.
quinta-feira, 27 de dezembro de 2018
CHANTAL ACDA, MÊS TRÊS CONCERTOS!
Anuncia-se, finalmente, a vinda de Chantal Acda ao nosso país para três concertos em Março. Porto, Lisboa e Portalegre são cidades iluminadas. Já há por aí muita gente a suspirar...
BILL CALLAHAN, ESTRANHA EXPERIÊNCIA!
Só agora reparamos que a prestação de Bill Callahan na Third Man Records de Jack White em Novembro de 2017 por Nashville teve já saída oficial em disco, um privilégio directamente registado para vinil que muito recentemente elegeu Father John Misty. Fomos ouvir. Nos seis temas escolhidos de entre os últimos três álbuns assenta uma conveniente aura de nostalgia e saudade mas que, infelizmente, não são lá muito boas. Seja pela posição da voz, das soluções dos arranjos ou do desconforto da guitarra de Matt Kinsey, não era desta "sujidade" que precisávamos e ansiávamos embora a experiência auditiva não seja completamente desprezível. Tentem lá ouvir este estranho "Jim Caim" até ao fim...
quarta-feira, 26 de dezembro de 2018
DAVID ALLRED, EM TRANSIÇÃO POR COIMBRA!
O disco "Find the Ways" lançado em 2017 por Peter Broderick e David Allred acarretou, aqui pela casa, mais uma grande descoberta. Allred há muito que paira na entourage dos irmãos Broderick e de muitos outras artistas em digressões conjuntas, colaborações multi-instrumentais de estúdio e um gosto inapelável por sonoridades de beleza pungente e surpreendente. No mesmo ano, tinha já lançado o álbum "In A Town You Wouldn't Know", dez peças acústicas registadas em auto-suficiência por Portland mas desafios maiores aproximavam-se rapidamente e sem tempo a perder. O álbum ao lado Broderick e uma outra colaboração no tema "Ahoy" incluída na caixa "1+1=10" que comemora os dez anos da sagrada Erased Tapes, levou a editora alemã a fazer o convite irrecusável - gravar um disco a solo que teve publicação em Novembro último com o título de "The Transition". São mais dez maravilhas inspiradas numa experiência temporária por um lar de idosos escrita e registada num único mês e onde, para além das semelhanças da voz com a do amigo Peter que logicamente o produziu, se notam as confluências de sonoridades e melodias maturadas em persistência, isolamento e muita, muita classe. Tamanho cardápio tem apresentação agendada para dia 26 de Janeiro no CAV de Coimbra e a oportunidade é, claro, uma dádiva imperdível.
terça-feira, 25 de dezembro de 2018
PETER BRODERICK E OS AMIGOS DE RUSSELL!
O sinal tinha já sido dado aquando do excelente concerto de Peter Broderick em Espinho onde avançou ao vivo com duas versões de Arthur Russell ("Losing My Taste For the Nightlife" e "Eli"), uma veneração antiga mas que, sem o sabermos, estava em germinação avançada desde 2017. Ao convite de Rasmus Stolberg dos Efterklang para tocar num novo festival dinamarquês no Verão desse ano juntou-se um desafio - só interpretar originais de Russell com a ajuda de uma banda de amigos nórdicos, o que se confirmou um êxito traduzido em inúmeros convites para outros eventos. Mas as boas notícias correm depressa e chegaram até Tom Lee, parceiro de Russell nos últimos anos de vida, que o convidou a analisar, explorar e restaurar uma série de velhas fitas com originais na sua posse.
Depois de devidamente ouvidos ao logo de muitas horas a decisão estava tomada: registar uma série de dez desses inéditos no estado americano de Maine onde reside parte da família Russell e no qual o próprio Broderick nasceu em 1987. Para um envolvimento adequado, sugeriu-se a participação dos seus sobrinhos Beau e Rachel e a escolha da magnífica tela de Tom Lee para a capa do álbum saído hoje, dia de Natal. A prenda tem colaborações de músicos amigos como Ora Cogan, Daniel O'Sullivan ou Brigid Mae Power que podemos ouvir, desde já, neste "Come To Life" e o álbum pode ser descarregado sem aparentes custos, havendo ainda edições em vinil e k7 disponíveis para aquisição próxima.
segunda-feira, 24 de dezembro de 2018
SINGLES #46
MAHALIA JACKSON - Songs For Christmas
Holanda: CBS - 1.118, 45RPM, 1973
Sempre que percorremos a caixa onde se acumulam centenas de singles de vinil de Natal lá aparece a capa que acima se reproduz e que sempre nos intrigou. Não há nela um único sinal de época, pinheiros, bolinhas ou luzinhas a brilhar mas simplesmente o perfil sério e tenuemente sorridente de Mahalia Jackson, a rainha do gospel e uma das lendas da música americana já com direito a selo postal entre muitas outras honrarias e prémios. Em ambos os lados repousam canções eternas sem grandes ornamentos ou orquestrações - "White Christmas" retirado certamente de "Christmas With Mahalia" álbum de 1968 e "Joy to the World" do primeiro disco referente ao Natal chamado "Silent Night - Songs For Christmas" saído em 1962 - mas onde a voz contralto de tonalidade vincadamente soul cumpre na perfeição o efeito pretendido. Talvez a CBS tenha pretendido homenagear com esta edição a sua figura falecida em 1972, juntando dois dos maiores clássicos num único disco e estampando na capa o seu semblante para todo o sempre, transformando a rodela numa peça de colecção obrigatória e intemporal.
É NATAL E AINDA HÁ MILAGRES!
Pode haver muitas canções de Natal, daquelas em catadupa via rádio ou televisão, mas ao chegar perto da data recomenda-se a audição acautelada dos verdadeiros clássicos de época sem idade que se reinventam, mesmo assim, a cada ano. O estúdio californiano Valentine Recordings sediado em Los Angeles decidiu convidar os seus amigos e compinchas para registar alguns deles em jeito de diversão ao longo de três dias planeados à distância para não haver falhas mas que foram sobressaltados pelos devastadores incêndios que assolaram a região em Novembro. Manteve-se, então, a sessão e juntou-se um novo objectivo solidário para com todos os que perderam os seus bens e as suas casas, sendo a totalidade dos proveitos da venda do disco ou das canções dirigidos à Direct Relief, organização internacional com provas dadas no socorro e auxílio emergente em tantas e tantas calamidades e tragédias e habituada a fazer milagres. Há excelentes covers de Mac Demarco, Weyes Blood ou Alex Cameron entre muitas outras colaborações, numa edição oficial saída no passado Sábado. Toda a ajuda pode ser dada através deste link...
sábado, 22 de dezembro de 2018
NORBERTO LOBO, Passos Manuel, Porto, 21 de Dezembro de 2018
As muitas as vezes que nos encontramos com o Norberto Lobo foram sempre gratificantes. Em festas ao ar livre, com a ajuda dos Tigrala, ao lado do saudoso Naná de Vasconcelos ou em qualquer outra ocasião a expectativa acaba sempre em alta pela incerteza do que vamos ouvir e do que vamos aprender e sorver. Mas é no escuro do Passos Manuel que a experiência da sua música encontra a toca perfeita, um efeito longínquo que tem já mais de uma década e que ontem acabou por se repetir de forma maravilhosa. De propósito, sentámo-nos perto ou até no mesmo lugar de então, o que não esquecemos de fazer também em 2012 durante o único Mexefest portuense, um ritual que se repete em cima do palco onde a única cadeira parece ser a mesma e o jogo mínimo de luz inalterado para que a penumbra permita a concentração e, já agora, o sonho. Mudou a guitarra que agora é eléctrica, mudou o amplificador emprestado pelo amigo Peixe e o Norberto já precisa de óculos como quase todos os que o acompanham desde o início. Mantêm-se aquela timidez em nos agradecer a presença já quase no final e um jeito inigualável de sacar continuamente de uma guitarra momentos de beleza únicos, uma tensão absorvente de efeito viajante que nos harmoniza e acalma como um bálsamo revigorante espalhado na hora certa. Hummm...
sexta-feira, 21 de dezembro de 2018
BOB DYLAN, UMA REIVINDICAÇÃO!
Em dia de manifestações (?), aqui fica uma reivindicação: queremos um concerto de Bob Dylan no Porto, cidade onde já não não actua há vinte anos. Sabemos que em Março passado esteve na capital num espectáculo que dividiu, evidentemente, opiniões mas agora que se anunciam as datas para o próximo ano de uma digressão infindável que começou há três décadas - por isso se chama "Never Ending Tour" e já vai em quase 3000 concertos - chegou a hora D! Assim e atendendo que só em Espanha no final de Abril e início de Maio há oito cidades com direito a recital - Santiago de Compostela é o mais próximo e será num simples multiusos - propomos que, mesmo não havendo ainda um Palácio de Cristal recuperado a tempo, seja Gondomar e o seu multiusos do também nobel Siza a receber o privilégio! Seja para um trago de rum num bar português tal como escreveu e cantou em "Sara", canção delicada e dedicada à sua primeira esposa oficial, um whiskey de marca própria ou para subir as escadas da Lello, o que só fica bem a qualquer "escritor" nobilizado, cá o esperamos de garrafa na mão...
quinta-feira, 20 de dezembro de 2018
3X20 ESPECIAL 2018
20 CANÇÕES X 20 ÁLBUNS X 20 CONCERTOS
+ 10 Low + 10 High 2018
Relatório e contas aprovado com dificuldade!
20 Canções:
1. MGMT - When You Die »»»
2. DAMIEN JURADO - Marvin Kaplan »»»
3. SUFJAN STEVENS - Mistery of Love »»»
4. JACK WHITE - Over and Over and Over »»»
5. KACEY MUSGRAVES - High Horse »»»
6. TRACEY THORN - Dancefloor »»»
7. TY SEGALL - She »»»
8. RHYE - Count To Five »»»
9. PORCHES - Goodbye »»»
10. YOUNG GUN SILVER FOX - Take It Or leave It »»»
11. JOSIENNE CLARKE, BEN WALKER - Chicago »»»
12. GROUNDERS - Perfect »»»
13. M. WARD - Shark »»»
14. PAUL McCARTNEY - I Don't Know »»»
15. UNKNOWN MORTAL ORCHESTRA - Everyone Acts Crazy Nowadays »»»
16. MOLLY BURCH - First Flower »»»
17. SCOTT MATTHEWS - Something Real »»»
18. RUFUS WAINWRIGHT - Sword of Domocles »»»
19. HALEY HEYNDERICKX - Oom Sha La La »»»
20. ARCTIC MONKEYS - Star Treatment »»»
20 Álbuns:
1. DAMIEN JURADO - The Horizon Just Laughed
2. ARCTIC MONKEYS - Tranquility Base Hotel and Casino
3. NILS FRAHM - All Melody
4. EXIT NORTH - Book of Romance and Dust
5. LUCY DACUS - Historian
6. LAURA VEIRS - The Lookout
7. ADRIANNE LENKER - Abysskiss
8. SON LUX - Brighter Wounds
9. JONATHAN WILSON - Rare Birds
10. KAMASI WASHINGTON - Heaven and Earth
11. MARLON WILLIAMS - Make Way For Love
12. BRIGID MAE POWER - The Two Worlds
13. VACATIONS - Changes
14. FIELD MUSIC - Open Here
15. CAT POWER - Wanderer
16. ELVIS COSTELLO & THE IMPOSTERS - Look Now
17. THE INNOCENCE MISSION - Sun On the Square18. GRUFF RHYS - Babelsberg
19. LUMP - Lump
20. KADHJA BONET - Childqueen
20 Concertos:
1. NICK CAVE AND THE BAD SEEDS, Primavera Sound Porto, 9 de Junho »»»
2. NILS FRAHAM, Theatro Circo, Braga, 17 de Novembro »»»
3. DAMIEN JURADO, Theatro Circo, Braga, 24 de Outubro »»»
4. JOAN SHELLEY, Convento Corpus Christi, V. N. Gaia, 28 de Setembro »»»
5. THE COMO MAMAS, Theatro Circo, Braga, 21 de Julho »»»
6. PETER BRODERICK, Auditório de Espinho, 26 de Maio »»»
7. FEIST, Theatro Circo, Braga, 8 de Setembro »»»
8. PUBLIC SERVICE BROADCASTING, Hard Club, Porto, 3 de Dezembro »»»
9. JULIE BYRNE, GNRation, Braga, 16 de Junho »»»
10. MERCURY REV, Teatro Afundación, Vigo, 18 de Setembro »»»
12. KURT VILE & THE VIOLATORS, Hard Club, Porto, 26 de Outubro »»»
12. HOLLY MIRANDA, Hard Club, Porto, 25 de Novembro »»»
13. GOAT (JP), Serralves em Festa, Porto, 3 de Junho »»»
14. THUNDERCAT, Primavera Sound Porto, 8 de Junho »»»
15. ANNA CALVI, Hard Club, Porto, 19 de Outubro »»»
16. CHICO BUARQUE, Coliseu do Porto, 2 de Junho »»»
17. BENJAMIN CLEMENTINE, Centro Cultural de Viana do Castelo, 26 de Março »»»
18. RON GALLO, Hard Club, Porto, 4 de Setembro »»»
19. LISA HANNIGAN, Teatro Cinema de Fafe, 4 de Maio »»»
20. BOOGARINS, Maus Hábitos, Porto, 27 de Março »»»
10 Low:
. o segundo ano consecutivo sem pôr os pés na Casa da Música;
. o quase deixar de comprar jornais;
. a (in)certeza perigosa chamada Bolsonaro;
. o descrédito incompreensível de Serralves;
. o "sai não sai" da espertice britânica;
. a jogar em casa, o último lugar no Festival da Canção;
. deputados, ausências e a falta de vergonha;
. o deslizar "reggaeton" do NOS Primavera Sound;
. os moradores da Baixa, uma "espécie" em extinção acelerada;
. a ciática ou o raio da hérnia discal e que dá uma música...
10 High:
. o final feliz do surreal acidente com os 12 meninos tailandeses;
. a RTP2, o único reduto de decência televisiva;
. a página inteira do André Carrilho no "DN" de Domingo;
. o Hard Club ou os concertos sem concorrência na cidade;
. o tesouro, mais um, chamado "A Man Alone" do Sinatra;
. o cada vez melhor "Poder Soul" do Tenreiro na Antena3;
. a excelente exposição "Musonautas" sobre a música moderna na Invicta;
. o livre do Ronaldo contra a Espanha e um empate vitorioso;
. os 2 minutos mágicos de Sufjan Stevens e Cª na cerimónia dos Óscares;
. o correr menos, mais devagar mas continuar a correr!
quarta-feira, 19 de dezembro de 2018
DUETOS IMPROVÁVEIS #212
BRIGID MAE POWER & PETER BRODERICK
The Two Worlds (Power)
Registado no The Half Door Bed & Breakfest, Galway, Irlanda, 2017
The Two Worlds (Power)
Registado no The Half Door Bed & Breakfest, Galway, Irlanda, 2017
terça-feira, 18 de dezembro de 2018
MARK EITZEL MUITO LÁ DE CASA!
Era a digressão que faltava! Mark Eitzel estará disponível para tocar na sala de estar, no pátio, no jardim ou até no escritório de quem disponibilizar a casa, o apartamento ou outro qualquer local que albergue cinquenta sortudos para o ouvir desfiar, sem amplificações, canções de eleição. A tour está prevista para Março, Abril e Maio por mais de trinta cidades americanas e canadianas e os candidatos só têm que preencher o formulário e esperar, sentados, a confirmação da dádiva e apressar-se a convidar gratuitamente cinco amigos para a festa... controlada. Se a fórmula resultar, chegar à Europa e ao Porto ou arredores, há a certeza que, pelo menos, uma humilde casa junto ao mar e uma loja na baixa reúnem todas as condições de aprovação. Isso é que era! Relembra-se que Eitzel estreou-se no Porto com um concerto acústico de fim de tarde para não mais de vinte almas na loja Jo Jo's de Cedofeita em 23 de Abril de 2003... schhh!
segunda-feira, 17 de dezembro de 2018
WILLIAM TYLER, A OESTE HÁ ALGO DE NOVO!
Sem que nos preocupemos sequer com as explicações, há uma certa transcendência que emana da música do americano William Tyler. Seja dos arranjos, do virtuosismo ou dos ares de Nashville, o aparente e simples abuso de pegar na guitarra eléctrica para nos seduzir com instrumentais fora de moda acaba numa saudável virtude que mestres como Ry Cooder ou até Norberto Lobo insistiram e insistem em praticar para gáudio de sensores auditivos descomplexados. O próximo álbum a sair em Janeiro tem o nome de "Goes West" e resulta da migração ocidental de Tyler para Los Angeles onde a casa Zebulon, ela própria "imigrada" de Brooklyn em 2017, passou a ser o santuário de todas as colaborações e partilhas/residências artísticas. A incubação de um novo trabalho com a participação da talentosa Meg Duffy (Hand Habbits) que se pode, desde já, comprovar no mais recente registo video de um dos originais, recebeu ainda a ajuda de Bill Frisell, do baixista Brad Cook, do baterista Griffin Goldsmith (Dawes) ou do teclista e conterrâneo James Wallace mas onde Tyler se agarrou unicamente a um tipo de guitarra, a acústica, para se "limpar" de distracções laterais, aditivos líquidos ou electricidades dinâmicas. Solicita-se, já agora, uma sensorial aproximação oriental que perdemos há dois anos e que urge experimentar a três dimensões sem mais demoras.
sexta-feira, 14 de dezembro de 2018
(RE)LIDO #81
BORN TO
RUN - Autobiografia
de Bruce
Springsteen. Amadora; Elsinore, 2016
"Escrever sobre nós próprios é complicado... Mas, num projeto como este, o escritor fez uma promessa: revelar a sua mente a quem o lê. Nestas páginas, foi o que tentei fazer."
Para quem como Bruce Springsteen tem uma vida artística já longa e intensa, a promessa com que nos brinda logo a abrir a sua história parece simplesmente um cliché literário. Mas se atendermos a que tal projecto foi meticulosamente documentado durante sete anos entre concertos e digressões, retiros e introspecções, percebemos que na enorme cruzada de altos e baixos o artista escolheu revelar o que quis, melhor, o que o protege e fortalece. Ficaram na penumbra, certamente, um conjunto ilimitado de factos sem que se possa, contudo, apontar falta de coragem ao The Boss, o patrão que tudo controla mas que tudo merece
atendendo à dedicação e perseverança.
O esforço é particularmente saboroso e notório na recordação de uma infância agitada em New Jersey, na relação conturbada com o pai e no advento da música pela rádio, na pulsação da primeira guitarra ou a canção inicial, uma versão de "Twist & Shout" ainda hoje obrigatória no alinhamento final de qualquer concerto para irritação dos mais puristas.
Sem destapar desenfreadamente todas as suas paixões ou receios, a morte, por exemplo, o medo dela, é particularmente tocante nos casos do pai e do brother Clarence Clemmons, ligações demasiado próximas de amizade e amor que o levam a disfarçar o indisfarçável perante tamanhas perdas - o facto de não ter hipótese de controlar e parar o inevitável, o destino.
Aliás, o seu famoso temperamento egocêntrico tem em toda a narrativa um visível e entroncado esquema quanto à entrada ou saída de músicos para a E-Street Band ou para o registo dos discos, um controlo natural e que, incondicionalmente, traduz muito do que Springsteen sempre tentou alcançar - um difícil equilíbrio artístico e pessoal, tentando resistir a impulsos para não ferir paixões e amizades essenciais.
Em todos os momentos da leitura percebe-se a força de uma natureza sempre irrequieta que
tem na música, na guitarra e no palco as doses obrigatórias de adrenalina para
continuar a viagem e de que são exemplo as centenas de actuações a solo durante o último ano pela Broadway nova-iorquina, mais uma aventura assinalável e teimosa de quem acredita no que faz.
As seiscentas páginas do
volume podem, assim, assustar os mais receosos mas depois de iniciada a “contenda” é com
pena que vemos o livro chegar ao fim, uma corajosa edição simultânea de uma editora portuguesa do original inglês que vai já em segunda edição, o que nos leva a supor que, mesmo de mercado reduzido, há pelo nosso cantinho um enorme respeito e afeição a um dos maiores nomes da história da música popular nascido simplesmente para vencer.
quinta-feira, 13 de dezembro de 2018
CASS McCOMBS, MARAVILHAS NO MUSEU!
Aproxima-se mais um toque de magia a cargo de Cass McCombs com "Tip Of The Sphere", álbum a sair na Anti-Records em Fevereiro. Das onze novas canções, recomenda-se a audição antecipada de "Sleeping Volcanoes" e "Estrella", esta última uma homenagem ao artista mexicano Juan Gabriel falecido em 2016 mas que afinal pode ainda estar vivo! Depois do disco com os The Skiffle Players, parceiros que o ajudaram na gravação do novo trabalho, o californiano prepara-se para uma intensa digressão pelos E.U.A. logo em Março não sem antes ter passado em Novembro pelo ecléctico festival holandês Le Guess Who?, um evento que este ano teve curadoria parcial de Devendra Banhart e um alinhamento estrondoso.
Nessa oportunidade e tal como aconteceu com os Wilco em 2016, a malta da La Blogothèque aproveitou a oportunidade e levou MccCombs e companhia para dentro de um museu, o Museu Nacional Ferroviário de Utrech, para registar precisamente as duas novas canções já conhecidas em ambiente adequado e acolhedor. Maravilhas!
Nessa oportunidade e tal como aconteceu com os Wilco em 2016, a malta da La Blogothèque aproveitou a oportunidade e levou MccCombs e companhia para dentro de um museu, o Museu Nacional Ferroviário de Utrech, para registar precisamente as duas novas canções já conhecidas em ambiente adequado e acolhedor. Maravilhas!
quarta-feira, 12 de dezembro de 2018
LAMBCHOP, DE SE TIRAR O CHAPÉU!
Após o magnífico "Flotus" de 2016 que mereceu visita a preceito, os Lambchop anunciam o regresso para Março com um novo trabalho que segue os traços desarmantes e discordantes que esse disco evidenciava. Chama-se "This (is what I wanted to tell you)" e tem na sua génese uma parceria criativa de Kurt Wagner com Matt McCaughan, habitual colaborador de Bon Iver que deu corpo sintetizado às frágeis demos que Wagner lhe ia enviando. Dos oito temas originais, só o último "Flower" não tem a palavra "You" no título de que é exemplo o primeiro avanço agora disponível, um distorcido falseto que assenta na perfeição, pela sua onda, no corrente mês natalício e que tem no video de Johnny Sanders um cintilante retrato visual. Nota-se ainda que, sem certezas, temos na capa de um álbum dos Lambchop pela primeira vez a figura de Kurt Wagner e, ainda mais raro, sem chapéu! Em Abril a banda chega à Europa para a habitual ronda de concertos.
terça-feira, 11 de dezembro de 2018
DANIEL KNOX, NOVOS CONTOS E CONCERTOS!
A vida de Daniel Knox dava um livro e também um filme mas ele prefere a música para expressar as contrariedades e conquistas de um dia-a-dia que se prolonga até tarde na profissão de projeccionista de cinema em Chicago, no ensino do piano ou no registo video de afazeres ou passeios que utiliza em alguns das imagens com que envolve as canções entretanto gravadas. Quem o viu e ouviu em Coimbra em 2015 não esquece as histórias e episódios que antecipam e se misturam nos temas que um piano vai fazendo o notável favor de prolongar e entranhar com a voz, um dão que surge agora ainda mais brilhante - "Chasescene" é um quarto e enorme disco de contos sonoros com saída no continente americano marcada para Janeiro mas já disponível na Europa em diferentes versões e que tem colaborações de Jarvis Cocker ou Nina Nastasia que encanta em "The Poisoner", tema escrito para o filme do mesmo nome realizado por Chris Hefner em 2014 e onde o próprio Knox faz uma perninha. A parceria é a concretização de um velho sonho de convidar uma das suas autoras favoritas para cantar e marca o regresso da menina de Los Angeles ao fim de oito anos de silêncio e afastamento e que nos habituamos a ver tantas vezes por cá.
Há já concertos próximos para apresentação do disco mas não se conhecem pormenores quanto a bilhetes e horários: assim, a 19 de Janeiro, Sábado, passa supostamente pela Casa da Música para depois voltar em Fevereiro, a 14 em Lisboa e a 16 em Leiria.
segunda-feira, 10 de dezembro de 2018
JESSICA PRATT, À ESPERA DE UM MILAGRE!
Há qualquer coisa de misterioso ou madrugador sempre que Jessica Pratt solta uma nova canção. Passou já algum tempo, demasiado, para que o seguidor de "On Your Own Love Agian", o segundo trabalho de longa duração lançado em 2014, se apresse a chegar de negro vestido e ofuscante. Os dois feixes de claridade que abaixo se apontam continuam a causar, como os de há quatro anos trás, uma tremedeira gostosa o que nos leva a imaginar o que será quando o disco rolar inteiro e sem interrupções... Chama-se simplesmente "Quiet Signs" e marca a transferência da Drag City para a Mexican City (EUA)/City Slang (Europa) com nevoeiro pronto a levantar a partir de dia 8 de Fevereiro de 2019. Há aparições ao vivo recomendadas por experiência própria que estão já seleccionadas, destacando-se um concerto/prenda no dia de Natal (!) em Brighton, Inglaterra! Pratt regressará à Europa a partir de Março, uma digressão que se estende da Escandinávia até França sem sinais, até agora, de uma aproximação mais ocidental perfeitamente justificada... Seria milagroso!
domingo, 9 de dezembro de 2018
FAROL #129
Chegamos aos Mazarin através da faixa "Bossa" que o Joaquim Paulo passou na Antena3. Fomos investigar. A banda tem para oferta um EP onde cabem, para além do delicioso tema referido, mais quatro variantes instrumentais de calibre superior a la Badbadnotgood made in Beja! Ficamos à espera do vinil obrigatório... Siga.
sexta-feira, 7 de dezembro de 2018
IN MEMORIAM... DE DOIS iPODS!
Foram companhia diária imprescindível em bons em maus momentos mas dois dos nossos iPods Clássicos de 160gb ficaram reduzidos a isto, memórias físicas que parecem novas mas que, simplesmente, emperraram! Como as compreendemos atendendo ao contínuo uso e abuso de montanhas de mp3 que hoje são uma velharia em tempos de spotify's e wi-fi's. Insistimos, já que até a casa mãe decidiu descontinuar estes empecilhos. Carregamos novas memórias, das modernas, plenas de vigor e mais pequenas e assim, por muito que nos digam e tornem a dizer que que isso dos iPods é história, não passamos carinhosamente sem eles. As memórias são agora!
quinta-feira, 6 de dezembro de 2018
ELAS E O PRIMAVERA SOUND BCN!
A edição 2019 do Primavera Sound de Barcelona anunciada ontem lançou uma enorme e infindável polémica quanto às escolhas e onde as artistas femininas ganham uma primazia, dizem, desmesurada. Pensar que a edição do Porto de há dois anos fez até um aquecimento de véspera para onde só foram convidadas mulheres, às tantas vai haver uma noite masculina... Apontam-se ainda estratégias de marketing discutíveis, preços exagerados e traições ao espírito original do festival. Vamos esperar pela versão portuense sem, contudo, grandes esperanças.
JESSICA MOSS, GNRation, Braga, 4 de Dezembro de 2018
A apresentação única da canadiana Jessica Moss pelo Minho teve, aparentemente, uma excelente repercussão. O evento estava esgotado há alguns dias mas olhando à ocupação da sala onde saltavam à vista metade das cadeiras vazias, um fenómeno de entroncamento estranho deve ter acontecido para que alguns tenham sido privados, por antecipação, de assistir ao concerto da violinista dos A Silver Mt. Zion... Penoso!
Antes da anunciada estreia de temas do mais recente "Entanglement", Moss preparou o ambiente escolhendo um pedaço de chamada "Jewish Music" para alongar as cordas e quebrar algum do gelo, uma sonoridade que se assumiu como fundamental em "Pools of light", álbum anterior de feições mais tradicionais mas onde a experimentação é, mesmo assim, parte essencial da sua beleza. Seguiram-se, então, três andamentos do disco deste ano com direito a explicações prévias para vincar a sua constante preocupação em criar e gravar música como forma de entrelaçar e misturar emoções, sentimentos e, acima de tudo, sensações. À simplicidade crua do som do violino foram-se então justapondo outros ruídos ora distorcidos ora alongados que culminaram em quase dez minutos de um lamento de vozes sobrepostas de lindíssimo hipnotismo memorial e catártico. Inspira...dor!
Antes da anunciada estreia de temas do mais recente "Entanglement", Moss preparou o ambiente escolhendo um pedaço de chamada "Jewish Music" para alongar as cordas e quebrar algum do gelo, uma sonoridade que se assumiu como fundamental em "Pools of light", álbum anterior de feições mais tradicionais mas onde a experimentação é, mesmo assim, parte essencial da sua beleza. Seguiram-se, então, três andamentos do disco deste ano com direito a explicações prévias para vincar a sua constante preocupação em criar e gravar música como forma de entrelaçar e misturar emoções, sentimentos e, acima de tudo, sensações. À simplicidade crua do som do violino foram-se então justapondo outros ruídos ora distorcidos ora alongados que culminaram em quase dez minutos de um lamento de vozes sobrepostas de lindíssimo hipnotismo memorial e catártico. Inspira...dor!
quarta-feira, 5 de dezembro de 2018
terça-feira, 4 de dezembro de 2018
PUBLIC SERVICE BROADCASTING, Hard Club, Porto, 3 de Dezembro de 2018
São famosos e reputados quase todos os serviços públicos ingleses à custa de uma clientela exigente e habituada a produtos de qualidade extrema. Seria pois um crime de lesa-majestade deixar passar em claro a passagem dos Public Service Broadcasting pela cidade, uma milagrosa dose dupla no corrente ano depois da atribulada e abençoada estreia no Parque da Cidade o que por si só constituiu uma saborosa e invulgar dádiva. A banda do sul de Londres, que emite desde 2009, é (era) um dos segredos mais bem guardados de uma tradição pop britânica que ali a electrónica a uma veia melodiosa que tanto aposta nos samples como no nervosismo de um baixo e até de um banjo para, através da música, homenagear aventuras épicas, viagens trágicas, personagens lendárias, eventos desportivos ou lutas de classes em imagens em permanente projecção durante os concertos, um costume antigo aplicado aos videos originalmente realizados para as canções mas que se tornaram uma imagem de marca de um projecto atraente e de subtil inteligência instrumental.
O último dos concertos da corrente digressão europeia foi, assim, um género de reencontro privado almejado desde Junho passado onde a banda assumiu em toda a sua plenitude as capacidades de agitação e partilha para uma plateia amiga e ávida de confraternização animada. O trio rapidamente se impôs pela notável facilidade de entrosamento e comunicação que privilegiou um alinhamento salpicado nos três álbuns já editados mas sem excluir extras como um enorme "Elfstedentocht Part Two", um dos três fabulosos temas escritos para homenagear em 2013 uma prova de patins de gelo na Holanda... Houve direito a clássicos agitadores como "Korolev", "Spitfire", "Go!" e "Gagarin" que haveria literalmente de aparecer aos saltos já no encore. O eloquente final fez-se ao som de "Everest", um pico obviamente escolhido a dedo para não mais esquecermos esta viagem sonora e visual de extrema competência e a merecer ovação generalizada e radiante.
Um serviço público de excelência!
O último dos concertos da corrente digressão europeia foi, assim, um género de reencontro privado almejado desde Junho passado onde a banda assumiu em toda a sua plenitude as capacidades de agitação e partilha para uma plateia amiga e ávida de confraternização animada. O trio rapidamente se impôs pela notável facilidade de entrosamento e comunicação que privilegiou um alinhamento salpicado nos três álbuns já editados mas sem excluir extras como um enorme "Elfstedentocht Part Two", um dos três fabulosos temas escritos para homenagear em 2013 uma prova de patins de gelo na Holanda... Houve direito a clássicos agitadores como "Korolev", "Spitfire", "Go!" e "Gagarin" que haveria literalmente de aparecer aos saltos já no encore. O eloquente final fez-se ao som de "Everest", um pico obviamente escolhido a dedo para não mais esquecermos esta viagem sonora e visual de extrema competência e a merecer ovação generalizada e radiante.
Um serviço público de excelência!
segunda-feira, 3 de dezembro de 2018
DUETOS IMPROVÁVEIS #211
MARISSA NADLER & SHARON VAN ETTEN
I Can't Listen to Gene Clark Anymore (Nadler)
Imagens de Heather Woods Broderick, 2018
I Can't Listen to Gene Clark Anymore (Nadler)
Imagens de Heather Woods Broderick, 2018
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